O impacto das dívidas na qualidade de vida dos consumidores tem se tornado uma preocupação crescente. Em um cenário econômico desafiador, com altas taxas de juros e um custo de vida cada vez mais elevado, muitos brasileiros se veem incapazes de honrar seus compromissos financeiros, e isso resulta em uma espiral de inadimplência. Levantamento recente feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostrou que, em junho de 2024, quatro em cada dez brasileiros adultos (41,28%) estavam negativados, o que representa 67,98 milhões de consumidores.
Esse quadro não afeta apenas a saúde financeira das famílias, mas também seu bem-estar psicológico. Outro estudo também feito pela CNDL e pelo SPC Brasil, dessa vez em parceria com a Offerwise Pesquisas, mostra que a ansiedade e o estresse decorrentes das dívidas são fatores que interferem diretamente na qualidade do sono, o que causa noites mal dormidas e um ciclo de cansaço e exaustão que impacta diversas áreas da vida. Segundo o levantamento, 82% dos entrevistados admitem que sofreram algum tipo de efeito, seja na saúde física ou mental, após atrasar o pagamento das contas.
Consequências das dívidas na vida dos brasileiros
Diante de um contexto de instabilidade econômica, a pressão causada pelas dívidas pode afetar diversas áreas da vida do consumidor. Entre os principais efeitos da inadimplência, 66% dos consumidores entrevistados relataram dificuldades para dormir, 60% afirmaram ter menos vontade de socializar e 51% mencionaram alterações no apetite. Além disso, uma parcela significativa admitiu recorrer a vícios como cigarro, comida ou álcool (37%) e realizar compras impulsivas (26%) como forma de lidar com a ansiedade.
A pesquisa revela ainda que 97% dos participantes sofreram emoções negativas devido à inadimplência. Os dados mostram que 84% expressaram preocupação, 74% passaram a sentir mais ansiedade, 65% relataram estresse ou irritabilidade, 64% angústia e 64% vergonha. Outro ponto relatado pelo estudo mostra que as mulheres foram mais afetadas em quase todas as emoções investigadas.
“A inadimplência traz impactos tanto no âmbito financeiro, mas também na saúde emocional e física das pessoas”, pontua José César da Costa, presidente da CNDL. “É importante que o consumidor que esteja nesta situação procure ajuda de amigos e familiares. Negociar dívidas e encontrar soluções demanda equilíbrio”.
Mudanças no padrão de vida
As dívidas impactam também o padrão de vida dos consumidores. Segundo o levantamento, 88% dos inadimplentes relataram impactos negativos da inadimplência nessa área, enquanto apenas 10% afirmaram que seu estilo de vida permaneceu inalterado.
Devido às dívidas em atraso, 38% dos entrevistados evitaram comprar roupas e calçados, 37% passaram a anotar todos os ganhos e gastos, 36% evitaram sair com pessoas que gostam de gastar e incentivá-las a fazer compras, e 34% evitaram fazer compras a prazo.
Além disso, a maioria dos consumidores endividados (70%) tentou obter algum tipo de crédito no último ano, com 53% buscando pagar dívidas e 23% desejando adquirir algo novo. Em contrapartida, 30% não buscaram crédito, especialmente nas classes C, D e E. Entre os que tentaram, 75% conseguiram, com as modalidades mais utilizadas sendo empréstimos (39%), cartão de crédito já existente (21%) e limite do cheque especial (15%). No entanto, 24% não obtiveram aprovação.
Relações sociais e profissionais
A ansiedade, o estresse e a depressão, comuns entre os endividados, não apenas comprometem a qualidade de vida, mas também reduzem a eficiência e o desempenho na vida profissional. Segundo o levantamento, no ambiente de trabalho, 57% dos endividados relataram problemas após a inadimplência, enquanto 43% se tornaram mais desatentos ou improdutivos. Já 37% apresentaram queda na produção e 35% perderam a paciência com os colegas.
Ainda segundo o estudo, mais da metade dos entrevistados (56%) revelou que as dívidas afetaram suas relações sociais. 48% mostraram um aumento de irritabilidade e intolerância com as pessoas próximas, e 39% se tornaram mais negligentes com o bem-estar familiar.
“Muitas pessoas em situação de endividamento buscam no momento de desespero alternativas que podem piorar ainda mais a situação financeira”, finaliza Merula Borges, especialista em finanças da CNDL. “O grande número de ofertas de jogos de aposta online e de empréstimos que prometem dinheiro rápido podem fazer com que o consumidor entre em um círculo vicioso de dívidas, tornando a situação ainda pior do que já estava”.
CCX
No dia 6 de agosto, o Credit and Collection Experience (CCX) reunirá especialistas, lideranças e empresários. A ideia é propor soluções para os desafios da jornada dos consumidores brasileiros no acesso ao crédito e na resolução de dívidas, principalmente nesse momento, em vias da regulamentação da reforma tributária.
Diante de transformações no setor, motivadas por tecnologias recentes como a Inteligência Artificial generativa, Big Data e Machine Learning, chega o momento de aprofundar conhecimentos para construir a sustentabilidade financeira e econômica do país.
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