A OpenAI foi responsável por apresentar a Inteligência Artificial para o mundo. Em 2022, com o lançamento do ChatGPT, a tecnologia que já existia há algumas décadas ganhou uma interface amigável, e permitiu que qualquer pessoa interagisse de forma conversacional com a IA. Hoje, a empresa é avaliada em US$ 157 bilhões.
E essa gigante enxerga a América Latina como uma região-chave para o futuro da IA. No Web Summit Rio 2025, Nicolas Robinson Andrade, Head of Global Affairs, Latin America & Caribbean da OpenAI, aponta que os planos para a região – e para o Brasil – são muitos.
“A América Latina está muito bem-posicionada para participar do futuro da Inteligência Artificial. Trata-se de uma região que, historicamente, adota novas tecnologias com rapidez. Temos potencial para estar entre as lideranças de IA”, afirma Nicolas.
Para isso, o trabalho do executivo consiste em garantir que o melhor da IA chegue a todas as pessoas na América Latina. Essa preocupação com o acesso à tecnologia leva a OpenAI a realizar algumas ações específicas na região.
No Brasil, por exemplo, o projeto Favela GPT já levou acesso à versão avançada da ferramenta para 13 favelas do Rio de Janeiro. O principal objetivo é garantir que pessoas de diversos contextos possam usar a tecnologia para compreender o poder que ela tem e, com isso, passar a usá-la no dia a dia para resolver problemas locais.
“Para cumprir a nossa missão de levar a IA para todos, nós precisamos garantir o acesso. Por isso, além de projetos específicos, mantemos uma versão gratuita da plataforma disponível. E, para nos aproximar do comportamento dos usuários, lançamos o 1-0800-ChatGPT, que permite acessar as funcionalidades do ChatGPT via WhatsApp”, conta Nicolas.
Parceria para acelerar
Outra ação da OpenAI para acelerar o uso da Inteligência Artificial no Brasil é a parceria com empresas e instituições, que usam a tecnologia para acelerar processos, aumentar a eficiência e inovar. Com isso, os envolvidos nos projetos desenvolvem habilidades para trabalhar com a ferramenta.
Um exemplo é a parceria com o Instituto de Computação da UFAM para monitoramento ambiental da Amazônia. Os acadêmicos da universidade passaram a usar o ChatGPT para conectar e analisar dados de sensores distribuídos em vários locais da Amazônia, facilitando a mensuração da qualidade da água e reconhecimento de animais silvestres.
A OpenAI também fez parte do projeto da Jusbrasil que criou uma ferramenta baseada em IA para facilitar o acesso a questões jurídicas, apoiando o entendimento de uma linguagem considerada complexa por muitos consumidores.
As ações se estendem para setores como a educação e a agricultura, de forma que a IA passe a fazer parte da rotina das pessoas, moldando um comportamento menos resistente e mais aberto às transformações.
Os bastidores
Para Nicolas Andrade, quando o assunto são os grandes modelos de linguagem (LLMs), o mais importante é entender como eles são criados e treinados. Ele explica que o primeiro passo envolve o treinamento com supercomputadores, quando o modelo aprende o que pode ser dito e o que precisa ser evitado.
No segundo estágio, são imputados conhecimentos específicos, que treinam o modelo para compreender o que é mais interessante para o usuário. O terceiro passo consiste em aumentar a diversidade das repostas.
“A grande questão é que a grande maioria dos dados são treinados em inglês, e ainda existem grandes desafios com alguns idiomas. É preciso treinar os modelos para que eles entendam as variações da sociedade e as diferenças culturais, e por isso a importância do maior uso da ferramenta”, afirma Andrade.
Nesse sentido, ele traz o exemplo do governo da Islândia. “Eles perceberam que, com a complexidade do idioma do país, o único caminho para ter um modelo de linguagem que correspondesse verdadeiramente às expectativas era treinar os dados na língua deles. Esse projeto é um modelo de inspiração”, destaca.
Para Nicolas, a regulação da IA é vital, mas a evolução dessa tecnologia está relacionada a três aspectos fundamentais: IA democrática, ou seja, acessível e que entende as diferenças culturais e sociais; infraestrutura; e distribuição.
“Os Estados Unidos estão se beneficiando com investimentos para aceleração da tecnologia. Mas a América Latina tem um grande potencial e também pode ter benefícios. O grande ponto é: como uma tecnologia feita por poucos países pode gerar valor para todas as pessoas ao redor do mundo?”, provoca Nicolas.
A boa notícia é que o custo da tecnologia deve reduzir ainda mais. “Você vai ao supermercado e dificilmente encontra um produto que o preço caiu 10 vezes. Com a IA isso deve continuar acontecendo, e isso levará à adoção cada vez maior de Agentes de IA.”
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