Cerca de 35,7 milhões de brasileiros não têm registros financeiros. O número representa 21,7% da população adulta do país. São indivíduos que não possuem contas de consumo, registros de financiamentos e empréstimos, ou faturas de cartão de crédito em seus CPFs ou no Cadastro Positivo. O levantamento é do Serasa Experian.
Dentre essas pessoas, 80,5% não estão negativadas. As informações apontam que, por mais que essa parcela da população não esteja endividada, ainda podem se deparar com dificuldades para acessar crédito. Isso porque, sem as informações, dificilmente instituições financeiras e empresas conseguem fazer análises de risco de crédito para conceder empréstimos, cartões de créditos, e mesmo serviços de telefonia e de internet.
No entanto, novo estudo da TransUnion, empresa global de informação e insights, aponta que pessoas entrantes no mercado de crédito demonstram ter capacidade similar ou melhor de pagamento na comparação com pessoas já atendidas e com histórico de crédito no mercado. Além disso, seis em cada dez consumidores New-to-Credit afirmaram que suas necessidades de crédito aumentarão nos próximos três a cinco anos – com níveis mais altos nos mercados em desenvolvimento.
Levando em consideração dados de milhões de consumidores em diversos países, além de contar com uma pesquisa online com mais de oito mil consumidores New-to-Credit, o estudo traz insights que podem ajudar empresas e instituição financeiras a ampliar suas ofertas de crédito.
New-to-Credit e motivações
Segundo a TransUnion, consumidores entrantes no mercado de crédito – ou New-to-Credit – são aqueles sem histórico de crédito e que adquiriram seu primeiro produto de crédito tradicional. São itens como financiamento de veículo e imobiliário, e cartão de crédito. Como aponta o estudo, esses consumidores são ávidos por mais crédito e tendem a ser leais às instituições financeiras que lhe concedem os primeiros produtos bancários.
Em relação aos New-to-Credit brasileiros, 34% deles afirmam que escolher as instituições nas quais já possuíam conta para solicitar o primeiro produto de crédito. Em segundo lugar, o fator que mais lhe influenciaram na escolha da instituição foi a conveniência (21%), seguida por recomendações de amigos e familiares, ofertas de produtos e serviços atrativos, e publicidades. Além disso, 57% dos entrevistados brasileiros apontaram ter recebido um produto de crédito na primeira instituição financeira na qual se cadastraram.
Segundo os consumidores globais New-to-Credit, novos gastos foram a principal motivação para a contratação do primeiro produto ou serviço de crédito – no Brasil, esse motivador foi apontado por 49% dos respondentes. Por aqui, o cartão de crédito foi o primeiro produto contratado por 39% das pessoas entrevistadas, seguido pelo empréstimo pessoal (37%). Já nos Estados Unidos e no Canadá, o principal fator foi o acesso a um meio conveniente de gastar. Nesses dois países, o cartão de crédito é o produto financeiro mais comum.
Maior necessidade de crédito
Segundo o estudo, seis a cada dez consumidores entrantes no mercado de crédito afirmaram que suas necessidades por esses tipos de produtos aumentaram nos próximos três a cinco anos. Na Índia, esse índice chega a 79% dos consumidores, enquanto no Brasil é de cerca de 66%.
“A inclusão financeira através do acesso ao crédito apoia o avanço econômico das pessoas e do país, principalmente no caso da disponibilidade de ofertas de serviços e produtos de crédito tradicionais para os consumidores, como transações, pagamentos, cartão de crédito, empréstimo pessoal, entre outros que atendam às necessidades das pessoas”, afirma Claudio Pasqualin, Vice-Presidente de Soluções da TransUnion no Brasil. “Esses produtos servem como meio de mobilidade financeira, podendo ser a porta de entrada para melhorar a sua qualidade de vida, a exemplo de prestação de serviços e abertura ou manutenção de pequenos negócios”.
No entanto, esses clientes possuem alguns entraves para acessar maiores ofertas de crédito. Esses desafios se dão, principalmente, pela falta de dados disponíveis para que as organizações e instituições financeiras façam suas análises para conferir a capacidade de pagamento desses consumidores. Dessa forma, se torna um malefício para as duas partes – quem solicita e quem provê o crédito.
Assim, o estudo da TransUnion sugere que organizações recorram ao uso de dados alternativos para fazer suas análises de risco de crédito. Combinando assim dados tradicionais e outros alternativos, é possível fazer uma avaliação ainda mais abrangente da capacidade de pagamento dos consumidores New-to-Credit e, assim, expandir os negócios das instituições sem correr riscos demasiados.
“Está claro que consumidores New-to-Credit em todo o mundo, incluindo no Brasil, desempenharão um papel importante no crescimento de muitos negócios”, afirma Cibele Rodrigues, Diretora de Credit Risk Solutions da TransUnion Brasil. As empresas e credores que fazem uso de dados alternativos e positivos na aprovação de crédito, e que geram uma experiência de qualidade durante a jornada de compra do consumidor, provavelmente terão sucesso na fidelização desses consumidores NTC”.