Na última quinta-feira, dia 19 de novembro, um episódio ocorrido em loja do Carrefour em Porto Alegre resultou na morte de João Alberto Silveira Freitas. O caso ganhou repercussão nacional e causou muitos protestos populares, que denunciaram racismo. A rede de supermercados, inclusive, foi desligada da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial por tempo indeterminado.
Representantes do grupo se posicionaram pedindo desculpas pela “tragédia” e prometendo ações concretas para o combate ao racismo estrutural no Brasil. Desde então, o Carrefour já anunciou uma série de iniciativas para manter esse compromisso. Entre elas estão investimentos financeiros para a causa e ações internas. Confira.
Revisão de contratações
Uma das primeiras ações tomadas foi a recomendação de uma revisão completa da contratação de serviços de segurança, além da realização imediata de treinamentos para o quadro de colaboradores e para terceirizados.
Para as três lojas de Porto Alegre, cidade palco do episódio, foi anunciada uma uma “transformação radical no modelo de segurança”. As equipes serão internalizadas com o apoio da ICST Brasil, empresa especializada em transformação da segurança privada. Regras rigorosas de recrutamento e treinamento regular desses colaboradores foram estabelecidos.
Além de uma política zero de tolerância ao racismo e à discriminação, o Grupo se comprometeu a contratar cerca de 20 mil novos colaboradores por ano com o percentual mínimo de 50% de negros entre eles. Para os funcionários negros, a empresa irá oferecer qualificação diferenciada afim de acelerar a carreira com metas corporativas anuais para formação e ascensão dentro do Carrefour.
Investimentos para o combate ao racismo
Toda a renda das lojas do País da sexta-feira (20), Dia da Consciência Negra, foi revertida para projetos de combate ao racismo. O mesmo acontecerá com o faturamento desta quinta (26) e sexta-feira (27).
Também foi criado o Fundo de Combate ao Racismo e Promoção da Diversidade com aporte inicial de R$ 25 milhões. “Este movimento é o primeiro passo da empresa para que o combate ao preconceito e racismo estrutural, que é urgente no Brasil, ganhe ainda mais força e apoio da sociedade”, disse Noël Prioux, CEO do Grupo no País, em nota.
Criação de Comitê
Para a tomada de todas essas decisões, o Carrefour consultou especialistas e entidades representativas do combate ao racismo com o objetivo realizar ações realmente concretas. Por fim, nesta quinta-feira (26) foi anunciada a criação do Comitê Externo de Livre Expressão sobre Diversidade e Inclusão. Os integrantes, que não estão subordinados ao Grupo, são reconhecidas autoridades no assunto e devem auxiliar as em diretrizes e ações contra o racismo.
Algumas das primeiras medidas anunciadas pelo Comitê são a inserção de uma cláusula de tolerância zero ao racismo em todos os contratos do Grupo com fornecedores – qualquer descumprimento implicará no rompimento imediato do contrato – e o apoio à instituições de ensino para a formação profissional de jovens negros.
“Sabemos que nada trará a vida de João Alberto de volta, mas não vamos medir esforços para que a transformação necessária aconteça”, disse o Carrefour em comunicado.
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