Resisti o quanto pude. Mas não durou três dias minha tentativa de fugir do Clubhouse. Não sabe o que é? Pois eu conto. Após diversos contatos da minha agenda de WhatsApp me enviarem convites para eu entrar na nova rede social do momento, cedi e fiz meu cadastro. Juntando a questão da exclusividade com a praticidade de falar tudo que se quer por mensagem de voz, o aplicativo, que ficou disponível para download no começo de fevereiro, é o grande responsável pelo buzz nas outras redes (como Twitter e Instagram) esta semana.
Há duas formas de participar do Clubhouse: ou o usuário é convidado por alguém que já está lá e esses convites chegam via SMS para poder logar no app; ou a pessoa se cadastra e fica numa espécie de fila na qual seu nickname será aprovado – em algum momento – para ter acesso.
Como o brasileiro adora uma rede social, não é difícil imaginar que só se fala neste aplicativo nos últimos dias. Por enquanto, o Clubhouse só está disponível na loja da Apple, o que fez com que ficasse conhecido também como a “rede social do iPhone”. Se você não tem o smartphone que roda o iOs não consegue participar.
O sucesso é tanto que a Decode, empresa de dados e client aquisition, resolveu mapear o interesse pelo aplicativo por aqui. O resultado? No último dia 7 de fevereiro, quando deu-se o boom de lançamento do app, as buscas pelo Clubhouse superaram em 66% a procura pelo TikTok. Entre os termos mais pesquisados estão “o que é clubhouse“, “convite clubhouse” e “clubhouse android”.
Ainda de acordo com o material divulgado pela empresa, com a análise de posts publicados no Twitter no período entre 31 de janeiro e 8 de fevereiro, verificou-se que 44% dos comentários dos tweets sobre o novo aplicativo foram positivos. Dentro desse número, 34% das menções eram de pessoas que já haviam entrado no app e estavam gostando da experiência. Cerca de 29% dos tweets traziam comentários de quem ainda não conhecia o app.
O poder do áudio
Como provam as tendências de consumo de conteúdo que vêm bombando a escuta de podcasts pelo mundo todo, o áudio é a grande atração para se comunicar em tempos nos quais estamos exaustos das telas. O teletrabalho e o tele-estudo, junto com a restrição de convívio social também obrigaram as pessoas a se comunicarem mais por videochamadas. Por isso mesmo, mandar uma mensagem de áudio, que já se tornou supercomum em outros aplicativos, como whatsapp e até via mensagem direta do Instagram, acabou virando a forma mais popular de trocar com os outros.
Minha experiência com o Clubhouse foi boa: eu mesma já costumava mandar áudios dos grandes para me comunicar com meus contatos. Para quem tem esse hábito, o app foi um achado: e você pode ouvir as vozes de pessoas que nunca imaginou – como a de Elon Musk. O CEO da Tesla ajudou a bombar o app ao entrevistar o CEO da Robinhood, Vlad Tenev.
Mas nem todo mundo curtiu a novidade. Algumas pessoas têm reclamado por aí que a reunião de pessoas enviando mensagens de voz parece uma “palestra” constante e que é mais um lugar para colocar conteúdo e receber notificações. A parcela de comentários negativos, de acordo com a Decode, foi de 27% das menções. “Desses, 33% utilizaram o aplicativo e não gostaram, 30% reclamaram que o app funciona apenas em iOS, 22% reclamaram da repercussão de mais uma rede social, 15% possuem o app mas ainda não entenderam como funciona”, indica o relatório da empresa.
De uma maneira ou de outra, foram cerca de 2 milhões de buscas no Brasil, de acordo com o Google Trends, no período de 1 a 8 de fevereiro. Vale ressaltar ainda que entre os seguidores do perfil @join.clubhouseapp no Instagram a maioria é de mulheres, com 66%; já 34% corresponde ao público masculino. A maioria dos usuários até o momento varia entre 25 e 44 anos, com quase 74% de quem entrou na plataforma.
O Clubhouse pede que o usuário se cadastre com seu nome real e diz claramente ser um aplicativo para pessoas que existem. Inicialmente, partindo de minha experiência, tenho a dizer que ele parece querer mesmo promover o debate de ideias, opiniões, a troca pela boa e velha conversa.
Você pode começar uma sala com seus amigos e logo, se o assunto interessar, mais gente tem a possibilidade de participar – caso o clube (ou a sala) esteja aberta a todos. Mas ela também pode ser restrita a quem você convidar apenas. Há diversos temas para se escolher ouvir, selecionados logo na hora do cadastro. Também é possível olhar o calendário com as próximas conversas que vão rolar e clicar em um sininho que te avisará quando o papo daquele grupo começar. Temas como influência, futuro da moda, maternidade, entre outros, já estão rolando. O administrador de cada sala pode moderar o número de pessoas que falam e até expulsar alguém do papo coletivo. Enfim, é um novo mundo que se abre.
E aí, ficou com vontade de participar?
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