A mudança é inevitável. Em princípio todos temos consciência disso. Mas até que ponto estamos realmente preparados para lidar com essa mudança? E de onde vem essas forças que impulsionam a transformação? Como detectar, antecipar, reagir e mesmo aproveitar as oportunidades despertadas pelas transformações nos planos social, cultural, econômico, competitivo? Essa é a proposta do Workshop do Consumidor Moderno Experience Summit 2017. Uma jornada de imersão no universo das forças que podem repentinamente modificar negócios, empresas e modelos de negócio.
A dinâmica foi novamente conduzida pelos coaches da Berlin School of Creative Leadership – Stuart Hardy e Nathalie Brahler – e se baseou na intensa provocação de reflexões que possam orientar não apenas a tomada de decisão, mas substancialmente o redimensionamento da cultura corporativa para que torne-se mais receptiva à mudança e à produção de inovação.
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Stuart fez um rápido comentário acerca dos trabalhos da edição 2016 do Summit, baseado justamente na questão da liderança. E, segundo ele, nada mais necessário e custoso do que pensar em liderança em um país como o Brasil. Trazendo a questão para o presente, Stuart quis projetar um futuro próximo e motivar os participantes a pensar em grandes correntes – os desafios das empresas e como lideranças podem atuar para desenvolver o país.
Mudança, essa nossa amiga desconhecida
Nathalie Brahler é especialista em criar profissionais para profissões que não existem ainda. E foi com essa provocação que ela iniciou os trabalhos projetando 2025. “É evidente que vivemos um processo de mudança sobre a forma pela qual negócios são feitos, como funcionam e como fazem dinheiro, no mundo todo, independentemente da cultura e do continente”. Os momentos de crise, para ela, são ideais para levar empresas a inovar e a fazer coisas novas. Não conhecemos mais nossos consumidores, nossos negócios, “quero voltar para um passado que conheça e domine” são expressões que dominam a conversa nas empresas. Isso porque estamos saindo da economia industrial para a indústria do conhecimento.
Há muita desconfiança atualmente, derivada da mudança de nossa perspectiva sobre como criamos, produzimos e consumimos valor. Uma mudança desconhecida que pode ser vista em seis lentes.
6 características da mudança
Descentralização – Brexit, Independência da Catalunha, negócios dissociados na internet operando além do físico. E a própria internet se descentraliza, vide blockchain. Em um mundo descentralizado, não há espaço para o homem comum, o homem médio, todas as transações ocorrem de pessoa para pessoa. Não há um poder central. Todos têm uma voz e toda voz é válida. Uma inflexão poderosa, baseada na fragmentação e em quem consegue gritar mais alto.
No cenário competitivo, a descentralização implode segmentos, joga empresas para fora de seus silos, mostrando que estão juntas com outras empresas de outros segmentos até então desconhecidos.
Politicamente, não há mais fronteiras. O mercado global está ao lado. Para cada nicho de subcultura, há um mercado global, impulsionado pela internet. Nathalie cita Jason Njoku, que criou a NetFlix da África, Nollywood, com 5 mil filmes online e 10 milhões de visitantes todos os meses.
Prosumers – a ascensão da audiência – imagine duas pessoas comuns, sem experiência alguma com bicicletas, que repentinamente resolvem criar um novo design minimalista para bikes. A audiência é o novo produtor, oferecendo diretamente para a… audiência. Somos todos prosumers – produtores e consumidores ao mesmo tempo. É a segmentação do “eu”, customização total, na distribuição e forma de ganhar dinheiro. É o uso das redes sociais que os faz ganhar dinheiro. Chegamos a um ponto em que podemos ganhar algum dinheiro simplesmente olhando um anúncio.
Da linha de montagem para a plataforma – A economia tradicional é baseada na linha de montagem, na atividade sequencial e agora precisamos nos adaptar a um modelo de plataforma, mais eficientes, com redução exponencial de mão de obra e tecnologia automatizando processos e modos de fazer. O pensamento de plataforma é baseado na forma pela qual clientes transitam e usam a própria plataforma. O inventário pertence a outras empresas. Elas não têm propriedade de nada, apenas conexões com a audiência. Apple e Amazon, porém, trabalham em modelos híbridos.
Novos produtos chegam e chegam – servicificação dos produtos – os produtos ganham novas funções, novos processos que transcendem atributos físicos. Estamos colocando mais cérebro nos produtos, nas coisas e isso faz sentido.
Ecossistemas – criação de ecossistemas fluidos e orgânicos. Os negócios estão em beta perpétuo, ou em protopia. Os negócios nunca terminam, e estão sempre em modelação.
Forças Tecnológicas – humanos são grandes máquinas de aprendizado. Máquinas são treinadas para assumir trabalhos humanos, fazendo trabalho sujo. Estamos sendo direcionados para fazer um trabalho mais pessoal. Mas quantos estão preparados para isso?
Este é apenas o primeiro passo da jornada do Consumidor Moderno Experience Summit para gerar inquietação e inspiração rumo a construção de uma cultura receptiva às mudanças.