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Trabalho dos sonhos: puffs e mesas de ping-pong não fazem parte dele

Trabalho dos sonhos: puffs e mesas de ping-pong não fazem parte dele

Para algumas pessoas - desde um Comandante da Excelentíssima Ordem do Império Britânico até um jovem sulafricano que criou um hub para estudantes -, qualidade de vida no trabalho é algo diferente do que andaram pensando por aí. Entenda

No segundo dia da II Conferência Sodexo de Qualidade de Vida, Thomas Jelley, vice-presidente do Instituto de Qualidade de Vida do Grupo Sodexo, fez a mediação de um painel feito em um modelo bastante ousado, no qual se reuniram pessoas envolvidas com projetos de fomento e empreendedorismo que poderiam, durante a conversa, fazer questionamentos umas às outras. A intenção era encontrar soluções para grandes problemas.

Uma delas, Wendy Luhabe, é empreendedora em série e ativista. Seu primeiro comentário gira em torno da palestra de Jane Fonda, que aconteceu no dia anterior: a atriz falou sobre como correspondemos às circunstâncias durante a vida e Wendy conta ter se identificado com isso.

Nascida África do Sul quando o país ainda não era uma democracia, ela fez parte da primeira geração de mulheres formadas em comércio. Depois da faculdade, teve dificuldade para arrumar um emprego, jamais foi promovida e desistiu da carreira na empresa – porque sabia que não evoluiria lá dentro, justamente por ser mulher. Mas Wendy não parou por aí: se não poderia crescer dentro de uma companhia, começaria uma. E foi nesse contexto que se tornou empreendedora.

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Com essa trajetória, hoje Wendy percebe que os jovens sofrem porque não correspondem aos modelos das empresas. Nesse sentido, questiona os outros presentes justamente sobre a importância que têm os projetos de fomento e mentoria, os quais tornam reais a possibilidade de escolher rumos diferentes – longe dos tradicionais.

Takunda Ushe, cofundador e diretor do Circle of Influence Projects Society (CIPS) – uma aceleradora para estudantes de Ensino Médio da África do Sul –, respondeu que, para jovens que estão entrando no mundo corporativo, a mentoria é fundamental – e não deveria ser apenas uma opção para as empresas.

 

Thomas Jelley, da Sodexo; Wendy Luhabe; Sissel Hansen; Takunda Ushe e Sir Cary Cooper

A opinião de Ushe é confirmada por quem está do outro lado – no caso, Sir Cary Cooper, Comandante da Excelentíssima Ordem do Império Britânico, Companheiro da Academia de Ciências Sociais e professor de Psicologia Organizacional e Saúde na Universidade de Manchester. “As pessoas mais velhas tem que sair do trabalho para dar espaço para os outros e dar mentoria, ensinando, abrindo espaço, inspirando”, conta. Ele mesmo, inclusive, passou a dar aulas apenas durante três dias da semana.

O modelo do painel funciona e o diálogo flui: o desafio proposto por Wendy foi respondido, ela afirma. Nesse sentido, conta que ela mesma já tem duas gerações a sua frente e que acredita na inspiração e na mentoria – e fica feliz porque isso se manifesta nos dois parceiros de debate.

Jovens vs. trabalho

De acordo com Ushe, a questão da falta de trabalho é um problema enfrentado pelos jovens da África do Sul. Por isso, acredita na importância do que faz e entende que seu projeto ajuda esses jovens, permitindo que se sintam melhores com suas próprias ideias e planos, que inventem coisas. E isso talvez reflita um perfil geracional, afinal, como afirma Sir Cary Cooper, os jovens de hoje querem flexibilidade, responsabilidades, projetos – não querem pouco trabalho.

A jovem Sissel Hansen, fundadora e CEO da Startup Everywhere e da Startup Guide, na Dinamarca e na Alemanha, respectivamente, é uma prova viva disso. Ela começou seu primeiro negócio aos 17 anos, simplesmente porque não achava que daria certo no caminho acadêmico. Mas o negócio desenvolvido por ela não deu certo – por falta de interesse de um dos stakeholders. Hoje, ela trabalha justamente orientando, dando mentoria e aconselhando pessoas. Não por acaso, lamenta a ausência de pessoas capazes de aconselhá-la – onde estavam os mentores quando seus negócios apresentaram problemas que talvez fossem mais evidentes para indivíduos mais experientes?

O contexto de cada uma dessas pessoas provoca diversas conclusões. Entre elas, a certeza de que mercados e funções foram ou serão repensados. Contudo, como afirma Sir Cary Cooper, ainda existem muitas empresas que negam essa realidade ou, nas palavras dele, “CEOs e CFOs que ignoram os dados e os fatos e continuam acreditando que garantir qualidade de vida é colocar uma mesa de ping-pong dentro da empresa”.

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