Entre os impactos da crise econômica gerada pela pandemia, estão as vendas fora do lar. Em um momento de restrição de mobilidade no qual os consumidores passaram a conter gastos, visto que grande parte teve diminuição na renda individual e familiar, as vendas fora do lar (Out of Home – OOH) obtiveram uma queda de US$ 22 bilhões.
A pesquisa que mostra esse resultado é da Kantar, líder global em dados, insights e consultoria. Se para o consumo dentro de casa houve um crescimento de 10% em 2020, a nível global, o cenário das vendas fora de casa foi diferente, apresentou queda em oito dos nove mercados analisados, com exceção da Indonésia.
A nível Brasil, o consumo fora do lar no ano pandêmico apresentou queda (16%), em comparação a 2019. Já o desempenho de bens de consumo para dentro do lar apresentou um crescimento de 12% na mesma comparação.
Bebidas e Snacks fora de casa
Em todo o mundo, os setores que apresentaram maior queda, dentro do consumo fora do lar, foram a venda de bebidas (30%) e lanches (18%). O estudo da Kantar destaca que as bebidas apresentaram um aumento de consumo dentro de casa de apenas 6%, o que indica que as vendas totais do item diminuíram em 14%. Já para os lanches, houve um aumento no consumo em casa de 8%.
De acordo com a consultoria, algumas categorias dentro de bebidas, como refrigerantes e cafés, apresentaram um declínio no consumo tanto dentro quanto fora do lar, de -16% e -22%, respectivamente. Ambos os produtos têm uma dependência maior de OOH. No entanto, em casos de produtos enquadrados dentro de snacks, como chocolates e salgadinhos, que são categorias com menor dependência de OOH, houve crescimento de 4% e 5%.
O estudo destaca que para o caso das bebidas, haverá maior queda, visto que o consumidor precisa desfrutar uma bebida seis vezes em casa para pagar o mesmo valor que pagaria fora de casa.
Hotéis, restaurantes e cafeterias
Para setores fora de casa relacionados ao ambiente físico, a queda foi ainda maior, graças ao isolamento social. A pesquisa da Kantar mostra que os consumos OOH são divididos em quatro canais distintos: HoReCa (Hotéis, Restaurantes e Cafeterias), Impulso (quiosques, lojas de doces, postos de gasolina, carro móvel, food truck, vendedores ambulantes e máquinas de venda automática) — esses dois como OOH puros —, Canal moderno (hipermercados, supermercados, lojas de conveniência e self-service) e Canal Tradicional (Lojas de comida tradicional, não self-service), esses dois últimos inseridos na categoria de dentro e fora de casa em conjunto.
A maior parte dos gastos fora de casa vem dos canais OOH puros, que compreendem 60% do consumo. O canal HoReCa representa, dessa porcentagem, 41% dos gastos, enquanto o Impulso compreende 19%. Esses dois canais foram, entretanto, os mais atingidos pela pandemia. O estudo mostra que houve queda de 36% nas vendas de HoReCa e 24% nos Impulsos. Sendo assim, a decadência dos dois canais foi responsável por 85% da perda do total de US$ 22 bilhões em vendas OOH.
Tendo HoReCa o canal com maior queda, o levantamento também destaca que o canal perdeu participação em quase todos os lugares. O canal caiu para 41% em 2020, ante 48% em 2019. Já para o Impulso, um dos mais importantes para o país, houve declínio de 17% em valor.
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