O Google enfrenta um julgamento do Departamento de Justiça dos Estados Unidos em relação ao monopólio do seu mecanismo de busca. Com concorrentes pouco expressivos, como Bing, da Microsoft, e DuckDuckGo, o órgão analisa o que fazer para desmantelar a relevância anticompetitiva da big tech.
Em maio de 2024, Eddy Cue, VP sênior de Serviços da Apple, revelou em depoimento que o Google representa uma fatia relevância da receita da empresa fundada por Steve Jobs. Isso porque recebe pagamentos para que o Safari, navegador da Apple, utilize o mecanismo de busca do Google por default.
Segundo o juiz Amit Mehta, do Departamento de Justiça, o Google deveria ser obrigado a compartilhar dados de busca com competidores, além de vender a operação do Google Chrome. No entanto, o acordo com a Apple não foi barrado, uma vez que poderia dar mais flexibilidade para que a empresa incluísse novos acordos de mecanismos de buscas em seus dispositivos.
Agora, em novo depoimento, Eddy Cue acredita que, em 10 anos, não haverá necessidade de ter um iPhone.
IA x iPhone
Segundo o executivo, o motivo para isso está na Inteligência Artificial, uma vez que a tecnologia tem o potencial de reformular a indústria e abrir as portas para novos entrantes. Para Cue, diferente de indústrias como petróleo e pasta de dente – que são recursos necessários para os consumidores por toda a vida –, não será preciso ter um smartphone da Apple no futuro.
Cue ainda afirmou que a melhor coisa que a empresa fez foi “matar” o iPod. Apesar de parecer improvável que a Apple faça o mesmo com o produto que representa mais da metade da receita, o executivo aponta que a IA representa uma grande mudança tecnológica. E mais: que essas mudanças podem virar o jogo para organizações consideradas inquestionáveis.
Hoje, já é possível identificar alguns dispositivos que dão luz sobre essa possibilidade. É o caso dos óculos da Meta em parceria com a Ray-Ban, que viabilizam um assistente de IA sem a necessidade de um smartphone. Mesmo a Apple já anunciou trabalhar no desenvolvimento de dispositivos que permitem que usuários interajam com a IA. No entanto, nada ainda não é tão generalizado quanto um iPhone.
Buscas com IA
Ainda, Eddy Cue revelou que as buscas realizadas pelo Safari caíram pela primeira vez em 22 anos no último mês. Segundo o executivo, essa queda se deve ao uso crescente da Inteligência Artificial. Dessa forma, ferramentas e apps como ChatGPT, Perplexity e Gemini estariam sendo mais buscados pelos usuários para realizar buscas. Uma vez que as buscas pelo Safari diminuíram, os pagamentos feitos pelo Google – hoje, de cerca de US$ 20 bilhões – também deverão cair.
Durante o depoimento, o executivo destacou que a Apple poderá passar a incluir ferramentas de IA no Safari no próximo ano. No entanto, destacou que essas soluções ainda não são boas o suficiente, uma vez que considera que o momento ainda é o início da IA generativa.
No final de abriu, o CEO do Google, Sundar Pichai, confirmou que a empresa está perto de fechar um acordo para integrar o Gemini no iPhone até o final do ano.
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