As vendas de carros elétricos no Brasil quase dobraram em 2022. Foram 126 mil veículos movidos à energia elétrica vendidos no ano passado. No ano anterior, foram 77 mil. Somente no primeiro trimestre de 2023, as vendas cresceram 55% em relação ao mesmo período de 2022. Hoje, são mais de 140 mil carros elétricos em circulação pelo Brasil. Os dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) apontam que o interesse de brasileiros por estes veículos menos poluentes ainda se mostra uma tendência para 2023. Apesar de serem mais caros, os carros elétricos trazem inúmeras vantagens que acabam pesando menos no bolso a longo prazo.
O gasto com abastecimento por quilômetro rodado é bastante menor quando comparado a um carro à combustão. Os carros elétricos também pagam menos impostos no Brasil – em São Paulo, por exemplo, o ICMS é de 14,25%, enquanto carros movidos a gasolina, álcool ou diesel pagam uma taxa de 18%. Além disso, veículos elétricos também podem também ser abastecidos em casa, sem a necessidade de parar em postos de combustível. E claro, são muito menos poluentes.
Leia mais: AlmavivA: sinergia entre CX e ESG
Mais energia e mais renovável
Segundo um estudo do grupo chinês Alibaba, sete a cada dez consumidores estão mais inclinados e adotar estilos de vida mais sustentáveis globalmente. E 87% desses consumidores estão em três países emergentes da Ásia: Filipinas, Tailândia e Malásia. As regiões mais interessadas no consumo sustentável são, afinal, a Ásia emergente, seguida da Ásia desenvolvida e da Europa.
O Brasil e a América do Sul não são destaques do levantamento. Mas a demanda por energia renovável já mostra está crescendo no país. Para sustentar o avanço da frota de veículos elétricos, estudo da franqueadora de projetos fotovoltaicos Portal Solar aponta que serão necessários investimentos de R$ 2,2 trilhões até 2050. O valor foi estimado considerando a instalação necessária de cerca de 540 gigawatts (GW) de energia renovável, como solar e eólica.
A energia solar se mostra a mais viável e atrativa para suprir essa demanda. Entre 2012 e 2023, o mercado saltou de 8 megawatts (MW) para 32 mil MV de capacidade instalada. É a segunda maior matriz elétrica do país, atrás apenas da hídrica, que tem mais que o triplo de capacidade instalada – 110 mil MW. Além disso, segundo dados da Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena), entre 2010 e 2019, o preço dos painéis solares caiu 90% no mercado global.
Assine nossa newsletter!
Fique atualizado sobre as principais novidades em experiência do cliente
Uma frota totalmente elétrica
Hoje, há cerca de 60 milhões de veículos em circulação nas ruas brasileiras. Um levantamento do Portal Solar aponta que a migração energética de toda a frota de veículos no Brasil traria uma demanda adicional de 403 terawatts-hora/ano (TWh/ano). O número representa o acréscimo de 270 GW de capacidade instalada no país, que seria consumida, principalmente, por ônibus e caminhões.
Por mais que os carros elétricos representem ainda uma pequena fração da frota brasileira e mundial, há iniciativas que estão incentivando e auxiliando o acesso a esse tipo de veículo. A 99, por exemplo, é líder da Aliança pela Mobilidade Sustentável, iniciativa que reúne empresas como a Raízen, a Movida e Ipiranga para democratizar o acesso a carros elétricos. No ano passado, a 99 anunciou mais uma parceria com o Banco BV e a Movida para dar mais um passo neste objetivo.
O Banco BV tem o papel de disponibilizar crédito para compra e aluguel de carros elétricos por condutores da plataforma da 99. Também apoia a aquisição e instalação de pontos de abastecimento elétrico. A Movida, por sua vez, oferece descontos em aluguéis de carros elétricos para os motoristas parceiros da 99. A empresa afirmou que, com a locação facilitada e uma alternativa mais econômica de abastecimento, os motoristas podem economizar até 25% em relação ao gasto tradicional com aluguel e combustível.
No exterior, a empreendedora Uliana Torkunova está buscando melhorar a experiência para motoristas com o uso da tecnologia. Ela é fundadora das empresas LetMePark – plataforma que conecta estacionamentos aos motoristas e que já está presente em quatro países, 250 cidades e 2.300 estacionamentos – e LetMeCharge, que ajuda condutores a encontrar pontos de abastecimento de energia elétrica.
Em 2022, Torkunova deu uma entrevista para a Consumidor Moderno sobre seus empreendimentos. Ela explicou que as funcionalidades operam em duas empresas distintas por se tratarem de serviços complementares. “O carro não é o inimigo, o CO2 que é”, disse Torkunova. “As pessoas precisam de carros, nem todas conseguem viver nos centros das cidades. O carro deve ser um componente do transporte, combinado a diversos outros meios”, destacou.
Os desafios para os carros elétricos
Além dos altos preços dos veículos elétricos, a forma como é produzido ainda é um desafio global. Isso porque a fabricação envolve componentes específicos e em grandes quantidades como alumínio, cobalto, níquel, lítio e manganês que estão concentrados em alguns poucos países.
A Guiné, por exemplo, possui uma grande reserva de bauxita – matéria-prima para a produção de alumínio. O governo do país afirmou que empresas de mineração acabam explorando as reservas, sem remunerar (ou remunerando muito pouco) a população local que trabalha na extração. Na Indonésia, que possui uma grande reserva de níquel, o mesmo cenário se repete.
Há ainda questões ambientais envolvidas. A Argentina, Bolívia e Chile concentram salinas ricas em lítio, a qual é preciso evaporar as águas para extrair o mineral. No entanto, esse processo ameaça a oferta de água na região.
Se por um lado a descarbonização é um grande atrativo dos carros elétricos, por outro ainda há processos que precisam ser regulados para garantir a sustentabilidade de uma nova forma de locomoção.
+ NOTÍCIAS
Personalização e luxo garantem vantagem competitiva e experiência
5 livros para construir uma cultura de inovação na sua empresa