Com papel fundamental na disseminação do conhecimento, na promoção da cultura e no entretenimento de diversas sociedades ao redor do mundo, o mercado global de livros está com previsão de alavancar seus resultados depois de ter uma queda após a pandemia de Covid-19. Com a ascensão da tecnologia digital e mudanças nos padrões de consumo, as estatísticas desse setor tornam-se cada vez mais cruciais para compreendermos as dinâmicas e tendências que moldam a indústria editorial em todo mundo.
Segundo estimativas divulgadas pelo Wordsrated, mais de 2,2 bilhões de livros são comercializados anualmente, sendo que Estados Unidos, Reino Unido e China são responsáveis por mais de 72% desse total. Durante o ano de 2023, estima-se que a receita global das vendas de livros comerciais tenha alcançado a marca de US$ 78,07 bilhões, indicando um aumento de 2,53% em comparação ao ano anterior.
O setor editorial enfrentou desafios em 2022, com uma queda de 10,11% nas vendas globais de livros comerciais em relação a 2021, atingindo US$ 76,14 bilhões. Esse resultado representa a receita mais baixa dos últimos cinco anos, inclusive, inferior aos números de 2020, quando a indústria foi impactada pela pandemia. Durante o período pandêmico, as vendas de livros em todo o mundo passaram por uma retração de 7,64%. Assim, arrecadaram um valor menor que US$ 80 bilhões. Foi a primeira vez em pelo menos três anos que o setor alcançou esse patamar.
Em seis anos, as vendas de livros em todo o mundo apresentaram uma média anual de crescimento de -0,96%, caindo de US$ 82,83 bilhões em 2017 para os atuais US$ 78,07 bilhões em 2023.
As projeções para os próximos cinco anos apontam para uma recuperação gradual do mercado, com as vendas globais de livros previstas para atingir a marca de US$ 82,7 bilhões em 2027. Isso representa um crescimento médio anual de 1,48%. Porém, segundo as estimativas, as vendas em 2027 permanecerão abaixo dos níveis de 2017, com uma diferença de US$ 130 milhões. O setor editorial enfrenta o desafio de se adaptar aos novos padrões de consumo e superar as adversidades recentes para retomar o crescimento sustentável.
Quais formatos são os preferidos do leitor?
Apesar de os livros impressos ainda estarem na preferência do leitor, a expectativa do mercado é que haja uma queda. Isso acontecerá porque os e-books têm crescido lentamente, mas deverão mostrar um aumento maior nos próximos anos.
Em 2023, a receita gerada pelos impressos pode ter alcançado US$ 64,35 bilhões, o que representa um aumento de 2,24% em comparação com o ano anterior (US$ 62,9 bilhões), o pior de uma década para os livros impressos. Já quando abordados os últimos seis anos, nota-se uma diminuição anual de 1,67% nos impressos. Apesar da previsão de que em 2027 o faturamento do formato chegue a US$ 67,14 bilhões, o valor ainda é menor que o alcançado em 2017 (US$ 71,50 bilhões).
Ao mesmo tempo, os e-books mostram sua ascensão, com crescimento global anual de 3,52% e faturamento de US$ 13,72 bilhões em 2023. Além disso, em 2027 é esperado que o formato cresça mais rápido que os impressos, e a receita chegue a US$ 15,29 bilhões. Assim, passarão a representar 17,27% das vendas globais de livros.
E no Brasil, como está o cenário de mercado dos livros?
Divulgado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e feito pela Nielsen BookData, o “Panorama do Consumo de Livros” indica que o Brasil tem aproximadamente 25 milhões de consumidores de livros. Dentro desse número, 74% afirmaram que farão novas aquisições nos próximos três meses. Normalmente, 69% desses consumidores compraram entre um e cinco livros nos 12 meses que antecederam a pesquisa, feita em outubro de 2023. Já outros 8% adquiriram 16 ou mais livros em um ano.
O levantamento mostrou ainda que, quanto aos hábitos de compra do público brasileiro, 55% dos consumidores preferem adquirir livros online, atraídos por ofertas e pela conveniência do canal. Por outro lado, 40% ainda optam pela compra presencial, porque valorizam a experiência de manusear o livro antes da aquisição. A capa do livro e as recomendações dos vendedores são fatores importantes para esses consumidores. Datas especiais, como a Black Friday (21%) e a Semana do Consumidor (17%), também foram apontadas como relevantes para os compradores.
Quanto aos formatos, nos últimos 12 meses, 54% dos consumidores compraram exclusivamente livros físicos, enquanto 15% adquiriram apenas livros digitais. Entre os consumidores de livros digitais, o formato e-book é o preferido por 81%, sendo que 50% dos leitores digitais utilizam principalmente o celular para essa leitura. Aqueles que consomem e-books e audiolivros têm uma tendência a comprar com desconto, com 63% relatando ter adquirido um livro digital em promoção.
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