Há poucas semanas acolhemos na ARCA um evento interno de uma agência. Fundada em 2020 e hoje já com algumas centenas de colaboradores em seus quadros, foi ali que muitos deles tiveram a primeira oportunidade de conhecer seus colegas ao vivo, socializar com pessoas de outras áreas e se enturmar com as respectivas equipes. Mas por que isso importa?
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O ser humano é altamente social. Salvo raríssimas exceções, os indivíduos da nossa espécie dependem grandemente de seus pares para poder levar uma vida funcional e próspera. Quando falamos de qualquer organização ou equipe, tal dependência é ainda maior – especialmente quando compartilham de objetivos ambiciosos.
É difícil construir uma relação de plena confiança com alguém de quem se depende sem que haja contato presencial entre os envolvidos, em particular numa cultura “quente” como a brasileira, na qual o contato físico e as relações de afinidade e amizade têm grande importância, mesmo no contexto profissional.
Neste mesmo sentido, muito da nossa comunicação é não-verbal. Para além do significado das palavras em si, a entonação, as expressões faciais, gestual e postura corporal são alguns dos componentes que apoiam e contextualizam aquilo que é dito.
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São fatores que interferem diretamente na maneira com que a mensagem é percebida e processada, assim como influenciam a dinâmica da interação entre duas ou mais pessoas. Muito disso se perde, em maior ou menor grau, quando a comunicação acontece exclusivamente de forma remota.
Três dos nossos cinco sentidos são estimulados apenas de forma presencial: paladar, olfato e tato. Eles exercem um papel fundamental na maneira com que determinadas experiências são registradas em nosso cérebro. O sabor e o aroma de um prato delicioso que provamos durante uma viagem estarão para sempre conectados à memória afetiva que criamos daquele lugar. De maneira análoga, um aperto de mão pode contribuir para a maneira como percebemos outra pessoa – tanto positiva como negativamente.
O mesmo vale para como captamos e registramos um determinado ambiente. É a partir da combinação dessas diferentes “lentes” que nos conectamos com tudo que nos rodeia – e é por isso que eventos são as experiências imersivas originais. É praticamente impossível registrar conteúdo e informação de forma isolada do seu contexto de apresentação. É por isso também que a experiência de um show no meio de uma pista pulsando junto com a música não pode ser comparada diretamente com a experiência de assistir o mesmo show por streaming ou na TV.
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Voltando ao exemplo da agência, após quase dez horas de apresentações, interações entre convidados, lideranças e colaboradores e a vivência coletiva proporcionada por aquele encontro, ficou claro como aqueles momentos eram insubstituíveis.
Para uma cultura organizacional em formação, a proximidade com os fundadores fez toda a diferença e trouxe outro nível de credibilidade para a visão que estava sendo compartilhada por eles – assim como clareza e alinhamento em torno dos valores segundo os quais a empresa estava disposta a modelar sua atuação para atingir seus objetivos. Foi também, claro, uma oportunidade para expressar identidades individuais, afirmar ou reafirmar compromissos e fazer amigos (por que não?).
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Não há nada de errado com eventos e experiências digitais, muito pelo contrário. Eles complementam, enriquecem e amplificam as experiências presenciais. Contudo, mesmo depois de dois anos de máscaras, restrições e isolamento social, não creio que seja possível falar em substituição de uma coisa pela outra. Os eventos presenciais ainda são a maneira mais poderosa e eficaz de envolver e cativar pessoas – sejam colaboradores, fãs ou clientes.
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* Por Mauricio Soares, sócio-fundador da ARCA.
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