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Como o Banco Central tem investido na educação financeira dos jovens

Como o Banco Central tem investido na educação financeira dos jovens

Com foco em escolas públicas, parcerias com o setor privado e novas regulamentações, o Banco Central quer garantir que o conhecimento sobre finanças alcance os brasileiros desde a infância.

Como ensinar uma criança ou adolescente a tomar decisões financeiras conscientes em um país onde mais de 70 milhões de pessoas estão endividadas (segundo dados da Serasa)? Essa é a pergunta que o Banco Central do Brasil (BCB) se propõe a responder com uma série de iniciativas voltadas à educação financeira de jovens – especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Os dados mais recentes acendem um alerta: segundo o PISA 2022, 45% dos adolescentes brasileiros de 15 anos apresentam baixo desempenho no letramento financeiro. “Esse cenário é preocupante, pois jovens com baixo nível de letramento financeiro tendem a tomar decisões financeiras menos informadas, o que pode impactar negativamente suas vidas futuras”, afirma Luis Mansur, Chefe do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central.

Para enfrentar esse desafio, o BCB tem investido em políticas estruturadas, com atenção especial à inclusão de crianças e adolescentes de baixa renda. O objetivo é garantir que a educação financeira não seja privilégio, mas um direito de todos. E esse direito deve ser assegurado o quanto antes, na escola e em casa.

Aprender Valor: pilar do Banco Central nas escolas

Luis Mansur, Chefe do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central.

O programa Aprender Valor é uma iniciativa do BCB nessa frente. Voltado ao ensino fundamental, o projeto integra temas de educação financeira às disciplinas regulares da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como Matemática, História, Geografia e Língua Portuguesa. Os conteúdos são apresentados de forma prática e lúdica, com o uso de jogos, simulações e projetos pedagógicos prontos para aplicação em sala de aula. O programa ainda disponibiliza formações para professores e gestores escolares, bem como recursos prontos para uso em sala de aula pelo professor.

“A escola é o lugar natural do aprendizado, por isso ela é o nosso ponto de partida”, explica Mansur. “Mais do que ensinar sobre juros compostos ou orçamento familiar, queremos provocar reflexões sobre escolhas, valores e consequências.”

Nos cinco primeiros anos de implementação, o Aprender Valor focou exclusivamente na rede pública, alcançando mais de 24 mil escolas em todas as unidades federativas e aproximadamente 58% dos municípios do país. A preocupação com a infraestrutura das escolas, muitas vezes limitada, fez com que a maior parte dos projetos fosse pensada para ser aplicada sem necessidade de conexão com a internet ou equipamentos tecnológicos.

“Priorizamos o uso de formatos variados, incluindo jogos e simulações para levar educação financeira aos estudantes de forma lúdica. O objetivo é transformar a relação dos estudantes com o dinheiro, incentivando uma gestão financeira responsável desde cedo e na escola, como recomenda a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)”, explica Mansur.

Ampliação do Aprender Valor

Em 2024, o acesso ao programa foi ampliado: qualquer educador com conta gov.br, nos níveis prata ou ouro, pode acessar os materiais gratuitamente – incluindo profissionais da rede privada, ONGs e outros interessados.

Além dos alunos, o Aprender Valor foca na formação dos professores, diretores e técnicos das secretarias de educação. A estratégia é clara: criar um ambiente preparado para a mudança cultural em torno do dinheiro.

“Pensamos na importância de preparar e trazer mais autoconfiança àqueles que levariam a educação financeira para os estudantes. Como sabemos, crianças são esponjas de aprendizado. Nossa expectativa, portanto, é que elas possam levar o aprendizado também para suas famílias, atingindo, assim, toda a comunidade escolar”, pontua Mansur.

O BCB também apoia a Olimpíada do Tesouro Direto de Educação Financeira (Olitef), iniciativa que reconhece e premia instituições públicas com kits no valor de R$ 100 mil para melhorias em infraestrutura.

Parcerias com setor privado

Para ampliar o impacto das suas ações, o Banco Central aposta na Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) e em parcerias com o setor privado. Entre as colaborações, destaca-se o acordo com a Febraban, que resultou na criação da Plataforma Meu Bolso em Dia e do Índice de Saúde Financeira do Brasileiro (I-SFB). Assim como a parceria com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que apoia tanto o Aprender Valor quanto pesquisas sobre letramento financeiro e inclusão de adultos.

Mais recentemente, um novo acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) possibilitou a expansão do Aprender Valor para o ensino médio. Essa etapa é crucial na vida dos jovens, que já começam a lidar com decisões financeiras mais complexas.

“Visando à implementação de políticas de educação financeira efetivas, no desenho de cada iniciativa são considerados não apenas os conteúdos adequados para a população-alvo, mas também os stakeholders envolvidos e os canais mais efetivos”, reforça.

Regulação para transformar comportamento

Com a promulgação da Lei 14.690/2023, o Banco Central do Brasil e o Conselho Monetário Nacional (CMN) passaram a ter responsabilidade direta sobre medidas de educação financeira no sistema financeiro. Como desdobramento, foi publicada em dezembro do mesmo ano a Resolução Conjunta nº 8, que obriga instituições financeiras a manter políticas de educação financeira voltadas a pessoas físicas e empresários individuais.

Essas medidas devem apoiar o planejamento do orçamento pessoal e familiar, a formação de poupança e a prevenção do superendividamento. “A expectativa do BCB é que as instituições revisem seus produtos e serviços de forma a incluir essas medidas de educação financeira ao longo da jornada do cliente, ou seja, em momentos favoráveis ao aprendizado e à mudança de comportamento”, finaliza.

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