De todas as ações com foco em fazer mais com menos, estruturar indicadores é a melhor delas. Os famosos KPIs são o início, o meio e o fim de todo caminho em busca de eficiência. ?O varejo mensura menos do que deveria ou poderia, porque falta visão da estratégia, da tecnologia e das pessoas?, afirma Silvio Laban, professor do Insper. A cultura do achismo, avalia Maurício Morgado, professor do Centro de Excelência em Varejo da FGV, é mais uma herança torta dos tempos de hiperinflação. ?O foco era vender logo no começo do mês tudo o que podia. Ninguém estava preocupado em administrar detalhe, em mensurar?, conta. Para os especialistas, a ausência de mensuração é a base da ineficiência do varejo e o inverso é o caminho para a redenção. ?O empresário precisa ter uma obsessão por mensuração, de medir e testar o tempo inteiro?, afirma Morgado.
Segundo Luciana Faluba, especialista em varejo e professora da FDC (Fundação Dom Cabral), o varejo precisa mensurar ao menos quatro indicadores: vendas por metro quadrado, ticket médio por metro quadrado, venda por funcionário e ticket médio por funcionário. ?Os primeiros ajudam a adequar a localização, o espaço da loja. E os dois últimos ajudam a adequar a quantidade de funcionários por loja?, afirma a especialista. ?São os indicadores básicos que ajudam a entender se a operação está eficiente?, considera. Para Flávio Boan, sócio-consultor da Falconi Consultores, ficar de olho na margem bruta, custo de operação e o custo das despesas administrativas devem entrar na lista dos itens básicos.
Para elevar os níveis de eficiência, o especialista recomenda que o varejista faça um diagnóstico para avaliar quais indicadores importam para o negócio. Foi o que fez a Raphaella Booz. ?Conseguimos ser mais precisos em métricas como os dias e horários com maior faturamento e, com isso, conseguimos fazer ações mais especificas e adequar e reorganizar o quadro de funcionários?, considera Simone Stadzisz, diretora da rede, que projeta aumento de 15% para 2015. A mensuração ajuda o varejista olhar também para o curto prazo. No primeiro semestre, as vendas da rede Natural da Terra cresceram 6%, um ritmo menor que os 18% verificados no mesmo período do ano passado. De olho nos dados foi possível perceber os motivos do desempenho e atuar em cima. ?Verificamos uma redução do ticket médio e uma participação maior dos itens mais básicos na cesta do cliente?, afirma Andre Lucena, gerente da rede, que espera crescer 20% neste ano.
As ações das varejistas mostram que, embora ainda ineficiente, o varejo tem acordado que os tempos são de mudança. ?As grandes redes reagem primeiro, até porque têm sistemas de gestão mais profissionalizados, mas as menores já começaram a olhar pra dentro e muitas já veem resultados?, considera Luciana. Mas ainda há o que fazer, principalmente no ponto de venda. ?Nesses contextos mais restritivos, quem conseguir se diferenciar pode ter um resultado melhor?, avalia. Laban, contudo, lembra algo importante: ?precisamos ser justos, o varejo é eficiente dentro das margens que ele trabalha. O que essa situação de mercado mostra é que as empresas precisam sair do atraso e da acomodação que a década de expansão trouxe e buscar ainda mais?, diz. É hora de repensar a estratégia porque, no fim, só os eficientes sobrevivem.
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