A resposta para a pergunta, certamente, varia de acordo com o interlocutor. Fatores como faixa etária, localidade, classe econômica e social, etnias e tantas outras variantes da vida em sociedade impactam enormemente a capacidade e a percepção das pessoas em se relacionarem com outras, criarem diferentes formatos para a vida a dois – às vezes, a três ou mais – e perceberem seus próprios relacionamentos.
Nesse Dia dos Namorados, seja uma data para celebrar o amor, chorar as pitangas pela solteirice, ou um estímulo para o consumo e filas quilométricas em restaurantes, a verdade é que cada indivíduo possui suas próprias referências sobre o que significa um relacionamento feliz e satisfatório.
Levantamento da consultoria Ipsos buscou responder essa pergunta entrevistando pessoas ao redor do mundo em 31 países. A descoberta foi que, em média, os indivíduos globais estão satisfeitos com seus relacionamentos e vidas amorosas e sexuais. Segundo a pesquisa, 74% se sentem amados, enquanto 62% afirmam que estão felizes com suas vidas românticas e sexuais.
No entanto, para além da média, o estudo captou diferentes nuances no que tangem às respostas dos entrevistados. Começando com o resultado de que, entre as pessoas que são casadas ou que se encontram em um relacionamento, a proporção de respondentes é maior. 83% desses entrevistados afirmam estarem felizes com seus pares. Além disso, 82% estão satisfeitos com a forma pela qual são amados.
O resultado muda entre os respondentes solteiros, com 68% se sentindo felizes com a forma como são amados, reforçando, novamente, a discrepância entre indivíduos com experiências diversas.
Não quero dinheiro?
Outra lacuna está entre casais de lares de maior e menor renda: 85% se sentem satisfeitos com suas relações, ante 78%, respectivamente.
Não só isso como a satisfação com sentir-se amado obteve maior incidência entre respondentes casados (82%) e com faixas de renda mais elevadas (80%). Já o contentamento com os relacionamentos a dois também teve maiores registros entre indivíduos de classes sociais mais elevadas (85%) e com alto nível educacional (84%). A satisfação com a vida romântica e sexual também foi destaque entre indivíduos com rendas mais elevadas (70%).
O amor Millennial
Um achado da pesquisa contradiz o estereótipo da geração Millennial – percebida como aquela que demora para se relacionar, casar e até morar fora da casa dos pais. Segundo o estudo, os Millennials são a geração mais satisfeita com suas vidas românticas e sexuais, com 67%, à frente até das gerações Z (59%), X (61%) e Boomers (59%).
No entanto, os Boomers se destacam entre os indivíduos que mais se sentem amados, com 77%. Millennials e Boomers também se destacam também entre respondentes casados e em relacionamentos que estão felizes com suas relações, com 84%, ambos.
Onde está o amor?
Ainda há diferenças entre países identificadas pelo estudo. Em média, Índia e México estão entre os países mais satisfeitos com suas vidas românticas e sexuais, sendo que Millennials indianos lideram o ranking do país, com 79%, seguidos pela Geração Z (76%), X (74%) e Boomers (69%). Mas no México a situação se inverte, com impressionantes 97% dos Boomers mexicanos se sentindo satisfeitos, seguidos pela Geração Z (76%), X (75%) e Millennials no fim da lista com 72%.
Já os tailandeses comprometidos foram identificados como aqueles com maiores probabilidades de se sentirem satisfeitos com seus relacionamentos, com incríveis 94% dos homens e 91% das mulheres com essa percepção. Por fim, a satisfação em relação ao sentir-se amado é mais elevada na Colômbia e no Peru, com 86% ambos.
A solidão japonesa
O Japão possui outra realidade. Os japoneses representam o grupo com menor probabilidade de dizer que estão felizes e satisfeitos com suas vidas amorosas, sendo 42% das mulheres e 31% dos homens – 37% em média. O resultado do estudo condiz com ações do governo japonês em estimular a prática social desses indivíduos. No início do mês, a prefeitura de Tóquio anunciou o desenvolvimento de um aplicativo de paquera para os solteiros da cidade com a intenção de se casarem – é preciso inclusive assinar um documento com essa declaração.
Parte da preocupação do governo da capital japonesa e do país está nas baixas taxas de natalidade. Enquanto em 2022 foram realizados 505 mil casamentos e registrados 770,8 mil nascimentos, em 2023 esses números caíram para 474 mil e 727,3 mil, respectivamente.
Entre os respondentes comprometidos, os sul coreanos são aqueles com menos chances de se sentirem satisfeitos com suas vidas amorosas. O estudo identificou ainda que há uma discrepância de gênero, uma vez que as mulheres sul coreanas se sentem mais satisfeitas (73%) que os homens (64%).
*Foto: Foto de Henry Lai na Unsplash.