Um dos primeiros efeitos colaterais da pandemia do novo coronavírus na rotina da população foi o fechamento das fronteiras. Em todo o mundo, milhões de viagens foram canceladas, e o setor do turismo passou a enfrentar aquela que seria sua maior crise em 10 anos.
Mas, agora, com a flexibilização, o setor começa a apresentar sinais de recuperação. O turismo local têm impulsionado a retomada dos negócios, com o aumento gradual de reservas de hotéis, passagens aéreas e aluguel de carros.
Turismo local sinaliza recuperação
De acordo com uma pesquisa feita pela MaxMilhas, 50% das buscas de voos no Brasil entre julho e agosto foram para destinos nacionais, com destaque para Porto Alegre, São Paulo e Nordeste. Foi lá, inclusive, que a administradora de empresas Marina Belarmino resolveu passar boa parte das férias em outubro, depois de precisar adiar a viagem que tinha programado para conhecer as praias do México e de Cuba. “Busquei por praias mais desertas no Nordeste, que me pareceram mais seguras em meio à pandemia. Foi uma forma de escapar do confinamento domiciliar sem correr muitos riscos”, conta.
As viagens domésticas, inclusive, foram apontadas como uma espécie de “boia de salvação” para o setor em um documento da Organização Mundial do Turismo que analisou os impactos da Covid-19. O estudo da OMT destaca que alguns países têm oferecido incentivos aos viajantes nacionais, e que iniciativas como essa podem ajudar a desafogar o setor.
Na Itália, por exemplo, famílias que ganham até € 40 mil por ano vão receber um vale de até € 500 para gastar em hotéis dentro do país. Aqui na América Latina, a Costa Rica passou todos os feriados de 2020 e 2021 do país para segundas-feiras. A ideia é que a população aproveite os fins de semana prolongados para viajar pelo país.
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Carros alugados substituem ônibus e aviões
A ansiedade pelo fim da quarentena e a retomada das viagens mais curtas também ajudaram a aquecer o mercado de aluguel de carros. Essa tem sido a opção de muita gente que, antes, viajava de ônibus, mas que agora busca opções para continuar viajando com menos risco de contágio pelo coronavírus.
Foi essa a opção encontrada por Marina durante as férias. “Como a viagem até o Nordeste é longa, acabei optando por ir de avião, mesmo. Mas, lá, fiz todos trechos de carro, para evitar me expor ainda mais. Me senti mais segura e ainda ganhei mais autonomia”, diz.
Para atender à demanda crescente nos últimos meses, as locadoras de veículos precisaram reorganizar suas operações. “Percebemos que as pessoas passaram a priorizar viagens a destinos próximos e utilizar carros por se sentirem mais seguras para evitar aglomerações. Percebemos que a demanda veio acelerando em ritmo superior ao esperado, e fizemos ajustes na frota, conforme a dinâmica do mercado”, diz o COO da Localiza, Bruno Lasansky.
Para garantir a segurança dos clientes, uma equipe multidisciplinar envolvendo médicos do trabalho, infectologistas e o time de Processos e Segurança do Trabalho desenvolveu protocolos de limpeza e segurança sanitária que foram implantados nas mais de 600 agências da Localiza no Brasil. “O grupo de especialistas identificou ainda 12 pontos estratégicos que merecem dedicação especial na hora de desinfecção do carro”, destaca Lasansky.
De acordo com o COO, o novo perfil de viagens do brasileiro, aliado à tendência de preferência do uso de determinados bens em detrimento da posse, impulsionou a retomada da empresa. No terceiro trimestre, o lucro líquido da companhia chegou a R$ 325,5 milhões – um crescimento de 59% em relação ao mesmo período do ano passado. A receita líquida da Localiza cresceu 18,8% nessa comparação, alcançando R$ 3,07 bilhões.
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