A transformação digital deixou de ser um mero diferencial das organizações para se tornar uma questão de sobrevivência. Evidência disso é o fato de que, entre executivos brasileiros, 73% acreditam que o tema é extremamente importante para os negócios. A relevância da transformação digital também se reflete no conhecimento adquirido pelos executivos, sendo que 63% afirmam ter um conhecimento razoável sobre o tema, enquanto 33% apontam que possuem total conhecimento.
Os dados são resultado da terceira edição da série de pesquisas “Data-Leaders”, “Líderes de Negócios e Transformação Digital”. Realizada pela Data-Makers, o levantamento contou com o apoio de diferentes parceiros, entre eles a revista Consumidor Moderno. A pesquisa aponta que, diferente de outros temas essenciais para o trabalho das empresas como ESG e DE&I, as lideranças das organizações estão mais preparadas para tratar da transformação digital.
Entre os entrevistados – 373 no total, entre CEOs, C-levels, Conselheiros e sócio-quotistas –, 61% afirmam que a transformação digital é uma prioridade em suas organizações. A pesquisa também levou em consideração a atenção dada pelas empresas ao tema. Enquanto cerca da metade dos entrevistados (49%) percebem que suas organizações dão a devida atenção ao tema de transformação digital, 41% afirmam o assunto é subestimado, e 10%, superestimado.
Leia mais: ChatGPT agora tem olhos e ouvidos – qual é o risco disso?
Outra boa notícia é que a maioria dos executivos entrevistados desejam se envolver na atuação de transformação digital de suas empresas. Enquanto 42% já estão liderando o tema, outros 26% estão participando ativamente e 31% apoiando. Entre os CEOs, esse índice aumenta: 51% estão apoiando, 23% liderando essas iniciativas, e 37% possuem uma participação ativa no tema.
Transformação digital na prática
Por mais que a transformação digital seja considerada como extremamente relevante para a maioria das organizações, a grande maioria ainda não possui um desempenho avançado no tema. Metade dos entrevistados afirmaram que suas organizações estão em um estágio intermediário da transformação digital, enquanto 29% e 4% dos respondentes declararam que as empresas estão em níveis iniciantes e inexistes nessa evolução, respectivamente. Apenas 17% dos executivos afirmaram que suas organizações estão avançadas no tema.
Há uma mudança de cenário dos estágios de desenvolvimento da transformação digital ao avaliar os portes das organizações. Ao olhar para as microempresas, a pesquisa aponta que 24% ainda não trabalham o tema. Já entre as pequenas empresas, um terço delas se encontram no estágio inicial desse desenvolvimento. Enquanto 63% das empresas médias estão no nível intermediário de desempenho de transformação digital, 36% das grandes empresas estão em estágio avançado.
Assine nossa newsletter!
Fique atualizado sobre as principais novidades em experiência do cliente
Ao compararem com as práticas do mercado, 23% dos entrevistados apontam que as atuações de suas organizações é superior, enquanto 47% consideram seguir a média. Já 30% consideram seus esforços inferiores aos demais em transformação digital. Mas a pesquisa aponta que os executivos C-level entrevistados possuem uma visão mais positiva: 32% acreditam que suas organizações têm atuações acima da média, enquanto 24% dos CEOs consideram o mesmo.
Essa diferença é ainda mais evidente entre os entrevistados com diferentes níveis de conhecimento sobre o assunto. 84% executivos que declararam maior conhecimento sobre o tema afirmaram que suas organizações estão acima da média do mercado em transformação digital. Já entre os executivos com conhecimento razoável, apenas 11% percebem suas organizações da mesma forma.
Motivações e desafios
O acompanhamento do comportamento do consumidor está entre as principais motivações para que empresas adotem a transformação digital em seus negócios, segundo 41% dos executivos. Não só isso, mas também a tomada de decisão baseada em dados, como apontado por 50% dos entrevistados.
“Entre empresas e consumidores há uma dinâmica de constante evolução entre dois fatores: a expectativa dos consumidores e a oferta das empresas – por oferta quero dizer produtos, serviços, a experiência e a comunicação com consumidores”, define Fabrício Fudissaku, CEO da Data-Makers. “Como consumidores, temos expectativas cada vez maiores, sempre que somos expostos a experiências positivas, nossa barra de expectativas sobe e nos tornamos mais exigentes. Na outra ponta, as marcas estão constantemente tentando alcançar estas expectativas. Daí a importância de monitorar o consumidor e reagir com agilidade. Neste sentido, a capacidade das empresas em coletar, processar e reagir às crescentes expectativas dos consumidores torna-se um diferencial competitivo. E isso está intimamente ligado a uma cultura data-driven que é viabilizada pelo uso de novas tecnologias”.
Entre as principais motivações para que organizações adotem a transformação digital em seus negócios, encontra-se também a eficiência operacional adquirida com seu desenvolvimento (segundo 68% dos entrevistados) e os resultados de negócios (58%).
No entanto, há desafios para implementar a transformação digital. Entre os principais, estão a falta de profissionais preparados no tema, apontado por 46% dos entrevistados, a ausência de uma cultura de transformação digital (40%), falta de conhecimento sobre o assunto (37%), estrutura organizacional engessada (33%), e escassez de recursos financeiros (31%).
Leia mais: O Brasil é um ambiente propício para inovação e startups?
Felizmente, a transformação digital transcende as áreas de tecnologia das organizações, que representam a terceira principal área envolvida em iniciativas do tema. O assunto está envolvido principalmente nas áreas de operações (segundo 53% dos entrevistados), comercial, tecnologia (40%), dados (39%) e marketing (38%). A experiência do consumidor (CX), figura como a oitava área mais envolvida em iniciativas de transformação digital, segundo 19% dos respondentes.
Tecnologias aplicadas em transformação digital
Big Data, Inteligência Artificial e Machine Learning são as principais tecnologias em aplicações da transformação digital nas organizações, segundo 45%, 41% e 29% dos entrevistados, respectivamente. Mesmo tecnologias incipientes no mercado brasileiro já figuram no ranking, como Internet das Coisas (IoT), segundo 23% dos respondentes, e Blockchain (9%).
Para um futuro próximo, o cenário muda. Os entrevistados apontam que as principais tecnologias que serão adotadas por suas organizações nos próximos 12 meses serão a Inteligência Artificial (38%), Machine Learning (26%) e Big Data (20%), nessa ordem.
Fabrício Fudissaku aponta que Big Data e Inteligência Artificial são tecnologias intimamente relacionadas. “Simplificando, podemos dizer que a primeira envolve a coleta, armazenamento e análise de dados, enquanto a segunda utiliza esses dados para aplicações específicas. Então, Big Data alimenta e viabiliza aplicações de Inteligência Artificial. Nos últimos meses, na Data-Makers fomos muito procurados por grandes empresas interessadas em projetos de IA que aproveitam dados internos destas empresas para diversos usos, como recrutamento e seleção em RH, análise de demanda e lançamento de novos produtos pela área comercial, e refinamento de estratégias de marketing. Então, vejo como uma evolução natural: o primeiro estágio envolve colocar ordem na casa e organizar os dados, Big Data, para depois buscar aplicações práticas do dia a dia de negócios – é aí que entra a Inteligência Artificial.”
A maioria das empresas também pretende aumentar os investimentos em transformação digital, o que representa uma perspectiva animadora para o tema. Quase metade das organizações (47%) pretendem aumentar seus esforços financeiros em transformação digital ao longo dos próximos meses. O crescimento do investimento será guiado, principalmente, pelas grandes empresas, uma vez que 57% delas pretendem aumentar os investimentos durante o próximo ano. Por outro lado, apenas 5% das empresas afirmam que irão diminuir a verba para este fim.
+ NOTÍCIAS
O que esperar do investimento da Amazon na Anthropic, rival do OpenAI?
ONU debaterá uso militar de inteligência artificial