A percepção de preço no Brasil é um tema ligado ao cotidiano dos consumidores, influenciando suas escolhas e comportamentos de compra. Em um país marcado por uma diversidade econômica e social significativa, a interpretação do valor de um produto ou serviço vai além de simples análises financeiras. A compreensão das percepções de preços do brasileiro requer ainda uma análise das variáveis culturais e socioeconômicas que moldam a maneira como os consumidores brasileiros enxergam e valorizam os produtos em um contexto de mercado em constante transformação.
Diante desse cenário, a Opinion Box desenvolveu o estudo “Percepções sobre preços”, para entender se os brasileiros consideram que os custos de vida no país estão altos ou baixos. O resultado mostrou que 63% dos consumidores acreditam que o Brasil é um país caro ou muito caro. Além disso, são 61% aqueles que, considerando apenas a cidade onde moram, têm a mesma opinião quanto aos custos mensais.
E no final do mês, como está o bolso do brasileiro?
O estudo quis ainda entender como o bolso do brasileiro fica ao final do mês. E, diante das entrevistas feitas com consumidores das classes sociais A, B, C, D e E, foi observado que apenas 5% das pessoas terminam o mês com muito dinheiro sobrando, e 40% são aqueles que responderam que sobra pouco. Já os entrevistados que chegam ao fim do mês sem dinheiro sobrando são 26%. Ao mesmo tempo, para alguns falta pouco (16%) ou muito dinheiro (13%).
Para as pessoas que terminam o mês com o bolso positivo, existem algumas alternativas para destinar o que sobrou do salário, como investimentos que não sejam poupança (47%), guardar na poupança (26%) ou até mesmo gastar com coisas que são necessárias para a família (19%). Ao mesmo tempo, alguns brasileiros preferem investir neles mesmos (14%), enquanto outros optaram por antecipar as contas do mês seguinte (11%). O estudo mostrou ainda que o hábito de guardar dinheiro em casa, quando sobra uma quantia ao final do mês, permanece entre uma parcela de brasileiros (7%).
Quanto aos que têm terminado o mês no vermelho, a justificativa está no aumento das despesas para a maioria dos entrevistados (49%). Ao mesmo tempo, alguns afirmam ter uma renda mensal menor que o necessário para pagar todas as despesas mensais (27%). Alguns brasileiros tiveram despesas inesperadas (23%), e esse é um dos motivos para não sobrar uma quantia mensalmente, enquanto outros revelam ter perdido o controle e ter feito gastos além do que poderiam (17%). Por último aparecem os consumidores que passaram por redução de renda mensal nos últimos tempos (13%).
As mudanças financeiras
O estudo da Opinion Box quis entender ainda se, nos últimos 12 meses, a realidade financeira dos brasileiros passou por alguma transformação significativa que pudesse moldar o cenário econômico dos consumidores. Entre os apontamentos feitos pelos entrevistados, 13% disseram que conseguiram guardar e ainda têm dinheiro. Esse percentual é o mesmo dos que contaram ter permanecido no mesmo emprego, sem reduções salariais.
Porém, para 10% da população houve um aumento nas dívidas, que ainda não foram quitadas. Outros 7% afirmam ter conseguido guardar dinheiro, que já foi usado. Esse mesmo percentual representa aqueles que acabaram com suas pendências financeiras. Enquanto isso, alguns buscaram no empreendedorismo uma forma de aumentar a renda mensal (7%). Já para outros 6%, além da estabilidade empregatícia, houve ainda um aumento de salário. Ao mesmo tempo, 5% dos brasileiros optaram por um trabalho extra para completar a renda mensal.
O que tem pesado no bolso no brasileiro?
A pesquisa, que coletou as entrevistas em novembro de 2023, quis entender ainda quais as percepções dos brasileiros sobre os preços, de acordo com categorias de produtos e serviços. O que ficou mais caro? E o que está mais barato? Os consumidores avaliaram os custos dos últimos 12 meses, de acordo com suas perspectivas.
Em primeiro lugar, está a compra de mercado. Para 79% dos consumidores, o gasto nessa área aumentou, enquanto 7% consideram estar mais barato. Os remédios ficaram mais caros para 74% dos brasileiros, e com preços menores para 6% deles. Com percentual parecido tanto para mais caro (72%) quanto para mais barato (5%), respectivamente em terceiro e quarto lugar, aparecem os bares e restaurantes, bem como os serviços médicos e dentários.
Foto: Shutterstock.com