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Quase 16 mil novas unidades habitacionais em São Paulo (ainda) estão sem ligação elétrica

Quase 16 mil novas unidades habitacionais em São Paulo (ainda) estão sem ligação elétrica

Com 15.937 lares à espera da Enel Brasil, essa questão afeta não apenas os futuros moradores, mas também os vendedores de imóveis.

Em São Paulo, a incessante expectativa pela ligação elétrica nas novas unidades habitacionais se transformou em um intrigante desafio urbano. E esse obstáculo impacta não apenas os vendedores de imóveis, mas também a economia local e, claro, os futuros moradores dessas casas. Atualmente, impressionantes 15.937 lares aguardam ansiosamente que a Enel Brasil traga a luz que transformará essas estruturas em verdadeiros lares.

Dessa forma, em mais um esforço para solucionar esse problema, representantes do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) vem se reunindo membros da Enel Brasil. Um dos encontros aconteceu na Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). O mais recente deles ocorreu na sede da concessionária, em 25 de março de 2025.

Em uma apresentação que prometia ser um marco na busca por soluções, o SindusCon-SP trouxe à tona uma realidade alarmante: de um total de quase 16 mil residências, surpreendentes 7.942 unidades habitacionais estão presas em uma espera angustiante por conexão elétrica, acumulando pelo menos seis meses de incerteza. A pesquisa revelou ainda que 2.843 lares enfrentam atrasos que variam de 30 a 181 dias na instalação da energia elétrica, um verdadeiro labirinto de burocracias e promessas não cumpridas.

Os prejuízos diretos são:

  • Prejuízos financeiros resultantes do uso de ligações provisórias e geradores a diesel, sendo que eventuais sinistros não terão cobertura das seguradoras;
  • Aumento dos custos, comprometendo a viabilidade financeira dos empreendimentos;
  • Desconfiança entre investidores e compradores, o que afeta os investimentos;
  • Repasse de custos adicionais aos clientes, prejudicando a imagem das construtoras e incorporadoras;
  • Insuficiência de energia nos condomínios prontos para atender todas as unidades;
  • Adiamento da possibilidade de que os compradores iniciem o pagamento de financiamentos habitacionais, provocando insatisfação.

No que tange aos investimentos, os atrasos na instalação da energia elétrica afetam diretamente a confiança dos investidores no setor. Ou seja, se os prazos de entrega se prolongam indefinidamente, investidores podem hesitar em financiar novos empreendimentos ou optar por redirecionar seus investimentos para outras regiões onde a infraestrutura é mais confiável.

O posicionamento da Enel Brasil

A Enel Brasil se posiciona como uma operadora disposta a resolver essa situação, assegurando ao SindusCon-SP que está comprometida em buscar soluções. No entanto, a realidade no campo é outra, e as questões que pairam no ar são inquietantes: será que a inércia diante desse problema é um reflexo de incompetência ou, quem sabe, de uma negligência que custa caro a milhares de cidadãos?

Na visão do presidente do SindusCon-SP, Yorki Estefan, a urgência da situação clama por respostas e ações efetivas. O que se espera agora é que as promessas sejam transformadas em realidades palpáveis, e que a luz, tão essencial à vida, chegue finalmente a todos os lares que aguardam ansiosamente por ela. “Até o momento, não conseguimos notar mudanças significativas nos processos da Enel Brasil. Temos enfrentado dificuldades desde a aprovação de projetos até a execução das novas ligações”, lamentou Estefan, expressando sua insatisfação ao afirmar que os avanços prometidos da parte da Enel Brasil não são nada perceptíveis.

O único “avanço”, na tentativa de criar um canal de diálogo mais eficaz, é que as reuniões do Grupo de Trabalho (GT) entre o SindusCon-SP e a concessionária, que antes ocorria a cada dois meses, agora serão mensais. “Esta é uma tentativa de estreitar laços e acelerar soluções”, comenta Yorki.

Guilherme Lencastre é presidente do Conselho de Administração da Enel Brasil. Ao SindusCon-SP, ele afirmou que a empresa já não enfrenta problemas na recepção de materiais para realizar as ligações, exceto por questões pontuais relacionadas às conexões subterrâneas. Segundo ele, tais questões devem ser resolvidas em até um mês com a chegada de novos transformadores. Lencastre também enfatizou que novas equipes de eletricistas estão sendo treinadas para reforçar o serviço.

Prazos e mais prazos

“Apontamos diversos casos em que ligações programadas são adiadas por até 20 dias devido a imprevistos menores, como problemas de trânsito. Não é justificável postergar uma ligação já autorizada por tanto tempo”, afirmou Yorki Estefan, presidente do SindusCon-SP. Ele destacou que a Enel se comprometeu a diminuir esses prazos quando o atraso for decorrente de fatores internos da sua própria operação.

A entidade também requereu um canal de comunicação mais ágil para definir os critérios das ligações dos empreendimentos, além da criação de um canal técnico entre os projetistas e a Enel para acelerar a aprovação dos projetos.

Propostas do SindusCon à Enel Brasil

A Enel Brasil compartilhou as iniciativas que está implementando para melhorar seu atendimento. Entre elas, a contratação de novas equipes de técnicos. Com isso, a expectativa é que, até abril, a concessionária possa contar com um número ampliado de profissionais prontos para atender à demanda crescente.

O SindusCon-SP, em sua busca por melhorias no setor da construção, trouxe à tona algumas propostas estratégicas à Enel Brasil. Em primeiro lugar, a ideia é designar profissionais exclusivos para atender grupos de construtoras, criando um elo direto entre as empresas e o responsável por cada projeto. Esse especialista acompanharia toda a jornada, desde a aprovação inicial até a tão aguardada ligação final que conecta o consumidor à energia.

Contudo, a entidade não se limitou a essa sugestão. Uma demanda crucial emergiu: a necessidade de aprimorar os processos internos da Enel Brasil. Para isso, o SindusCon-SP enfatizou a importância de uma comunicação mais eficaz entre as equipes, promovendo uma sinergia que otimize o fluxo de trabalho. A proposta inclui uma integração mais robusta entre aqueles responsáveis pela aprovação das instalações civis e os técnicos encarregados de realizar as conexões elétricas, garantindo que cada etapa do processo transcorra de maneira fluida e eficiente.

Mudanças de nome e de logomarca da Enel

Meses depois de enfrentar esse problema e as críticas devido à lentidão no restabelecimento de energia em várias cidades da Grande São Paulo, a Enel anunciou uma reformulação em sua identidade visual. De Enel Distribuição São Paulo, a empresa passou a se chamar Enel Brasil. Em seu logotipo, a empresa passou a adotar uma nova logomarca com as cores verde, amarela e azul, em alusão à bandeira nacional.

A mudança acontece em um momento delicado para a concessionária italiana, que teve sua imagem prejudicada por uma série de apagões no último verão, causados por chuvas intensas e furtos de cabos, além da morosidade da empresa em resolver a situação.

A atualização visual da marca começará a ser notada pelos clientes em maio, quando a nova identidade será exibida nas contas de luz. Em abril, as faturas já estão sendo utilizadas para comunicar aos consumidores sobre a mudança. De acordo com a empresa, o processo de transição será gradual e incluirá não apenas os materiais impressos, mas também as lojas físicas, veículos operacionais, canais digitais e os uniformes das equipes técnicas.

Histórico do problema

William Gilheta é o coordenador do Grupo de Trabalho Enel do Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ_Enel). Ele explica que a falta de ligação elétrica das novas unidades habitacionais se agravou nos últimos dois anos, especialmente em decorrência da pandemia da Covid-19, que impulsionou a demanda por novos imóveis na capital paulista. “Com a aceleração na construção de novos empreendimentos, o número de solicitações de ligações de energia elétrica cresceu consideravelmente, mas o tempo de resposta da concessionária não acompanhou essa demanda.”

Diante da gravidade do problema, foi instituído, em 2022, o CTQ_Enel, que conta com o apoio do SindusCon-SP, CBIC, Abrainc, Secovi-SP, Aelo e da Caixa Econômica Federal. Em suma, o CTQ_Enel visa aprimorar a eficiência e a qualidade dos serviços prestados pela Enel Brasil, promovendo um diálogo contínuo entre os diversos stakeholders envolvidos no processo.

Esse diálogo é fundamental para identificar e solucionar os gargalos existentes. A ideia é garantir que as operações da Enel estejam alinhadas com as necessidades do mercado imobiliário e dos consumidores. O comitê se concentra em várias frentes. Isso inclui a desburocratização dos processos, o aprimoramento da infraestrutura de distribuição elétrica e a capacitação dos profissionais envolvidos na prestação do serviço. O impacto desse esforço não se limita apenas às novas unidades habitacionais. Pelo contrário. Ele se estende também à modernização da rede elétrica existente, contribuindo para uma gestão mais eficiente dos recursos energéticos.

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