A atividade do setor de serviços no Brasil voltou a recuar em junho, encerrando o segundo trimestre com o pior desempenho em quatro anos. Os dados são da pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI), divulgada nesta quinta-feira (3) pela S&P Global.
O PMI de serviços caiu de 49,6 em maio para 49,3 em junho. Como o índice permanece abaixo da marca de 50, isso indica que o setor está em retração. É o terceiro mês consecutivo de queda.
Já o PMI Composto do Brasil, que inclui também o setor industrial, caiu de 49,1 para 48,7. É o menor patamar desde janeiro.
Segundo Pollyanna De Lima, diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence, os resultados acendem um alerta sobre o desempenho da economia brasileira. “A leitura média do índice composto de produção foi a mais baixa desde o primeiro trimestre de 2021”, afirmou.
Juros altos e demanda fraca
Os entrevistados na pesquisa citaram os altos custos do crédito, a redução das encomendas e as condições adversas de demanda como principais razões para a queda na atividade.
Apesar disso, o setor de serviços registrou crescimento no número de empregos pelo oitavo mês consecutivo. Ainda assim, a variação foi pequena em relação a maio, indicando possível desaceleração no ritmo de contratações.
Com a entrada limitada de novos trabalhos, os preços cobrados pelos fornecedores de serviços subiram no ritmo mais lento em mais de um ano.
Por outro lado, os custos com insumos apresentaram uma leve alta. As empresas relataram aumento de preços em itens como produtos de limpeza, materiais de construção, mão de obra, alimentos, combustíveis, eletricidade e água.
Otimismo e incerteza
Mesmo com o cenário desafiador, as empresas do setor de serviços mantêm uma perspectiva positiva para os próximos 12 meses. A expectativa é de aumento na produção ao longo do próximo ano.
No entanto, o nível de otimismo caiu para o menor patamar em três meses.
Entre os fatores que pesam na confiança estão a concorrência intensa, preocupações com a geração de receita e a manutenção da taxa Selic em 15%.
Além disso, parte dos entrevistados demonstrou preocupação com os efeitos da incerteza eleitoral sobre a economia brasileira.