São poucas as pessoas que se sentem mal em relação à saúde mental. Segundo o Relatório Saúde Mental e Bem-Estar, realizado pela Opinion Box e pela Histórias de Ter.a.pia – maior canal brasileiro de contação de histórias, no qual entrevistados compartilham experiências enquanto lavam a louça –, mais de 60% das 2.119 pessoas entrevistadas se sentem bem ou muito bem em relação à saúde mental. No entanto, apenas dois a cada dez respondentes dizem fazer terapia atualmente.
O estudo conversou com pessoas de diferentes regiões do país, entre mulheres (52%) e homens (48%) de diversas idades, para entender como os brasileiros estão percebendo o tema nas diversas esferas de suas vidas. Segundo o estudo, com a crescente relevância globalmente, a saúde mental tem sido compreendida como uma abordagem que inclui aspectos emocionais, psicológicos e sociais dos indivíduos – e não somente um estado de ausência de doenças.
A pesquisa aponta que os entrevistados mais velhos afirmam se sentir melhor do que os mais jovens. Cerca de 74% dos respondentes com 50 anos ou mais afirmam se sentir bem em relação à saúde mental, enquanto 60% das pessoas entre 30 e 49 anos e 50% daquelas com menos de 30 anos dizem o mesmo. Além disso, as pessoas mais velhas são as que mais afirmaram cuidar da saúde mental (73%), em comparação aos respondentes entre 16 e 29 anos (48%).
Os entrevistados apontaram a saúde mental tem um desempenho melhor em suas vidas familiares (segundo 65% das pessoas), na vida individual (61%), nos relacionamentos amorosos (58%), na vida social (55%), e no trabalho (53%).
Os resultados da pesquisa são relevantes não apenas para indivíduos que estão buscando informações sobre saúde mental e bem-estar, mas também para empresas e marcas que desejam impactar seus colaboradores e consumidores com conteúdos sobre o tema.
Os diferentes lados da saúde mental
Por mais que a maioria dos entrevistados declare se sentir bem em relação à saúde mental, são poucos aqueles que fazem terapia. Apenas duas a cada dez pessoas fazem algum tipo de acompanhamento – sendo elas, em sua maioria, mulheres, pessoas entre 16 e 29 anos, e pertencentes às classes A e B.
Os principais motivos para não fazerem terapia são: a falta de necessidade para o momento em que vivem (46%), a falta de dinheiro ou alto custo dos tratamentos (28%), falta de tempo (12%), desconhecimento sobre como o processo terapêutico funciona ou como encontrar um profissional (8%), ausência de profissionais próximos de suas localidades (7%) e por acreditarem que não obter resultados do acompanhamento (5%).
Por outro lado, os entrevistados possuem outras práticas de saúde mental. São elas as atividades físicas (47%), o tempo de qualidade com família e amigos (37%), o cuidado com a alimentação saudável (35%), as práticas religiosas e de espiritualidade (32%), os cuidados com o corpo e a aparência física (32%), e o foco nos estudos e no trabalho (25%), por exemplo.
Trabalho e saúde mental
Por mais que os entrevistados têm uma percepção positiva sobre a saúde mental em suas vidas profissionais, 40% acreditam que o trabalho pode impactar negativamente na saúde mental. Já 65% acreditam que o mesmo é recíproco, e que o ofício pode trazer benefícios para o bem-estar individual.
O estudo aponta que o desafio para colher frutos do trabalho na saúde mental está no equilíbrio da vida profissional. Enquanto quase 30% dos respondentes afirmaram que as empresas nas quais trabalham não estão preocupadas com o tema, 40% percebem o oposto. Já 30% se mantiveram neutras no assunto. Além disso, 61% dos entrevistados afirmaram que prefeririam trabalhar em organizações com programas específicos para os cuidados com a saúde mental.
Segundo os respondentes, as empresas onde trabalham adotam algumas práticas para fomentar a saúde mental nos colaboradores, como palestras e webinars (20%), boletins e informativos sobre o tema (18%), oferta de terapia por meio dos convênios de saúde (18%), reuniões com o RH sobre saúde mental (17%), e instalação de canais de telefone para emergências (13%), dentre outras.
Redes sociais e saúde mental
A temática também ganhou sua relevância entre os influenciadores digitais que, dentre os 94% dos entrevistados que utilizam as redes sociais, são seguidos por 67% deles. Cerca de 62% dos respondentes da pesquisa afirmaram que já mudaram de opinião em relação a questões de saúde mental devido ao trabalho de influenciadores digitais sobre o assunto.
Ao mesmo tempo, os entrevistados estão atentos às informações equivocadas divulgadas por esses perfis: oito a cada dez usuários de redes sociais param de seguir influenciadores que banalizam temas de saúde mental. Na mesma proporção, os entrevistados são propensos a deixar de acompanhar um influenciador que não trata temáticas de diversidade e inclusão com seriedade.
Enquanto 33% dos entrevistados consideram muito importante que influenciadores comentem sobre saúde mental em todos os segmentos, 21% consideram importante. Já um em cada quatro respondentes buscou ajuda profissional depois de ser impactado por conteúdos que encontrou na internet, e 65% acreditam que as redes sociais podem ser tóxicas para a saúde mental.
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