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Menos crédito na praça: qual o impacto para negócios e pessoas

Menos crédito na praça: qual o impacto para negócios e pessoas

Aumento rápido da taxa de juros e impacto da taxa de inadimplência em pessoas de baixa renda fazem parte do cenário atual

A desaceleração do mercado de crédito para pessoas físicas no Brasil está cada vez mais evidente. Entre março de 2022 e de 2023, houve uma queda de 13 pontos percentuais no crescimento anual das concessões totais de crédito para pessoasfísicas em vários tipos de linhasdeendividamento, que podem ser entendidas como os diferentes tipos de dívida.

As concessões sem destinação específica, ou seja, os recursos livres, apresentaram uma baixa no ritmo de crescimento de cerca de 12 pontos porcentuais. Já para os créditos com destinação específica – os recursos direcionados – a queda foi ainda mais brusca, cerca de 18 pontos, um resultado esperado dado a elevação da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic.

Os dados são da nova edição do Relatório de Mercado de Crédito em Dados, produzido pelo Instituto Propague em parceria com o Economic Research Stone. As análises focaram nos resultados de 2022, ano marcado pelo rápido aumento da taxa básica de juros de 2% em março de 2021 para 13,75% ao ano em agosto de 2022, e contemplam também o primeiro trimestre de 2023. O relatório considera as seguintes modalidades:

  • Cheque Especial
  • Cartão de Crédito Rotativo
  • Cartão de Crédito Parcelado com juros
  • Crédito pessoal não consignado vinculado à composição de dívidas

“Os dados mostram que entre o ano de 2022 e os primeiros meses deste ano houve uma manutenção do crescimento do mercado de crédito, porém, com grandes sinais de desaceleração e contínuo aumento das taxas de inadimplência. Isso porque o mercado sofreu forte arrefecimento relacionado ao aumento de comprometimento de renda das famílias brasileiras, maior uso de linhas de crédito ligadas a endividamento e maior risco do negócio para instituições financeiras”, afirma Bruna Cataldo, head de Pesquisa do Instituto Propague.

As modalidades de crédito sem destinação específica, também chamadas de ‘recursos livres’, são, segundo o Banco Central, os contratos de financiamentos e empréstimos com taxas de juros livremente pactuadas entre instituições financeiras e mutuários – taxas de mercado. “Nas operações livres, as instituições financeiras têm autonomia sobre a destinação dos recursos captados no mercado”, explica Guilherme Freitas, pesquisador econômico e cientista de dados do Instituto Propague.

Alguns exemplos são a antecipação de faturas de cartão de crédito, aquisição de veículos; aquisição de outros bens; capital de giro cartão de crédito – compras à vista; parcelado e rotativo; cheque especial; crédito pessoal consignado; crédito pessoal não consignado; renegociação de dívidas e desconto de duplicatas.

Já as modalidades com destinação específica, também chamadas de “recursos direcionados”, são aquelas operações de crédito regulamentadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) ou vinculadas a recursos orçamentários, destinadas, basicamente, à produção e ao investimento de médio e longo prazo aos setores imobiliário, habitacional, rural e de infraestrutura. As fontes de recursos são oriundas de parcelas das captações de depósito à vista e de caderneta de poupança, além de fundos e programas públicos.

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Ou seja, são os financiamentos rurais com taxas reguladas; financiamentos rurais com taxas de mercado; financiamentos imobiliários com taxas reguladas; financiamentos imobiliários com taxas de mercado; financiamentos com recursos do BNDES para infraestrutura; financiamentos com recursos do BNDES para agroindústria; financiamentos com recursos do BNDES para capital de giro.

“O crédito livre é aquele em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado tem regras definidas pelo governo, e é destinado, basicamente, aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito. Em maio/23, cerca de 56% da carteira de pessoas físicas era de recursos livres, ao passo que para pessoas jurídicas, esse valor era de 64%”, detalha Guilherme Freitas.

Como fica a renda das famílias

O mercado de crédito é importante fonte de financiamento de consumo, tanto para consumidores, quanto para empresas. Ele possibilita que esses agentes da economia obtenham recursos para compra de bens, serviços, realização de investimentos e reorganização das contas.

“Uma desaceleração do mercado de crédito, seja pelo aumento dos preços praticados ou pela dificuldade de pagamento de dívidas passadas, diminui a capacidade de consumidores e empresas de obter recursos para financiar projetos/objetivos no presente, tornando mais regrada a vida desses agentes, dificultando a compra de bens e serviços, desacelerando a demanda, investimentos e, consequentemente, a economia como um todo”, avalia Freitas.

O principal comprometimento da renda das famílias brasileiras com pagamentos está relacionado a dívidas, que, consequentemente, está atrelado às linhas de endividamento. Desde julho de 2022 houve estabilização dessa métrica em um patamar um pouco abaixo de 28%, com um pequeno crescimento de 5 pontos percentuais no comparativo entre março de 2021 e março deste ano. Há 9 meses, um pouco mais de ¼ de toda a renda das famílias do país é gasta com pagamentos de juros e amortizações de dívidas.

“Além disso, do lado dos consumidores, tal cenário dificulta especialmente o acesso a bens de maior valor agregado, como bens duráveis (móveis, eletrodomésticos, automóveis e afins)”, destaca o pesquisador.

Leia mais: Brasileiro está mais consciente com uso de cartão de crédito

Mercado de crédito para pessoas jurídicas

Assim como o mercado de crédito para pessoas físicas, o mercado de crédito para pessoas jurídicas apresenta uma desaceleração significativa no crescimento. Quando comparado entre março de 2022 e o mesmo período de 2023, o crescimento das concessões totais saiu do patamar de 24% para 12%.

O crescimento da carteira de crédito das pessoas jurídicas no país pelo porte das empresas enfrenta o arrefecimento das concessões nas micro, pequenas e médias empresas. A redução das taxas de crescimento chegou a cerca de 9 pontos percentuais na comparação entre o terceiro mês do ano de 2022 e o de 2023. As empresas de médio porte foram as mais afetadas no período, registrando queda na taxa de quase 11 pontos percentuais.

Spread bancário

O relatório identificou um crescimento na inadimplência de pessoas jurídicas, mas em ritmo menor que a de pessoas físicas. Estes dados indicam um movimento menos expressivo do spread bancário na comparação com o Índice de Confiança dos Consumidores (ICC) do que o aplicado para pessoas físicas. Spread bancário é a diferença percentual entre a taxa de juros que os bancos cobram para fornecer empréstimos e a que incide sobre investimentos.

O spread é mais influenciado por pioras na inadimplência/riscos do negócio, algo que teve menor deterioração no mercado de pessoas jurídicas do que no de pessoas físicas.

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“A análise do mercado de crédito em 2022 e no início do ano de 2023 revela que, de modo geral, a política monetária contracionista do Banco Central está começando a ser sentida nas carteiras, um pouco mais para as pessoas físicas do que as jurídicas. Apesar de ambos registrarem taxas de crescimento, esse ritmo sofreu um impacto relevante entre março de 2022 e março de 2023 em quase todas as modalidades do mercado”, finaliza Bruna Cataldo.

O ICC estima o custo médio, sob a ótica do tomador, de todas as operações de crédito vigentes em um dado momento, independentemente da data de contratação do crédito. Portanto, o ICC incorpora informações tanto de contratos recém-firmados quanto dos mais antigos ainda vigentes. Em sua composição, estão elementos como custo de captação, inadimplência, despesas administrativas.



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