Setembro é conhecido no Brasil como mês de prevenção ao suicídio, o setembro amarelo. Quando pensamos em saúde mental precisamos também lidar com a raiz do problema e não apenas o resultado dele, que pode ser depressão, ansiedade, dentre outros transtornos que podem ser causados por diversos motivos. Segundo um estudo feito no Reino Unido, as dívidas podem ser um desses motivos, já que estão diretamente ligadas à deterioração da saúde psicológica, especialmente entre jovens.
De acordo com o levantamento, entrevistados afirmam que o endividamento está contribuindo ativamente para o declínio de sua saúde mental, sendo que 23% acreditam que seu psicológico está no pior momento por causas financeiras. O número aumenta para 36% entre a faixa etária de 25 a 34 anos. A pesquisa feita pelo Office for National Statistics do Reino Unido ainda explica que esses jovens entre 25 e 34 anos são mais propensos a ter vulnerabilidade financeira do que idosos na faixa dos 75 anos ou mais.
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Efeitos das dívidas no emocional
No Brasil isso não é muito diferente. Informações do Mapa da Inadimplência e Negociações de Dívidas da Serasa, quase 50% da população brasileira passa por problemas financeiros. São cerca de 71,44 milhões de pessoas em situação de inadimplência no mês de julho de 2023, no qual a maioria tem idade entre 41 e 60 anos – o que muda em relação ao Reino Unido, onde os devedores são mais jovens. Mas o que a falta de dinheiro e “nome sujo” causam na mente dos cidadãos brasileiros?
A Pesquisa Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro 2022, também da Serasa em parceria com a Opinion Box, aponta que a dificuldade para dormir por causa das dívidas afeta 83% dos devedores, já 78% têm surtos de pensamentos negativos devido aos débitos vencidos, enquanto 61% viveram ou vivem sensação de “crise e ansiedade” ao pensar na dívida. Medo do futuro, vergonha do endividamento, tristeza, e isolamento social e até problemas conjugais fazem parte do dia a dia dessas pessoas, tudo por causa das finanças.
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“Os aspectos biológicos são uns dos primeiros sintomas de preocupações com as dívidas, especialmente quando estas podem levar à inadimplência“, explica Valeria Meirelles, psicóloga especializada em finanças, que colaborou com uma pesquisa nacional realizada pela Serasa. De acordo com a profissional, quando as dívidas são ligadas a outras pessoas ou gastos essenciais, o problema fica ainda pior. “E quando são dívidas voltadas à escola dos filhos, à faculdade, ao aluguel ou condomínio, contas básicas, os sentimentos se agravam”, indica.
Como se já não fossem problemas suficientes, o endividado ainda tem que tomar cuidado no ambiente de trabalho. “Alterações de humor e irritabilidade podem comprometer a relação com colegas, e levar, em casos extremos à demissão“, completa Valéria.
Motivos do endividamento no Brasil
Os grandes culpados pela inadimplência entre os brasileiros são: o desemprego, em primeiro lugar, seguido pelo cartão de crédito, e pelas compras por impulso. O que acaba agravando é o não conhecimento sobre as altas taxas de juros e multas em cima de falta de pagamento, empréstimos e parcelamento de fatura, como aponta o perfil realizado pela Serasa. “A difusão e a expansão de conhecimentos de Educação Financeira certamente atuam de forma positiva, facilitando processos de entendimento e pagamento de dívidas”, afirma a psicóloga.
Algo que pode parecer uma boa ação também é motivo de endividamento: o empréstimo para familiares, colegas e amigos. Muitos podem achar que estão fazendo um bem ao outro, porém não há garantia de que o devedor irá devolver o dinheiro e, dessa forma, quem acaba sendo prejudicado é quem emprestou. 11% dos entrevistados para o Mapa do Endividamento Brasileiro de 2022 afirmaram que alguém comprou em seu nome e não pagou, enquanto outros 8% emprestaram em seu nome e não tiveram retorno do pagamento.
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Negociação de dívidas
Quem quiser renegociar a dívida e obter um acordo mais favorável, existem algumas opções. O Programa Desenrola Brasil, do Governo Federal, é uma iniciativa para estimular credores, como bancos e financeiras, a se reorganizar financeiramente ao renegociar as dívidas existentes em termos mais viáveis para desnegativar a população.
Às vezes os próprios bancos estão dispostos a negociar as dívidas sem o intermédio da Serasa, basta ligar ou verificar no site e canais de atendimento como fazer. Caso prefira, o devedor também pode procurar os mutirões do Feirão Limpa Nome da Serasa, que é presencial e tem datas e locais divulgado no próprio site da instituição.
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