Todo o estado de São Paulo está de volta à fase amarela do plano de flexibilização econômica. O anúncio realizado nesta segunda-feira (30) pelo governador João Doria impôs mais restrições ao funcionamento do comércio e de bares e restaurantes. A partir desta quarta-feira (2), esses estabelecimentos terão a capacidade reduzida de 60% para 40% e horário de funcionamento restrito a 10 horas diárias.
A decisão foi tomada com base em dados que mostram o aumento nas taxas de internação por Covid-19 no estado. Mas as entidades afetadas pela medida se mostraram preocupadas com o resultado que ela pode ter no processo de retomada das atividades, além de questionarem a sua efetividade.
“Muitos empresários demitirão os funcionários que acabaram de contratar e fecharão devido
ao fato que se tem menos prejuízo mantendo estabelecimentos fechados, do que abrir com
40% da ocupação possível. Evidente que não é o fato de um restaurante terminar suas
atividades às 23 horas ou receber 60% dos clientes potenciais, que está causando
incremento da contaminação da população”, diz Percival Maricato, presidente do conselho da ABRASEL SP (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo).
A manutenção das contas em dia para os bares e restaurante já era um desafio – 70% dos estabelecimentos não alcançavam nem 50% do faturamento pré-pandemia – e as festas de fim de ano representavam uma esperança. Mas as novas restrições caem como uma bomba para o setor.
O mesmo acontece com o varejo. Em nota, a Associação Comercial de São Paulo afirma que “Esse tipo de medida pode causar mais fechamento de lojas, porque o comerciante ainda se recupera do primeiro impacto da pandemia”.
Responsabilidade questionada
As duas entidades, tanto a ABRASEL SP quanto a ACSP, questionaram o fato de varejo, bares e restaurantes serem considerados locais de contaminação do novo coronavírus. “Não há nenhum dado oficial que comprove a existência de números relevantes de contágio da Covid-19 no varejo entre pessoas”, diz a ACSP ao garantir que os lojistas estão seguindo todas as normas da OMS e orientando o público a usar máscaras e manter o distanciamento social.
Percival Maricato, da ABRASEL SP, vai além: “Vemos aglomerações envolvendo dezenas de pessoas em baladas, festas sociais, estabelecimentos informais, reuniões em rua e praças da cidade, com pessoas sem máscaras e distanciamento recomendado. Situação que se repete em ônibus, metrôs, feiras livres e até recentemente na intensa campanha eleitoral, com total desrespeito a todos os protocolos. Ou seja, apontar bares e restaurantes como responsáveis é injusto, apenas uma maneira de tentar desviar a atenção do problema”.
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