Faltando menos de uma semana para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, evita dar qualquer sinalização sobre os rumos da taxa básica de juros. Em vez disso, dedicou sua fala na abertura da Febraban Tech, feira de tecnologia do setor bancário, à transformação digital promovida pelo BC nos últimos anos.
“Não há qualquer tipo de mensagem hoje a ser passada no que se refere ao Comitê de Política Monetária”, afirma, reforçando o compromisso com o período de silêncio previsto antes das reuniões do Copom.
Galípolo destaca o avanço da comunicação institucional do BC com a sociedade, um processo relativamente recente. “Até pouco tempo atrás, nem mesmo as decisões de política monetária tinham um processo oficial de comunicação como temos hoje”, pontua, referindo-se ao modelo atual de comunicados, atas e períodos de silêncio antes e depois das reuniões, prática que também se consolidou em bancos centrais como o Fed, nos Estados Unidos.
Ele defende que a instituição tem a responsabilidade de dialogar com públicos além do mercado financeiro. “É muito importante que o Banco Central crie canais de comunicação e consiga dialogar com as diversas camadas da sociedade”, afirma, citando o uso crescente das redes sociais para explicar inovações e alertar sobre fraudes e golpes.
Pix 2.0 e novas funcionalidades
Grande parte da fala foi dedicada às inovações no sistema financeiro, em especial à evolução do Pix. Galípolo apresentou detalhes do chamado “Pix 2.0”, que contempla uma série de novidades:
- Pix automático: A partir de 16 de junho, será possível realizar pagamentos recorrentes via Pix, como assinaturas de serviços, com maior controle e segurança, sem a necessidade de cartões de crédito. A medida deve beneficiar especialmente os 60 milhões de brasileiros que não têm acesso a crédito rotativo.
- Pix por aproximação: Já em fase de implementação, permitirá pagamentos sem necessidade de abrir o app do banco, mantendo as camadas de segurança tradicionais.
- Pix parcelado: Previsto para os próximos meses, permitirá parcelar compras com recebimento imediato para o vendedor, funcionando como uma alternativa ao parcelamento no cartão.
- Pix com garantia: Permitirá usar recebíveis via Pix como garantia para financiamentos, com foco em autônomos e pequenos negócios.
- Mecanismo Especial de Devolução 2.0 (MED 2.0): Também em breve, permitirá contestar transações fraudulentas diretamente pelos apps bancários, de forma digital e intuitiva.
Open Finance, crédito e novas bases de funding
Galípolo também defendeu a importância do Open Finance para aumentar a portabilidade de dados e a competitividade entre instituições financeiras. Segundo ele, a agenda é central para reduzir custos e ampliar o acesso ao crédito.
Ele chamou atenção ainda para o desafio do funding imobiliário, hoje fortemente dependente da poupança, cuja atratividade vem caindo. “É uma tendência estrutural. A remuneração da caderneta hoje é difícil de competir com outras alternativas. Isso nos impõe a responsabilidade de buscar novas alternativas de funding para que a gente possa migrar para um novo sistema, para um novo modelo de financiamento para o setor habitacional.”, afirma, citando a Caixa Econômica como parceira nas discussões para transição para um novo sistema.
Drex e o futuro das transações financeiras
Outro tema abordado foi o Drex, projeto de moeda digital do Banco Central. Galípolo faz questão de diferenciar o Drex de uma moeda digital no conceito tradicional de “moeda emitida pelo Banco Central” (CBDC). Segundo ele, o Drex está mais alinhado ao uso de tecnologias como DLT (Distributed Ledger Technology), smart contracts e tokenização de ativos, com foco na na segurança de transações e garantias.
“Muitas vezes a colocação de Central Bank Digital Currency foi entendida como um processo de desintermediação, passando por cima desse processo. Não é essa agenda do Drex”, explica. “Quanto mais a gente conseguir avançar nessa agenda de redução de percepção de risco por parte de quem está concedendo o crédito, e facilidade na experiência do cliente para quem tá tomando crédito em oferecer garantias, mais adequadas vão ser essas linhas de crédito para o planejamento e os objetivos daquela pessoa. Isso é muito importante para gente conseguir avançar nessa agenda.”
Ainda, Galípolo diz que o sucesso das iniciativas como o Pix só foi possível graças à colaboração com o setor privado. “Isso não é um feito do Banco Central sozinho. Criamos um ambiente para que o ecossistema se desenvolvesse a partir da criatividade e da parceria de todos vocês”, conclui, dirigindo-se aos representantes do mercado financeiro presentes no evento.
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