Nos últimos anos, uma nova tendência tem ganhado destaque no mundo corporativo: CEOs que se tornam os principais influenciadores de suas empresas. Mais do que líderes estratégicos, esses executivos estão assumindo um papel público, conectando-se diretamente aos consumidores e colaboradores por meio das redes sociais.

Combinando tecnologia e expertise, humanizam as marcas nas redes sociais, constroem confiança e ampliam o alcance das empresas em um mercado cada vez mais competitivo e conectado. Este movimento não apenas redefine a comunicação corporativa, mas também reforça a importância do líder como porta-voz da cultura e dos valores empresariais.

Reputação e fortalecimento da marca

Para João Adibe, CEO da Cimed, o processo para se adaptar ao papel de influenciador enquanto CEO foi natural e espontâneo. De início, o executivo do grupo farmacêutico começou a postar conteúdos com o objetivo de se comunicar com seus clientes. Diante disso, as redes sociais passaram a lhe proporcionar também a oportunidade de conexão com o varejo e de imprimir sua identidade ao produto. Assim, houve uma oportunidade que facilitou a comunicação estratégica para a Cimed.

“Porém, antes de me tornar influenciador, sou vendedor, e ‘pessoas compram de pessoas’”, comenta. “Estabelecer uma conexão mais próxima com os consumidores dos meus produtos, faz todo sentido e toda diferença. A presença ativa do líder da empresa nas redes reflete os valores da companhia e contribui para a construção de sua reputação e o fortalecimento da marca como um todo”.

Adibe reforça ainda que, como líder, é essencial que sua postura esteja em sintonia com a estratégia de marketing da Cimed. A marca preza pela qualidade de vida das pessoas de forma acessível, e isso se reflete diretamente em suas interações nas redes sociais. “Compartilho minha agenda do dia, meus treinos, lançamentos, projetos, eventos, interações com o meu time, entre outros momentos, busco sempre transmitir esses valores da minha companhia e reforçar os compromissos que temos com nossos consumidores”, relata.

João ainda destaca que as redes sociais permitem o compartilhamento de seu dia a dia à frente da Cimed. “Isso inspira os colaboradores a seguirem o mesmo exemplo, tornando-se influenciadores das marcas na internet e ampliando o alcance das vendas”, frisa.

Além de Adibe, os funcionários da Cimed se transformaram em 5 mil influenciadores, com rotinas de postagens no mesmo horário, utilizando as mesmas hashtags. Isso cria uma rede de autopromoção simultânea, ao mesmo tempo em que promovem a empresa. Esse efeito dominó impulsionou a Cimed, que se tornou uma das empresas mais digitais do mercado. Um exemplo disso é o sucesso orgânico da marca Carmed nas redes sociais.

Equilíbrio entre o pessoal e o profissional

Na jornada de influenciador de marca, João Adibe acredita que os consumidores buscam, acima de tudo, clareza, conexão e transparência. Diante disso, o executivo está presente em diversas redes sociais com o objetivo de se conectar com seus seguidores. Além de compartilhar sua rotina diária, também usa o espaço para publicar mensagens que refletem os valores que defende.

“Utilizo essas plataformas para promover os produtos da minha empresa com a mensagem de levar saúde e bem-estar aos brasileiros de forma acessível. Na minha visão, essa autenticidade faz com que os consumidores se conectem comigo, e automaticamente com a Cimed”, conta. “Os feedbacks que mais recebo destacam a confiança e a satisfação com nossos produtos, e ficamos imensamente felizes ao ver que nossa comunicação e ações estão alinhadas com os anseios dos consumidores, tanto em relação aos produtos quanto à nossa postura social”.

Ao mesmo tempo, ele ressalta acreditar que há uma linha tênue entre o pessoal e o profissional, especialmente nas redes sociais, onde a conexão é imediata. Como executivo e como pessoa, frisa ter a responsabilidade de refletir os valores e a imagem da empresa em tudo que compartilha.

“Procuro ser autêntico e espontâneo, mas sempre com cautela, pois, como figura pública, é fundamental ter responsabilidade sobre o conteúdo que público. Compartilho momentos pessoais que estejam alinhados aos valores da Cimed, como saúde, bem-estar e ética, em busca de ser um exemplo tanto como empresário quanto como pessoa”, pontua.

Tempo de gestão e de criação

Além disso, existe a busca pelo equilíbrio entre o tempo dedicado à gestão da empresa e o tempo investido na criação de conteúdo e interação online. “Em um cenário dinâmico, não é uma tarefa fácil. Você precisa estar 100% por dentro do que está acontecendo. Dedico a maior parte do meu tempo à gestão da Cimed, mas reconheço a importância de minha presença nas redes sociais para estabelecer uma conexão direta com nossos consumidores e colaboradores”, explica.

Como liderança pública, o executivo acredita em uma tendência crescente de CEOs mais visíveis e próximos do público. Para ele, a transparência e a autenticidade são cada vez mais exigidas pelos consumidores, e a comunicação direta via redes sociais tem sido uma ferramenta poderosa nesse sentido. “No entanto, acredito que, com o tempo, esse modelo pode evoluir e se adaptar conforme novas demandas e tecnologias surgirem. O importante é que a liderança pública continue sendo uma forma de fortalecer a confiança, a marca e a conexão genuína com o consumidor”, reforça.

Autenticidade empreendedora

Nesse mercado onde a autenticidade e a transparência são valores cada vez mais demandados, o CEO da Chilli Beans, Caito Maia, assumiu um papel de destaque como influenciador digital. Sua presença nas redes sociais, intensificada após sua entrada no programa Shark Tank há sete anos, se tornou um diferencial estratégico não apenas para si, mas também para a marca que lidera.

“O público de hoje quer saber quem está por trás de uma marca, os valores desse cara, no que essa pessoa acredita”, afirma Caito. “Desde que entrei no Shark Tank, intensifiquei minha presença nas redes sociais e as vendas da Chilli Beans cresceram. O público se identifica, passa a conhecer a marca pela pessoa, busca saber mais sobre a cultura e princípios da empresa. O impacto no negócio é visível”.

Segundo Caito, sua transição para o papel de influenciador foi tanto planejada quanto orgânica. “Como todos nós, eu sempre usei as redes sociais. Mas entendi que havia espaço para falar dos negócios, da minha jornada empreendedora e conectar com milhões de pessoas trocando ideias e compartilhando conhecimento. Eu gosto desse contato com a galera e as redes ampliam isso”, explica.

O que diferencia a presença de Caito é a autenticidade. Ele acredita que mostrar os altos e baixos da trajetória empreendedora é essencial para conquistar a confiança, especialmente da Geração Z, que muitas vezes desconfia de influenciadores tradicionais. “Eu trago o empreendedorismo da vida real no meu conteúdo, com toda magia e os perrengues que existem ao fundar e tocar uma empresa por 30 anos no Brasil. Os mais jovens gostam dessa autenticidade”, comenta.

Caito acredita que os consumidores buscam a verdade de quem se posiciona publicamente. “A galera quer saber a real, sem encenação ou conteúdos artificiais. Eu sou um cara papo reto, falo o que penso e acredito que o público gosta dessa sinceridade”, comenta. Além disso, o executivo reforça a importância de equilibrar as fronteiras entre o pessoal e o profissional, algo que gerencia compartilhando aspectos de sua vida além da rotina corporativa, como viagens, arte e música. “Falar das coisas que eu amo, indo além da empresa, faz parte da minha rotina como influenciador”, complementa.

Integração com a estratégia da marca

A presença digital do CEO não é desvinculada da estratégia de marketing da Chilli Beans. Pelo contrário, Caito conta ter uma equipe que ajuda a fazer com que esse processo de produção de conteúdo aconteça de forma natural no seu dia a dia como empreendedor. Mas reforça: a prioridade é gerir a empresa.

“Nos meus perfis, busco falar mais de empreendedorismo e dar alguns pitacos para quem tem uma empresa ou sonha em empreender. Mas também compartilho lançamentos, coleções e novidades”, explica. Para medir os resultados dessa estratégia, a marca utiliza indicadores de desempenho das próprias redes sociais e cruzamento de dados, analisando o impacto do conteúdo no engajamento e nas vendas.

Quando questionado se o modelo de CEO-influenciador pode substituir os influenciadores tradicionais, Caito é categórico: “São papéis muito distintos. Os influenciadores são essenciais para falar com outros públicos e trazer outros temas diferentes daqueles que o fundador ou executivo da marca vai abordar”, pontua

Ele também destaca que essa liderança pública já é uma realidade consolidada. “Há vários fundadores e executivos compartilhando boas histórias e dicas de negócio, e isso é muito positivo. Podemos aprender demais com quem já percorreu uma boa estrada no mercado. Cabe ao público filtrar o que é relevante. Eu quero incentivar a galera a buscar seus sonhos e sou empreendedor da vida real, vivi o que muitos ainda vão viver no mercado”, finaliza.

*Fotos: DALL·E / Assessorias.