Na sequência da Geração Z – que inclui pessoas nascidas entre 1995 e 2010 –, começa a ganhar mais autonomia aquela que promete ser a maior geração da história da humanidade. A Geração Alfa somará cerca de 2,5 bilhões de pessoas até 2025, sendo a primeira nascida inteiramente no século XXI. Somente no Brasil, os Alfas já representam 17% da população.
Dados do de estudo conduzido pela consultoria WGSN, em parceria com o veículo Meio & Mensagem, apresenta informações valiosas sobre os indivíduos nascidos entre 2010 e 2025 e que começa a alcançar a pré-adolescência. Com o crescimento constante dessa geração – segundo o estudo, nascem cerca de 2,8 milhões de Alfas por semana –, e da expectativa de vida da população global, aumenta-se também o poder aquisitivo desses indivíduos.
O resultado é que a Geração Alfa, que já possui ao todo um poder de compra de US$ 360 milhões ao ano, exigirá cada vez mais das marcas e empresas. O estudo aponta que experiências físicas e digitais deverão ser mais personalizadas para esses consumidores – exigência também vigente para a Geração Z.
Onde está a Geração Alfa?
O estudo, que contou com análises de relatórios prévios da WGSN, além de entrevistas com executivos e consultas a benchmarks e fontes secundárias, aponta alguns dos reflexos do consumo da Geração Alfa hoje. O índice de persuasão de crianças e adolescentes latino-americanas sobre os pais chega a 70% em categorias próximas a elas, como brinquedos, vestuário, entretenimento e alimentação fast food. Já segundo dados do Instituto Locomotiva de 2019, 88% dos pais são influenciados pelos seus filhos durante as compras em supermercados e shopping centers.
O mercado de produtos infantis no Brasil já arrecada, hoje, R$ 16 bilhões – com um crescimento de 14% ao ano. Além disso, censo do IBGE de 2022 aponta que mais da metade das crianças brasileiras entre dez e 13 anos de idade possuem um celular de uso pessoal. Esses jovens já movimentam, em média, R$ 268 por mês.
Por mais que o impacto dos Alfas seja significativo para o mercado brasileiro e global, o estudo aponta que esses consumidores ainda não estão inclusos nas estratégias das marcas brasileiras. Entre os executivos entrevistados, 52% afirmam conhecer médio ou pouco essa geração. Além disso, 58% declaram não considerar os Alfas em suas estratégias de marketing. Apesar de apenas 11% das marcas considerarem esse público-alvo como muito importante em suas estratégias, 70% já aponta que é preciso pensar nessa geração pelos próximos dois anos.
Quem são os Alfas?
A geração cresceu em um contexto de hiperconectividade, com a digitalização já avançada devido à pandemia da Covid-19 e com a expansão da rede de internet 5G. Não só isso, mas são indivíduos que já são registrados de forma digital. Mais do que nativos digitais – como a Geração Z –, são hiperconectados e sabem utilizar desde cedo diferentes tipos de tecnologias, desde smartphones até assistentes de voz. 65% dessas pessoas ocuparão empregos que ainda não existem.
Uma vez que a taxa de fecundidade no Brasil é de cerca de 1,7 por mulher – com tendência de queda –, os jovens da Geração Alfa nascem majoritariamente como filhos únicos. Além disso, são cuidados mais por suas avós e pelas mães, devido ao aumento da quantidade de idosos residentes no país e ao fato de que 51% dos domicílios são chefiados pelas mulheres.
São pessoas que, por mais que ainda menores de idade, já possuem um senso de responsabilidade e autonomia em suas famílias. Segundo o estudo, 61% desses jovens ficaram mais preocupados com a saúde de seus familiares depois da pandemia. Não só isso, mas por serem indivíduos hiperconectados, recebem estímulos constantes.
Uma vez que o tema de saúde emocional é tratado com mais naturalidade do que em décadas anteriores, serão pessoas mais conscientes sobre os problemas e sofrimentos da sociedade. Serão motivados a buscar soluções para esses desafios.
E a Geração Z?
Por mais que as gerações Z e Alfa sejam próximas em idade uma da outra, há diferença entre valores, prioridades e comportamentos que já são perceptíveis. Essas divergências ajudam a ilustrar o retrato dessa geração que começa a entrar no mercado de consumo.
Dados apresentados no estudo apontam algumas marcas e como elas são percebidas por esses indivíduos. Em relação à Netflix e à Disney, 46% e 43%, respectivamente, dos jovens Alfas as apontam como marcas favoritas. Entre os Zs, esse favoritismo cai para 32% e 38%. Por outro lado, preferem Amazon (47%) e Apple (32%) mais do que os Alfas, 24% em ambos os cenários.
Além disso, a geração mais nova tem como sua segunda escolha de carreiras aquelas que envolvem ajudar pessoas ou animais. Entre os jovens da Geração Z, esse tipo de trabalho só interessa a 15% desses indivíduos.
Há também alguns conflitos de comportamentos entre essas duas gerações. Segundo o relatório, 43% dos Alfas tendem a valorizar o compartilhamento de visões e opiniões com outros mais do que os jovens da Geração Z. Além disso, 74% dos Alfas preferem sair e se exercitar, ou usar menos tecnologia, como formas de ajudar sua saúde mental e a se desconectar. Por outro lado, mais da metade dos jovens da Geração Z utiliza práticas como auto-cuidado e skin care duas vezes mais do que os Alfas.
O que as marcas podem fazer?
Compreendendo os comportamentos e preferências da Geração Alfa, as organizações podem criar estratégias que impactem esse público de forma relevante e que, de fato resolvam suas necessidades. O estudo aponta que, para isso, as marcas devem buscar soluções que incentivem a autonomia dos Alfas por meio de suas semelhanças com as demais gerações – como a Z, os Millenials, X e Boomers.