O segmento brasileiro tende a modelos de negócios mais leves e mais digitais. É o que diz o levantamento feito pela KPMG sobre tendências em fusões e aquisições realizadas pelo setor de consumo e varejo. De acordo com o “Consumer & Retail M&A Outlook 2021: Revival Beyond the Precipice“, que avaliou os mercados de 14 países, o modelo conhecido como asset-light ajuda a aumentar a liquidez de forma a crescer e expandir as capacidades em e-commerce e soluções digitais, fintech e logística.
“Pela rápida resposta e recuperação do mercado após o anúncio recente da vacina da Covid-19, é esperado um volume estável de transações no setor este ano. Diante desse novo cenário, os varejistas devem buscar a implementação um modelo de negócio mais leve em termos de ativos e mais focado em eficácia e digitalização, para melhorar a liquidez e ampliar o comércio digital e a logística“, analisa o sócio-líder de consultoria em negócios para o setor de consumo e varejo da KPMG no Brasil, Alan Riddell.
Já é possível ver o modelo de asset-light nas ruas. Um exemplo dessa tendência está nas lojas studio, inauguradas por varejistas como Tok&Stok, Renner, Telhanorte e Leroy Merlin, que trazem um ambiente otimizado e omnicanal que facilitam a expansão.
De acordo com o estudo, as baixas taxas de juros vistas até outubro do ano passado devem ajudar as empresas a se desenvolverem.
Estabilidade nas fusões e aquisições
Enquanto o varejo remodela seus espaços físicos e os adequa à phygitalidade, com perspectivas de expansão dos negócios, atividades de negociação no campo das fusões e aquisições devem ficar mais estáveis ao longo do ano 2021.
De acordo com o estudo, por causa das altas taxas de câmbio e da rápida recuperação pela qual o país passa, fundos de investimento em empresas amadurecidas tendem a reduzir seus investimentos. De acordo com a consultoria, esse movimento fica mais claro nos mercados de capitais, a exemplos recentes da Warburg Pincus — que zerou sua participação na Petz — e da Advent, que vendeu as lojas Quero-Quero.
A estabilidade na quantidade de fusões e aquisições vem depois de um 2020 com alta de 30% em negociações no setor de consumo e varejo. No total, foram 104 transações feitas no ano passado, ainda que os US$ 3 bilhões movimentados signifiquem uma queda de 40% em relação ao ano anterior.
2020 também foi um ano de efervescência no mercado de capitais, lembra a KPMG, dado o aumento na quantidade de IPOs (sigla em inglês para oferta pública inicial). O movimento foi um sinal de que os varejistas aproveitaram o momento para fazer fortes capitalizações, de forma a reforçar posições de liquidez e se preparar para financiar crescimento.
“O ano passado registrou várias tendências no setor de varejo, como a aceleração da migração da compra tradicional para o formato online, que registrou aumento considerável com os varejistas observando um crescimento equivalente aos últimos cinco anos em apenas três meses”, observa Riddell. “Hoje, os empresários que estão liderando o setor estão bem posicionados com diversificação de canais e produtos, seguindo com pesados investimentos em transformação digital e com uma estrutura de capital bastante robusta, que permite fôlego para aguentar bem a cauda longa da pandemia com uma posição de liquidez forte.”
O varejo por dentro
Ainda que o comércio e as empresas do varejo tendam a uma estabilidade no ritmo de fusões e aquisições em 2021, as empresas de tecnologia que trazem soluções ao varejo tendem a motivar negociações de compra e aquisição. Uma vez que omnicanalidade e logística são peças-chave no consumo phygital, a expectativa é que aconteçam mais transações no segmento de retail techs — o que pode incluir aquisições entre varejistas e startups, como ocorreu com a recente compra da Casas Magalhães pelo Boticário.
De acordo com um relatório do Distrito, divulgado em abril, a previsão para 2021 é de grande volume e número de investimentos das retail techs. Só entre janeiro e começo de abril deste ano, foram firmados 19 acordos, cujo total chega a US$ 682,4 milhões. Segundo o Distrito, a soma beira os 53 acordos feitos em 2020, que totalizaram US$ 712 milhões.
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