Atualmente vivemos uma situação de isolamento social para diminuir a contaminação pelo novo coronavírus: pessoas não podem sair de suas casas e inúmeras lojas permanecem de portas fechadas, por ordem do poder público. O impacto dessas circunstâncias no comércio no dia a dia é uma consequência natural e já é percebida.
Porém, a Páscoa, que acontece no domingo de 12 de abril, será a primeira celebração importante para o comércio a acontecer desde o início da pandemia e será afetada de uma maneira que nunca se viu antes. A data chega para mostrar os primeiros sinais dos novos comportamentos do consumidor após o surgimento do vírus que ronda e assusta o planeta. Em outras palavras, a Páscoa indicará como as grandes datas serão impactadas pela necessidade de digitalização gerada pela COVID-19.
Desenfreada digitalização
Neste contexto, o movimento de compras on-line é um dos pontos mais notórios. De acordo com o estudo Global Consumer Insights Survey, realizado pela PwC, no ano passado os consumidores brasileiros não tinham o costume de comprar mantimentos com frequência através do e-commerce. A necessidade de ver e tocar os alimentos (51%), a desconfiança sobre a qualidade dos produtos (38%) e a preocupação com o transporte (28%) foram as principais barreiras apontadas.
Com a quarentena, esses obstáculos precisaram ser colocados de lado. Hoje a digitalização passou de uma escolha para uma necessidade e o setor de delivery se transformou em um grande amigo. Segundo a Reuters, a Rappi, um dos principais aplicativos de entrega, teve um aumento de cerca de 30% no número de pedidos em toda a América Latina, principalmente nas categorias de supermercados, restaurantes e farmácias, comprovando que os consumidores estão mais receptivos ao mercado de mantimentos online.
É muito provável que, quando a pandemia se estabilizar, tanto a população quanto as empresas não serão mais as mesmas. Se hoje as marcas estão buscando alternativas para fazerem seus produtos chegarem até o consumidor final de forma eficiente, amanhã ainda mais. Seja por meio de canais online, seja por marketplaces ou outras inovações.
Segundo Fernando Gambôa, sócio-líder da KPMG no Brasil, a transformação e a digitalização das empresas são as primeiras áreas a serem desenvolvidas. Desta forma, os estabelecimentos devem reforçar seus canais e os consumidores precisam mudar a mentalidade sobre compras digitais.
“Isso será uma mudança de paradigma que dificilmente voltará ao estágio original pré-crise. A tecnologia passa a ser um fator viabilizador para a continuidade dos negócios. Nesta esteira, as empresas irão acelerar a adoção dos canais digitais, seja criando e-commerce, aplicativos, seja se associando a plataformas ou markeplaces já existentes. A logística de distribuição ao cliente final também deve melhorar, visto que esta modalidade é a que mais está sendo utilizada atualmente”, afirma o executivo.
A demanda por produtos também está mudando e esse comportamento precisa ser visto pelas empresas que não querem ficar para trás. É importante estar ciente que o coronavírus será responsável por trazer grandes aprendizados para o mundo dos negócios.
“Assim como na gestão de riscos, a qual considera que em determinados momentos os riscos possam ser interpretados como oportunidades, devemos olhar não somente para os aspectos negativos que vieram com o COVID-19, mas também para os aprendizados que envolvem um maior planejamento, investimento em infraestrutura, gestão, controles, administração de crises e, sem sombra de dúvidas, nas experiências e ações criativas que foram adotadas”, aconselha Paulo Ferezin, também sócio-líder da KPMG no Brasil.
Solidariedade e valorização do comércio local
Todos sabemos que uma crise não é fácil para ninguém. Mas há aqueles que conseguem sobreviver e os que podem chegar à ruína. Falando especificamente da comercialização de ovos de Páscoa, a realidade dos pequenos produtores de chocolate é bem diferente da de grandes indústrias alimentícias.
“Muitas empresas que trabalham com chocolate, em tempos ‘normais’, têm 50% a 60% de suas vendas do ano realizadas durante a Páscoa. O clima é de preocupação tanto para os fornecedores e fabricantes quanto para os varejistas. Alguns conseguiram mudar os planos com o começo da COVID-19 e reduziram drasticamente suas produções. Outros desses pequenos negócios que não possuem forte presença em e-commerce esperam vender apenas de 10% a 20% do esperado para o período”, afirma Leila Okumura, cofundadora da Local.e, plataforma digital que conecta marcas locais e varejistas.
É nesse cenário que a solidariedade entra como um fator significativo no comportamento da população. Com milhares de estabelecimentos fechados, os consumidores estão priorizando negócios locais. Além disso, as mudanças de estruturas para e-commerce e a forma como as pessoas lidam com isso também foram aceleradas por consequência da pandemia.
É o caso da Chocoponto, uma pequena fábrica com quatro lojas na zona sul de São Paulo, que fez um vídeo pedindo ajuda em suas vendas e viralizou pelo Brasil através das redes sociais. A repercussão foi tanta que a empresa precisou montar um e-commerce em 24h para atender à demanda e já vendeu todo o seu estoque de ovos previstos para 2020. “É interessante o quanto os consumidores têm se mobilizado nesse momento para ajudar as pequenas marcas locais e pequenos negócios. Esse movimento tem sido fundamental e espero que esse espírito de solidariedade permaneça depois que a crise passar”, acrescenta Leila Okumura.
Confraternizações minimalistas
Este ano, a Páscoa traz relações de comportamentos diferentes dos que acompanhamos nos anos passados. Hoje temos um novo normal: os consumidores estão trocando o mundo físico pelo virtual, as pessoas se reúnem por vídeo conferência ou aplicativos. Onde não há calor humano, mas espírito de comunicação, confraternização e empatia.
Diante disso, é importante que as pessoas mantenham a quarentena e celebrem de uma forma minimalista, sem visitar os parentes e amigos de outras casas. O almoço de Páscoa, tradicional no Brasil, precisará ser moderado e para manter a interatividade da época viva e a saúde longe do vírus, as pessoas podem criar momentos especiais dentro de casa. De acordo com um estudo do Google, este ano 38% dos brasileiros vão realizar a tradição com o número convidados reduzidos, enquanto 28% realizará um almoço pequeno sem outros familiares.
Para que a adaptação ocorra de forma mais natural há dois pontos importantes: o primeiro e principal é sempre permanecer calmo. Depois disso, é necessário se reinventar. “Pelo distanciamento social, os almoços e confraternizações em família serão bastante reduzidos, mas devemos considerar que assim como as empresas encontraram algumas soluções rápidas para home office, as famílias e a população de forma geral estão bastante digitalizadas e confraternizações virtuais ocorrerão, incluindo aqui a troca de ‘presentes’ que serão materializadas em momento subsequente quando o distanciamento social puder ser relaxado”, expõe Paulo Ferezin.
O consumo no domingo de Páscoa
Além disso, muitas pessoas consomem peixe nesta época, principalmente o bacalhau, mas como refeições familiares serão minimalizadas a tendência é que haja redução no consumo do alimento. A concentração em manter uma dieta para fortalecer a imunidade e a cadeia de ciclo longo e com importações da Europa, também favorecem para uma diminuição. “Toda a cadeia de peixes também será afetada, por estoques já nacionalizados, parte distribuído e parte ainda estocado, assim como uma parcela que os exportadores nem conseguiram embarcar após a COVID-19 e restrições portuárias”, conclui Paulo.
Sobre os impactos no mercado, os resultados ainda estão muito insertos, mas é importante saber que a indústria e o varejo também são exemplos transformação durante o período de Páscoa. Leia mais sobre isso aqui.
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