“O dia que acontece qualquer coisa é um dia em que temos uma ideia muito doida”. É com essa ideia que Samantha Slade, fundadora de uma consultoria sem chefes, começa sua palestra sobre empresas nesse modelo. Edwin Jansen, especialista em RH, comenta justamente que preocupação e excitação são dois fatores que acompanham um momento importante.
Nesse ponto, convidam a plateia para testar duas experiencias: uma delas é a troca de ideias sobre pontos positivos e negativos a respeito de autogestão. A outra, bater palmas em uníssono. Curiosamente, todos bateram em ritmo, mesmo sem combinar. Os palestrantes, então, explicam: isso acontece porque temos uma auto-organização natural.
Dessa forma, podemos compreender que estamos prontos para iniciar uma autogestão. E isso faria muito sentido, pois dados mostram que 70% dos funcionários não estão engajados. E isso não está melhorando. “Ao estudar por que isso acontece, a resposta é que o principal agravante é… o chefe!”, afirma Jansen. “Solução simples: troquem o chefe”, brinca. Mas, isso não funcionaria, pois nove em cada dez gerentes também estão desmotivados.
“Em um sistema correto, a empresa não seria desenhada ‘para as pessoas’, mas ‘pelas pessoas’, defende Samantha. “Acreditamos que, ao falar sobre autogestão, estamos falando sobre autoridade distribuída. Mas, como isso funciona?”
Para responder a essa pergunta, os palestrantes apresentaram uma lista de pontos a investir:
Propostas e valores – em empresas tradicionais, esses elementos são exaustivamente divulgados. Mas é impossível forçar propostas e valores às pessoas. Na autogestão, o lugar aonde as pessoas querem chegar é o lugar aonde quer levar a empresa.
Distribuição de papeis – Nesse caso, cada pessoa assume o papel que sabe que é capaz de cumprir. Com isso, direcionam energia para o lugar certo e fazem o negocio funcionar.
Aprendizado e desenvolvimento – Consiste na sua capacidade de aprender, de ter dúvidas, de evoluir e receber feedbacks. Isso é sua responsabilidade.
Tomada de decisões – Envolve vozes coletivas, porque não há um chefe. As pessoas querem entrar em consenso e não tem a sensação de que perderam a discussão quando a decisão é tomada.
Estratégia e iniciativa – Você precisa participar, agregando à empresa.
Compartilhamento de informação – Compartilhamos porque queremos que a informação chegue a todos, para que tudo funcione.
Gastos e compensações – Quando todos tem consciência do valor de tudo, fica mais fácil dividir e gerir.