A chegada da Internet, da eletricidade e do motor à combustão, que impactaram a sociedade de forma transformadora, não contaram com o mesmo potencial da IA generativa. A tecnologia irá revolucionar a forma como trabalhamos, convivemos e consumimos. E as novas gerações, especialmente os Millennials (56%) e a Geração Z (57%), já estão usando a Inteligência Artificial generativa no seu dia a dia no trabalho.
Segundo o estudo “2025 GenZ and Millennial Survey”, da Deloitte, cerca de 30% dos GenZs e dos Millennials utilizam a IA generativa em todo ou na maior parte do tempo. Em comparação com o mesmo levantamento no ano anterior, o número representa uma alta: em 2024, 26% dos GenZs e 22% dos Millennials usavam a IA com essa frequência. Ou seja, a adoção da tecnologia segue numa crescente.
Ao mesmo tempo, ainda há uma parcela desses profissionais que não utiliza ferramentas de IA generativa: 26% da Geração Z e 27% dos Millennials. Esse dado, segundo o estudo, pode sinalizar uma falta de necessidade por essas funcionalidades, ou mesmo habilidades e adoção por parte das organizações. No entanto, a maioria reconhece que esse cenário deverá mudar em breve. 74% da Geração Z e 77% dos Millennials acreditam que a IA generativa irá impactar a forma como trabalham no próximo ano.
Os benefícios da IA generativa
Além disso, a maioria dos profissionais das duas gerações estão otimistas em relação ao impacto da IA generativa. 78% dos GenZs e 82% dos Millennials acreditam que a tecnologia irá melhorar a qualidade do trabalho, enquanto 77% e 79%, respectivamente, acreditam que a IA generativa irá ajudar a liberar mais tempo e otimizar o equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional. Essa percepção é relevante especialmente para a Geração Z que, segundo o estudo, tem esse balanço como uma de suas prioridades.
Para essas gerações, os principais impactos da IA generativa em suas carreiras até o momento são:
- Simplificação de tarefas rotineiras e aumento da eficiência;
- Aumento da produtividade;
- Otimização da criatividade e da inovação;
- Liberação de tempo para focar em questões estratégicas.
Preocupações e desafios da IA generativa
Ao mesmo tempo, a Geração Z e os Millennials têm alguns questionamentos sobre a tecnologia. 63% dos GenZs e 65% dos Millennials estão preocupados com a possibilidade de a IA generativa eliminar empregos, e tornar a entrada de novas gerações no mercado de trabalho mais difícil (61% de ambas as gerações).
Ainda, o protagonismo da IA generativa está fazendo com que 66% dos GenZs e 68% dos Millennials procurem por novas oportunidades de trabalho que percebem como estando “a salvo” da disrupção da tecnologia. É o caso de trabalhos manuais e técnicos.
Habilidades na era da IA generativa
Enquanto a IA generativa segue transformando organizações e a forma como as equipes trabalham, a Geração Z e os Millennials estão focados em treinamento. Como aponta o estudo da Deloitte, 17% dos GenZs e 19% dos Millennials afirmam que já completaram algum treinamento de GenAI. Já 36% e 37%, respectivamente, declaram que pretendem fazer algum treinamento no próximo ano.
Enquanto isso, as organizações já estão colhendo benefícios. Segundo o relatório “State of GenAI in the Enterprise”, da consultoria, no primeiro bimestre de 2024, 36% dos CxOs relataram acreditar que a falta de talento técnico e habilidades era uma grande barreira que estava deixando as empresas para trás na implementação de ferramentas de IA generativa. Ao final do mesmo ano, no quarto bimestre, o número caiu para 26%.
Soft skills e IA generativa
No entanto, para os profissionais dessas gerações, desenvolver habilidades como empatia e liderança são mais importantes para o desenvolvimento de suas carreiras. Como aponta o estudo, 59% dos GenZs e 62% dos Millennials acreditam que as habilidades de GenAI são parcialmente ou altamente requisitadas para o avanço em suas carreiras. Enquanto isso, 8 em cada 10 acreditam que os soft skills são parcialmente ou altamente demandadas.
Além disso, 72% dos GenZs e 76% dos Millennials acreditam que seis empregadores dão ênfase em um equilíbrio entre esses dois conjuntos de habilidades. Em outras palavras, as soft skills continuam tendo um papel importante na lógica da IA generativa.
Tanto que o relatório “Human Capital Trends” destaca que habilidades como curiosidade e inteligência emocional são relevantes por serem essenciais para a adaptabilidades, habilidade crítica para que as pessoas naveguem rapidamente em ambientes de trabalho em evolução.
O papel da liderança
É verdade que a Geração Z e os Millennials são otimistas em relação ao impacto da IA generativa. Mas, as lideranças têm o papel de responder às preocupações dessas gerações e como a tecnologia impacta suas carreiras e a organização.
Segundo a Deloitte, ao comunicar de forma clara o papel da IA generativa na transformação do trabalho, no crescimento da carreira e no equilíbrio entre vida pessoal e profissional, líderes são capazes de criar uma relação de confiança com a força de trabalho. Além disso, pode transformar os desafios em entusiasmo e engajamento em todos os níveis.
Ainda, a consultoria destaca a importância de priorizar treinamento e programas de reskilling para essa turma, incluindo habilidades técnicas e soft skills, como inteligência emocional, pensamento estratégico, empatia e liderança. Em um período próximo, a fluência em IA generativa e a educação serão especialmente importantes para acelerar a adoção e superar resistências iniciais.
No longo prazo, processos de upskilling e reskilling, além de redesenhar o trabalho e trajetórias de carreira, serão essenciais para capturar o valor da IA generativa e posicionar profissionais para o sucesso futuro. Ainda, uma vez que a tecnologia irá tornar mais difícil para que novas gerações conquistem vagas entrantes, as organizações deverão reavaliar como procuram e desenvolvem talentos.
Ou seja, mais do que esperar por experiências rígidas e formais, será necessário mudar a lógica para contratações baseadas em habilidades e potenciais.