Sempre digo que a inclusão da pessoa com deficiência passa pela conjunção de três elementos:
Acessibilidade + Tecnologias Assistivas + Nada Sobre Nós, Sem Nós! = Empoderamento!
Acessibilidade sempre foi o tema central no debate sobre os direitos das pessoas com deficiência. Contudo, com os avanços tecnológicos e mudanças culturais, o conceito de acessibilidade se expandiu. Muito mais do que a simples eliminação de barreiras físicas, hoje, busca-se acessibilidade multidimensional, que integra suas várias dimensões com as áreas da vida cotidiana, como saúde, educação, transporte, cultura e mercado de trabalho, na promoção do protagonismo da pessoa com deficiência, ou seja, sua autonomia e participação plena na sociedade.
Para tanto, é fundamental que todos conheçam e respeitem as dimensões da acessibilidade:
- Acessibilidade Atitudinal: a mudança começa com a percepção do outro, sem preconceitos ou estigmas.
- Acessibilidade Arquitetônica: a eliminação de barreiras físicas em edificações, bem como de espaços públicos e privados.
- Acessibilidade Metodológica: reformulação de técnicas de ensino para garantir que todos tenham acesso às mesmas oportunidades educacionais.
- Acessibilidade Natural: a superação de barreiras impostas pela natureza.
- Acessibilidade Digital e Comunicacional: eliminação de obstáculos na comunicação e promoção da inclusão digital.
- Acessibilidade Programática: políticas públicas e privadas para assegurar o respeito aos direitos das pessoas com deficiência.
- Acessibilidade Instrumental: desenvolvimento de tecnologias assistivas para maximizar as habilidades e capacidades das pessoas com deficiência.
Embora possamos entender as tecnologias assistivas como uma das dimensões do conceito de acessibilidade, para maior eficácia da fórmula proposta acima, prefiro repeti-las como um dos tripés cruciais na promoção da inclusão.
Isto posto, gostaria de avaliar com você, e leitores em geral, que ferramentas tecnológicas pensadas para superar limitações físicas, sensoriais ou cognitivas podem fazer a diferença em 2025 e ajudar a melhorar a vida de muita gente. Sem pretensões de esgotar a temática, destaco a emergência das seguintes tecnologias:
- Plug-ins: embora demonizados por pessoas que não entendem sua função, esses “aglomerados” de funcionalidades estão cada vez mais inteligentes e complementam a acessibilidade digital estrutural que os sites devem ter. Assistive, Equalweb e outros, na linha da americana UseWay, são algumas opções.
- Apps com Descritores de Imagens, como o Be My Eyes, que conecta pessoas com deficiência visual a voluntários, bem como o Aira, pago, que disponibiliza descritores humanos, online, por videochamada, para facilitar a experiência de pessoas com deficiência visual, principalmente no varejo self-service.
- Descrição de Imagem Automatizada, com Google e Apple, entre outros, já disponibilizando esse tipo de recurso com resultados impressionantes. Basta tirar uma foto, que texto com descrição detalhada aparece em segundos!
- Óculos Inteligentes: novamente Google e Apple são os destaques, com tecnologias cada vez mais abrangentes! Temos, também, Colibri e Orcam, que usam armações de óculos como suporte, mas são mouse e scanner, respectivamente.
- Atendimento em Libras por Videochamada, que tem, no Brasil, o ICOM como líder de mercado, atendendo clientes estratégicos, como Banco do Brasil, Governo do Estado e Prefeitura de São Paulo, Volvo, C6, B3, GM e muitos outros, garantindo a inclusão da comunidade surda!
- Nova Geração de Avatares, tendo Kara, empresa de tecnologia neozelandesa, como referência global por seus “bonecos” que parecem humanos. Estão treinando para dominar a língua americana de sinais, para depois pensar em outros mercados.
- Apps para Neurodiversidade, como Jade Autismo, que ajudam pessoas autistas ou com outras neurodiversidades quanto à habilitação cognitiva e ao estímulo do neurodesenvolvimento.
- Reconhecimento de Voz: assistentes virtuais como Google Assistant, Alexa e Siri permitem que pessoas com deficiência motora ou dificuldades de digitação interajam com dispositivos por meio de comandos de voz.
- Exoesqueletos e Robôs Assistivos: ReWalk e Ekso Bionics são dois exemplos de dispositivos robóticos que ajudam pessoas com deficiência motora a caminhar ou realizar movimentos.
- Apps para Deficiências Cognitivas: CogniFit e BrainHQ são ferramentas usadas para treinar habilidades em pessoas com deficiência intelectual ou distúrbios neurológicos, oferecendo exercícios de memória, atenção e raciocínio.
Repare que eu não mencionei até agora a Inteligência Artificial, que estará embarcada em todas estas ajudas técnicas, bem como em outras não mencionadas ou que ainda estão por vir!
Por fim, completando a somatória, incluí, acima, Nada Sobre Nós, Sem Nós! na equação, tendo em vista ser absolutamente essencial consultar pessoas com deficiência sobre tudo o que lhes dizem respeito! Não dá para ser acessível e inclusivo sem contar com a participação, a opinião e as demandas dos maiores interessados e conhecedores de suas próprias características e necessidades específicas. O ideal, quando possível, inclusive, é ter pessoas com deficiência liderando essas instâncias e projetos!
Ou seja, quer fazer a coisa certa com relação às pessoas com deficiência? Quer colaborar com sua plena inclusão na sociedade? Então, nunca se esqueça de prover esses três elementos: acessibilidade multidimensional + tecnologias assistivas de ponta + participação ativa de pessoas com deficiência em todo o processo! O resultado final, com certeza, trará pessoas com deficiência mais empoderadas, incluídas e felizes!
Vamos provar minha teoria na prática?
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Cid Torquato é advogado e CEO do ICOM. Foi Secretário Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo entre 2017 e 2021 e Secretário Adjunto de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência entre 2008 e 2016. É autor do livro “Empreendedorismo sem Fronteiras – Um Excelente Caminho para Pessoas com Deficiência”.
