/
/
Instituições financeiras reinventam educação financeira com foco na Geração Z

Instituições financeiras reinventam educação financeira com foco na Geração Z

Com iniciativas digitais, linguagem acessível, uso de redes sociais e IA, bancos preparam jovens para decisões conscientes sobre o próprio dinheiro

A Geração Z cresceu em um mundo onde tudo acontece com um clique — das compras por impulso aos investimentos em criptomoedas. Para os jovens, lidar com o dinheiro já não é mais sobre cofrinhos ou planilhas. É sobre escolhas rápidas, recompensas instantâneas e, muitas vezes, decisões sem orientação. Nesse universo acelerado, a educação financeira precisa falar a mesma língua: ser interativa, envolvente e presente onde os jovens estão.

Isso pode acontecer nas redes sociais e nas telas dos jogos. Nesse cenário, a gamificação e os conteúdos digitais entram em cena e transformam o aprendizado em algo natural, quase invisível, mas eficaz.

O Banco Central (BC) enxerga o desafio de educar financeiramente o público jovem como uma questão crucial, especialmente ao considerar dados do PISA 2022, que indicam que 45% dos adolescentes brasileiros de 15 anos apresentam baixo desempenho no letramento financeiro.

“Esse cenário é preocupante, pois jovens com baixo nível de letramento financeiro tendem a tomar decisões financeiras menos informadas, o que pode impactar negativamente suas vidas futuras”, comenta Luis Mansur, chefe do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central.

Para enfrentar esse desafio, o BC desenvolve programas específicos, como o Aprender Valor, que leva educação financeira a estudantes do ensino fundamental, integrando o tema às disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, História e Geografia — tudo em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O programa inclui formações para professores e gestores escolares, além de recursos pedagógicos prontos para uso em sala de aula.

“Priorizamos o uso de formatos variados, incluindo jogos e simulações para levar educação financeira aos estudantes de forma lúdica. O objetivo é transformar a relação dos estudantes com o dinheiro, incentivando uma gestão financeira responsável desde cedo e na escola, como recomenda a OCDE”, explica Mansur.

Mais recentemente, o BC firmou acordo com a Anbima para ampliar o alcance do Aprender Valor e levá-lo também às escolas de ensino médio. A instituição também mantém diálogo com diversos stakeholders do setor privado para expandir as ações de educação financeira.

Bancos em prol da educação financeira de jovens

Priscila Salles, diretora Executiva de Clientes do Inter

O Banco Inter entende que educação financeira vai além de ensinar a economizar. A instituição busca ajudar o cliente a tomar decisões mais inteligentes com relação ao dinheiro no dia a dia. Para isso, desenvolveu o Super App financeiro, que acompanha a jornada do cliente e foca na hiperpersonalização do atendimento, oferecendo soluções adequadas para cada perfil.

Integrado ao app, estão ferramentas como o Bússola e o Meu Porquinho: uma para gerir ganhos e despesas; outra para investir com facilidade e segurança.

“Utilizamos uma linguagem próxima das pessoas, leve e bem-humorada — diferente da formalidade tradicional do mercado financeiro. Essa abordagem desperta o interesse do público mais jovem, pois se conecta diretamente ao tom de voz deles e abre espaço para conversas mais transparentes sobre dinheiro”, afirma Priscila Salles, diretora-executiva de Clientes do Inter.

Já o Banco do Brasil aposta em formatos inovadores para aproximar os jovens da educação financeira. Segundo Aglailton Soares, executivo de Relacionamento e Negócios, muitos jovens ainda veem o tema como algo chato ou complicado — o que pode levar ao consumo desordenado e ao endividamento precoce.

“Neste contexto, criamos o Rolê que Rende, um programa de educação financeira voltado ao público jovem. Ele se apresenta como um circuito interativo com palestras, jogo de tabuleiro, roleta com quiz, balcão de negócios e outras atrações, sempre de forma lúdica e inovadora.”

As ações do programa incluem workshops, oficinas e hackathons, que envolvem os jovens na busca de soluções práticas para suas demandas. O banco também prepara seus consultores nas agências físicas para orientar essa nova geração com foco na inclusão e na autonomia financeira.

Gamificação no ensino sobre finanças

A gamificação tem sido amplamente utilizada no aprendizado por seu poder de engajar, motivar e melhorar o desempenho. No caso do Aprender Valor, o BC desenvolveu atividades acessíveis mesmo para escolas com baixa conectividade ou infraestrutura limitada.

“Diversas aulas contam com jogos de tabuleiro, quizzes, dinâmicas, simulações e até escape rooms com desafios para serem solucionados. Mesmo sem tecnologia, aplicamos elementos de gamificação”, detalha Mansur.

Essas atividades em equipe também desenvolvem competências socioemocionais, além de fortalecer o aprendizado pela experiência prática — o famoso “mão na massa”.

Para o público adulto, o BC aposta nos meios digitais. A série BC te Explica e o personagem BC Sincero são exemplos de comunicação leve e direta nas redes sociais.

Luis Mansur, chefe do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central

“Apoiamos também a plataforma Meu Bolso em Dia, desenvolvida pela Febraban. É uma ferramenta gamificada, com conteúdo personalizado segundo o nível de saúde financeira de cada usuário”, acrescenta.

No Inter, a gamificação é utilizada inclusive para concessão de crédito. Clientes iniciantes recebem “desafios”, como cadastrar uma chave Pix ou manter as faturas em dia, antes de obter o limite de cartão.

“Fazer investimentos também gera pontos. A ideia é desmistificar o crédito e induzir comportamentos financeiros saudáveis por meio de uma jornada simples e amigável”, explica Priscila.

O Banco do Brasil também aposta em gamificação com o jogo de tabuleiro Rolê que Rende, que inclui realidade aumentada, batalhas com prêmios e jogos como roleta, memória e quiz — todos com foco em finanças e nos temas ligados à marca BB: esporte, cultura, tecnologia e sustentabilidade.

Redes sociais e IA como aliadas

Aglailton Soares, executivo de relacionamento e negócios do Banco do Brasil

Um estudo da Serasa mostrou que 83% dos brasileiros endividados têm dificuldade para dormir devido às dívidas, e 78% relatam surtos de pensamentos negativos. Diante desse cenário, os bancos intensificaram estratégias nas redes sociais para falar diretamente com os jovens — onde eles já estão.

“Como banco digital, usamos redes sociais para gerar conexão com os clientes. Em abril, lançamos nossa própria rede social, o Forum, dentro do Super App. Hoje, são mais de 10 milhões de perfis cadastrados”, diz Priscila.

O BB, por sua vez, aposta em canais como YouTube e blogs. Séries como Família Dias e Dicionário Deseconomês explicam conceitos de forma descontraída. O Blog BB e o portal InvesTalk reúnem conteúdos sobre consumo consciente, investimentos e planejamento.

Linguagem que aproxima e personalização por IA

Falar com os jovens exige novas abordagens. O Inter firmou parcerias com influenciadores como Nathalia Arcuri (Me Poupe!) e lançou o curso Xô Dureza, com a B3 e o Tesouro Nacional — um conteúdo prático e divertido de educação financeira.

Além disso, a instituição participa de iniciativas com o Banco Central e a Febraban para promover boas práticas, incentivar planos estruturados de educação e medir seus resultados.

“Queremos encorajar os jovens a adotarem comportamentos financeiros saudáveis, preparando-os para a vida adulta com responsabilidade”, resume Priscila.

O Banco do Brasil aposta em vídeos curtos, storytelling e artigos descomplicados. Um exemplo é o hub universitário no WhatsApp, que concentra informações sobre produtos, serviços e dicas financeiras em um canal acessível e familiar.

O futuro, no entanto, caminha para uma experiência ainda mais personalizada. Aglailton explica:

“O uso da IA generativa será fundamental para identificar hábitos e costumes financeiros e oferecer orientação no momento certo, pelo canal certo. Por exemplo, ao analisar como os jovens interagem com apps financeiros, podemos identificar pontos onde precisam de mais suporte.”

Para o Inter, a tecnologia seguirá como aliada central.

“Somos referência na modernização do setor financeiro e seguimos com o compromisso de facilitar a educação financeira por meio da inovação”, conclui Priscila.

*Fotos: Shutterstock.com / Assessorias

Compartilhe essa notícia:

WhatsApp
X
LinkedIn
Facebook
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Recomendadas

MAIS MATÉRIAS

SUMÁRIO – Edição 291

A evolução do consumidor traz uma série de desafios inéditos, inclusive para os modelos de gestão corporativa. A Consumidor Moderno tornou-se especialista em entender essas mutações e identificar tendências. Como um ecossistema de conteúdo multiplataforma, temos o inabalável compromisso de traduzir essa expertise para o mundo empresarial assimilar a importância da inserção do consumidor no centro de suas decisões e estratégias.

A busca incansável da excelência e a inovação como essência fomentam nosso espírito questionador, movido pela adrenalina de desafiar e superar limites – sempre com integridade.

Esses são os valores que nos impulsionam a explorar continuamente as melhores práticas para o desenho de uma experiência do cliente fluida e memorável, no Brasil e no mundo.

A IA chega para acelerar e exponencializar os negócios e seus processos. Mas o CX é para sempre, e fará a diferença nas relações com os clientes.

CAPA: Camila Nascimento
IMAGEM: IA Generativa / Adobe Firefly


Publisher
Roberto Meir

Diretor-Executivo de Conhecimento
Jacques Meir
[email protected]

Diretora-Executiva
Lucimara Fiorin
[email protected]

COMERCIAL E PUBLICIDADE
Gerentes-Comerciais
Angela Souto
[email protected] 

Daniela Calvo
[email protected]

Elisabete Almeida
[email protected]

Érica Issa
[email protected]

Natalia Gouveia
[email protected]

NÚCLEO DE CONTEÚDO
Head de Conteúdo
Larissa Sant’Ana
[email protected]

Editor-assistente
Thiago Calil
[email protected]

Editora do Portal 
Júlia Fregonese
[email protected]

Produtores de Conteúdo
Bianca Alvarenga
Danielle Ruas 
Jéssica Chalegra
Marcelo Brandão
Nayara de Deus

Head de Arte
Camila Nascimento
[email protected]

Revisão
Elani Cardoso

COMUNICAÇÃO
Gerente de Comunicação e Cultura
Simone Gurgel

MARKETING
Gerente de Marketing
Ivan Junqueira

Coordenadora
Bárbara Cipriano

TECNOLOGIA
Gerente

Ricardo Domingues


CONSUMIDOR MODERNO
é uma publicação da Padrão Editorial Ltda.
www.gpadrao.com.br
Rua Ceará, 62 – Higienópolis
Brasil – São Paulo – SP – 01234-010
Telefone: +55 (11) 3125-2244
A editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos ou nas matérias assinadas. A reprodução do conteúdo editorial desta revista só será permitida com autorização da Editora ou com citação da fonte.
Todos os direitos reservados e protegidos pelas leis do copyright,
sendo vedada a reprodução no todo ou em parte dos textos
publicados nesta revista, salvo expresso
consentimento dos seus editores.
Padrão Editorial Ltda.
Consumidor Moderno ISSN 1413-1226

NA INTERNET
Acesse diariamente o portal
www.consumidormoderno.com.br
e tenha acesso a um conteúdo multiformato
sempre original, instigante e provocador
sobre todos os assuntos relativos ao
comportamento do consumidor e à inteligência
relacional, incluindo tendências, experiência,
jornada do cliente, tecnologias, defesa do
consumidor, nova consciência, gestão e inovação.

PUBLICIDADE
Anuncie na Consumidor Moderno e tenha
o melhor retorno de leitores qualificados
e informados do Brasil.

PARA INFORMAÇÕES SOBRE ORÇAMENTOS:
[email protected]