Ilya Sutskever, cofundador e ex-cientista-chefe da OpenAI, desempenhou um papel significativo na demissão de Sam Altman do cargo de CEO em novembro de 2023. Sutskever votou a favor da destituição de Altman, citando preocupações sobre a comunicação e a confiança dentro da empresa. No entanto, após intensa pressão interna e externa, Altman foi reintegrado ao cargo de CEO uma semana depois, e Sutskever expressou arrependimento por sua participação na decisão de demiti-lo.
Em maio de 2024, Sutskever anunciou sua saída da OpenAI para se dedicar a um novo projeto pessoal. Sua saída ocorreu em meio a um período de turbulência na empresa, marcado por debates internos sobre a direção do desenvolvimento da IA e protocolos de segurança. Outros executivos e pesquisadores também deixaram a OpenAI durante esse período, refletindo tensões entre a missão original de pesquisa da empresa e suas crescentes ambições comerciais.
Geoffrey Hinton, renomado pesquisador de IA e ex-orientador de Sutskever, expressou apoio à decisão inicial de demitir Altman, enfatizando preocupações com a segurança da IA. Hinton destacou que a OpenAI, sob a liderança de Altman, parecia priorizar lucros em detrimento da segurança, o que motivou ações como a de Sutskever.
Pouco depois, em junho de 2024, Sutskever fundou a Safe Superintelligence Inc. (SSI) juntamente com Daniel Gross e Daniel Levy.
Por dentro da SSI
A Safe Superintelligence Inc. (SSI), fundada em 19 de junho de 2024, tem como missão desenvolver uma superinteligência segura, ou seja, sistemas de IA que superem a inteligência humana, garantindo que sejam alinhados aos interesses e valores humanos.
Em setembro de 2024, a SSI arrecadou US$ 1 bilhão em investimentos de empresas renomadas de capital de risco, incluindo Andreessen Horowitz, Sequoia Capital, DST Global e SV Angel, alcançando uma avaliação de aproximadamente US$ 5 bilhões. Esses recursos foram destinados à aquisição de poder computacional e à contratação de talentos de ponta na área de IA.
Já em fevereiro de 2025, a empresa entrou em processo de captação de mais de US$ 1 bilhão em uma nova rodada de investimentos, liderada pela Greenoaks Capital Partners, o que elevaria sua avaliação para mais de US$ 30 bilhões. Este aumento significativo na avaliação reflete a confiança dos investidores na missão da SSI de desenvolver uma superinteligência segura.
Aposta na reputação
No mesmo mês, a SSI estava em negociações para uma nova rodada de financiamento, buscando uma avaliação de pelo menos US$ 20 bilhões, o que quadruplicaria seu valor em relação à rodada anterior. Esse interesse dos investidores é amplamente atribuído à reputação de Ilya Sutskever e à abordagem inovadora que a equipe da SSI está implementando no desenvolvimento de superinteligência segura.
“Abordamos a segurança e as capacidades em conjunto, como problemas técnicos a serem resolvidos por meio de engenharia revolucionária e avanços científicos”, comenta a empresa em nota. “Planejamos avançar as capacidades o mais rápido possível, ao mesmo tempo em que garantimos que nossa segurança sempre permaneça à frente. Dessa forma, podemos escalar em paz”.
Compromisso com a segurança
Segundo a SSI, o compromisso exclusivo da empresa permite que não haja distrações decorrentes de sobrecarga de gestão ou ciclos de produtos. Além disso, o modelo de negócios adotado garante que a segurança e o progresso permaneçam protegidos de pressões comerciais de curto prazo.
Diferentemente de outras empresas de IA, a SSI se concentra exclusivamente no desenvolvimento de superinteligência segura. A empresa evita a criação de produtos intermediários comerciais, permitindo que toda a pesquisa e desenvolvimento sejam direcionados para esse objetivo de longo prazo.
A empresa opera com uma equipe enxuta, dividida entre escritórios em Palo Alto, Califórnia, e Tel Aviv. A SSI enfatiza a importância de avançar rapidamente nas capacidades da IA, garantindo que as medidas de segurança estejam sempre à frente, permitindo uma escalabilidade segura e responsável. “Estamos montando uma equipe enxuta e competente dos melhores engenheiros e pesquisadores do mundo, dedicados a focar em SSI e nada mais”, acrescenta a companhia.
Ex-CTO também lança startup de IA
A ex-diretora de tecnologia (CTO) da OpenAI também desenvolveu sua própria startup de IA. Mira Murati criou a Thinking Machines Lab, empresa de pesquisa e desenvolvimento em Inteligência Artificial. Lançada em fevereiro de 2025, a empresa tem como objetivo tornar os sistemas de IA mais compreensíveis, personalizáveis e amplamente capazes. Para isso, os planejadores compartilham regularmente notas técnicas, artigos científicos e códigos, promovendo transparência e colaboração na comunidade de IA.
“Vemos um enorme potencial para a IA ajudar em todos os campos de trabalho. Enquanto os sistemas atuais se destacam em programação e matemática, estamos construindo uma IA que pode se adaptar ao espectro completo da expertise humana e permitir um espectro mais amplo de aplicações”, diz a empresa.
A equipe do Thinking Machines Lab é composta por aproximadamente 30 pesquisadores e engenheiros, muitos dos quais vieram da OpenAI, Google e Mistral AI. Entre os membros notáveis estão John Schulman, cofundador da OpenAI e agora cientista-chefe da nova empresa, e Barret Zoph, ex-vice-presidente de pesquisa da OpenAI, que assume o cargo de CTO na startup.
“Somos cientistas, engenheiros e construtores que criaram alguns dos produtos de IA mais amplamente utilizados, incluindo ChatGPT e Character.ai, modelos de pesos abertos como Mistral, bem como projetos populares de código aberto como PyTorch, OpenAI Gym, Fairseq e Segment Anything”, explica a companhia.
IA pela ciência
A Thinking Machines Lab defende que o progresso científico é um esforço coletivo e aposta na colaboração com a comunidade de pesquisadores e desenvolvedores para ampliar a compreensão da humanidade sobre Inteligência Artificial. A empresa planeja publicar regularmente artigos técnicos, postagens em blog e códigos, com o objetivo de beneficiar o público e aprimorar sua própria cultura de pesquisa.
A empresa ainda desenvolve modelos avançados em áreas como ciência e programação, apostando que esses sistemas permitirão descobertas científicas e avanços de engenharia transformadores.
Outro foco da empresa são as capacidades multimodais avançadas. A companhia considera essa abordagem essencial para aprimorar a comunicação entre humanos e IA, garantindo uma interação mais natural, preservação de informações e melhor compreensão da intenção do usuário, além de facilitar a integração dos modelos em aplicações do mundo real. “Enquanto os sistemas atuais se destacam em programação e matemática, estamos construindo uma IA que pode se adaptar ao espectro completo da expertise humana e permitir um espectro mais amplo de aplicações”, frisa.
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