A geração que hoje tem cerca de 20 anos ou menos está agora à procura de emprego. É possível imaginar o impacto dessa geração totalmente imersa nos celulares nos ambientes de trabalho? Nos EUA, 1/4 dessa geração ganhou um smartphone antes dos 10 anos. Falamos de pessoas que conhecem o mundo a partir da tela do celular. Essa é a geração que ameaça as empresas e que se coloca à disposição delas para trabalhar olhando e despejando os polegares sobre seus smartphones. No painel, “Como a geração Z vai mudar meu trabalho: meu cubículo é minha cama”, apresentado por Denise Villa, CEO e Co-fundadora e Heather Watson, Designer de comportamento da The Center for Generational Kinectics LLC, pudemos conhecer os dados de uma pesquisa que identifica os consumidores, suas motivações mais íntimas e sua relação com o seu trabalho.
Confira a edição online da revista Consumidor Moderno!
Denise e Heather são estudiosas do comportamento e das diferenças geracionais. São duas das maiores especialistas em mudanças de comportamento do mercado norte-americano atualmente. “Nós procuramos investigar os mitos que cercam as gerações e nos dedicamos a compreendê-los e eventualmente desmistificá-los”, diz Denise Villa. Em sua leitura, a Geração Z parte das pessoas nascidas a partir de 96, mas não encaixotam as diferentes gerações em caixas. Ao contrário, procuram identificar os sinais, tecnologias, hábitos e traços de personalidade que unem pessoas de diferentes idades a um mesmo comportamento.
Quem é a Geração Z?
A Geração Z tem, via de regra, pais da geração Millennial (os primeiros dessa geração) e da geração X, tem sua vida presente no celular e na mídia social. Mais de 25% dos membros dessa geração ganharam seu celular antes dos 10 anos. É uma geração que quer tudo sob demanda. Uma geração que vê o mundo como Netflix.
Tudo para eles precisa ser instantâneo. Não compreendem que o mundo possa ser diferente.
Outras curiosidades sobre essa geração:
- 47% usam ferramentas de vídeo chat mais de uma vez por semana (FaceTime, por exemplo);
- 12% deles já começaram a pensar e a poupar para sua aposentadoria;
- 35% pensam em se aposentar a partir dos 20 anos;
- 25% deles já trabalham em meio período para poupar dinheiro;
Eles não veem a hora de deixar a casa dos pais, sentem-se presos e querem simplesmente poupar para exercer a sua independência.
A Geração Z e o seu primeiro emprego
44% querem um emprego pelo qual se apaixonem e 36% consideram que fazer a diferença para o mundo é sucesso. 63% dizem que fazer “o que se ama” é o aspecto mais importante de sua carreira, muito mais do que dinheiro.
Em compensação, o trabalho traz temores: os jovens têm muito medo de como as pessoas os veem. Questionam se é válido contratar alguém tão jovem para compor estruturas de “mais idade”. Por isso, 56% falam que a maneira pela qual a empresa é conhecida por tratar dos seus colaboradores é a característica fundamental que os leva a trabalhar nela. Eles precisam ver que a empresa não os discrimina. Elas precisam mostrar que realmente acreditam e apoiam os jovens. A Geração Z quer saber qual será o salário em primeiro lugar, bem como os benefícios e uma descrição precisa de como é o dia de trabalho típico na empresa.
Como são conectados, procuram reviews sobre empregados atuais das empresas que onde irão trabalhar. Love Mondays é hoje um guia indispensável para eles. Ver depoimentos reais de colaboradores que estão na empresa-alvo são fundamentais para a sua escolha. E estamos falando de gente que consome e gera reviews compulsivamente. Empresas que têm menos de 30 comentários disponíveis são descartas. A reputação de uma companhia em sua relação com os empregados é absolutamente decisiva para captação de talentos.
Contrate por vídeo
Por incrível que pareça, a geração Z responde melhor a entrevistas em vídeo. Têm uma relação mediada pela tela e transportam essa característica para o trabalho. Querem trabalhar em lugares divertidos (47%), agenda flexível, remuneração no tempo livre e aprender novas habilidades. Mas a essência é estar em um lugar onde a tensão se dissipa em meio à diversão necessária.
Esse incômodo com padrões e regras tão comuns às corporações faz do engajamento desses jovens profissionais um desafio expressivo. Quanto mais flexível for o horário de trabalho e as condições de trabalho, mais atrativo é o lugar. 78% dos jovens da Geração Z dizem que flexibilidade de horário é determinante para escolha de um lugar para trabalhar (mais até do que um salário maior).
Outros dados reveladores: mais de 40% rejeitariam trabalhar em locais nos quais não possam usar seu telefone no momento em que quiserem. O smartphone é “um direito humano básico” hoje para eles e não há possibilidade de abrirem mão dele. Por outro lado, 72% inclinariam-se a trabalhar em organizações que empregam amigos ou pessoas conhecidas.
Esses jovens demandam Coaching e feedback constante, 60% pedem esse retorno ao menos uma vez por semana ou mais. E 40% querem falar com o chefe direto diariamente ou até mesmo diversas vezes ao dia. A vida para eles é instantânea e social. O “chefe” precisa estar presente, próximo é constantemente em contato, claro, em plataformas digitais e preferencialmente usando emojis e gifs.
Como reter um talento da Geração Z?
Esses jovens precisam sentir que estão se desenvolvendo em várias frentes: comunicação, resolução de problemas, capacidade de ouvir, falar em público, gestão financeira. Eles vão sempre procurar oportunidades de treinamento, mais de 70% vão se candidatar para posições que demandem treinamento e qualificação. A certeza de que receberão treinamento motiva 57% deles a aceitarem uma oferta de emprego. Mas é importante saber que os treinamentos não precisam ser presenciais. Se estiverem no YouTube funciona bem.
O curioso é que “lealdade” ao emprego é mais relevante e presente na Geração Z do que nos Millennials. 56% deles acham que precisam ficar na empresa ao menos um ano ou mais.
O reconhecimento conta muito para a lealdade, seja por meio de coach, bottons, fotos e principalmente por elogio presencial, ao vivo, na frente da equipe. A ideia é que o momento do elogio seja uma representação de uma conquista familiar. Um reflexo de quem são e de como encaram o mundo.
O fato é que a Geração Z traz um novo mindset para o trabalho. Talvez haja alguma diferença de identidade entre os jovens norte-americanos e brasileiros. Mas convém acompanharmos e estudarmos de perto essa evolução.