Com tantas mudanças que surgem na sociedade, como será possível entender e conhecer o seu próprio consumidor, saber o que o motiva? Essa não é uma tarefa fácil, principalmente agora que o contexto social apresenta mais do que diferentes consumidores, diferentes formatos de famílias . ?O que mais impactará o negócio??, indagou Jacques Meir, diretor de Conhecimento e Plataformas de Conteúdo do Grupo Padrão, durante o primeiro Ciclo de Encontros NOVAREJO de 2016, que teve como tema ?O fim da Família Doriana: novos formatos de família e seu impacto na oferta de produtos e serviços no varejo?.
?Só para concretizar, nos últimos dez anos, aumentou em um terço o número de casais não legais. As pessoas passaram a viver mais, existem mais lares com uma só pessoa, dobrou a quantidade de divorciados, 20% dos casais no País vivem sem filhos e 35% dos brasileiros não vivem onde nasceram?, mencionou o mediador do encontro, Antônio Sá, professor de Varejo, Comportamento do Consumidor e Marketing em cursos de MBA e Pós graduação na Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fundação Instituto de Administração (FIA), Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e Saint Paul Escola de Negócios.
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Na era das expectativas
Para Elizabeth Evangelista Andreoli, gerente de relacionamento do Pão de Açúcar/Extra, os novos formatos de famílias, principalmente aquelas com menos filhos, impactarão o mercado. ?Isso porque as mães não se importam com valor quando se trata de seus filhos. Mas, quando é para elas mesmas, pensam duas vezes antes de adquirir algo. Isso pode impactar o varejo. Por outro lado, o mercado PET ganha, porque algumas pessoas trocam os filhos por pets?, analisa.
?Quando a faixa etária do consumidor muda, as prioridades também serão diferentes. Então, conhecer mais o consumidor hoje e se aprofundar em suas mudanças no médio e longo prazos trará mais sustentabilidade para o negócio?, comentou Juliana Ferrite Pereira Pires, gerente geral de canais de relacionamento da Netshoes. Weida Bertuqui, analista de processos do Habib?s afirma que famílias com membros mais velhos têm influenciado os negócios de fast-food. ?As pessoas buscarão maneiras de se manter mais saudáveis e a alimentação se enquadra nisso?, diz.
Dentro do contexto de novas famílias, o que se vê cada vez mais é um mercado tentando atender aos solteiros ou casais sem filhos. ?Eu tenho que ter produtos para apartamentos cada vez menores e para poucas pessoas?, afirmou Renata Soares, gerente de marketing da Etna. Segundo Karina Alfano Terra, gerente de SAC da Etna, afirmou que o principal desafio é a questão da comunicação. ?Temos idosos que ficaram sozinhos, jovens que moram sozinhos, casais que não têm filhos e precisamos conhecer esse consumidor?, avalia.
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Inovação: entre o tangível e o intangível
Lidar com diferentes formatos de famílias requer um quadro de funcionários adequado e preparado. E este é o desafio de Roberta Suplicy, sócia da Urban Remedy. ?É difícil encontrar um funcionário com o perfil da empresa. Nosso treinamento é difícil porque o produto é muito específico?, conta.
Já a Artefacto aposta na experiência para traduzir o desejo por indulgência, que é cada vez mais forte entre o novo perfil dos consumidores, principalmente em tempos de crise. ?Nós abrimos a empresa para os clientes. Eles visitam a fábrica, conhecem o artesão, a madeira, o tecido?, contou Patrícia Chesini, gerente de atendimento da Artefacto.
As transformações da sociedade estão ocorrendo com maior velocidade e lidar com elas, seja por meio da oferta de um mix diferente de produtos, um atendimento feito com pessoas qualificadas ou uma experiência de impacto, é imperativo para o setor. ?Como empresas, precisamos nos adaptar ao tipo de mudança absolutamente frequente que passamos?, disse Jacques Meir.
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