As queimadas na Amazônia têm tido repercussão mundial e o agronegócio brasileiro é quem deve sofrer as consequências. Isso porque mais de 18 marcas internacionais decidiram suspender a compra de couro. Entre elas estão Timberland, Vans, Kipling, Eastpack e The North Face que já sustentam discursos sustentáveis.
O anúncio oficial veio um dia depois do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (o CICB) recuar em relação ao ocorrido. O órgão, responsável pelo setor de importação, reforça as práticas da indústria, em nota oficial.
“O CICB oficialmente reforça que a indústria do couro brasileiro trabalha respeitando as melhores práticas no setor, em rastreabilidade, reciclos, e as melhores práticas ambientais, atuando sob uma legislação rígida, apoiada não apenas nas leis do país, mas também de todo o comércio internacional. Os curtumes brasileiros atendem com louvor a todas as principais certificações internacionais exigidas pelas principais marcas e grupos compradores da nossa matéria-prima, respeitando, portanto, aos mais altos requisitos para uma produção social, econômica e ambientalmente responsável”, diz o comunicado enviado à CM.
A empresa americana VF Corporation, dona das marcas, garantiu que suspendeu a exportação em respeito ao meio ambiente.
“A VF Corporation e suas marcas decidiram não seguir abastecendo diretamente com couro e curtume do Brasil para nossos negócios internacionais até que haja a segurança que os materiais usados em nossos produtos não contribuam para o dano ambiental no país”, diz o comunicado.
Na quarta-feira (28), a associação confirmou o envio de uma carta ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em que o presidente da associação, José Fernando Bello, se disse preocupado com a suspensão da compra de couro.
“Recentemente, recebemos com muita preocupação o comunicado de suspensão de novas de compras de couros a partir do Brasil de alguns dos principais importadores mundiais. Este cancelamento foi justificado em função de notícias relacionando queimadas na região amazônica ao agronegócio do país.”
Pouco tempo depois, em comunicado enviado à Consumidor Moderno, a assessoria do CICB desmentiu o episódio.
“Recentemente, recebemos a solicitação de levantamento de informações por parte de importadores mundiais de couro acerca do produto brasileiro, em função de notícias relacionando queimadas na região amazônica ao agronegócio do país. O indicativo de suspensão de pedidos, no entanto, não se confirmou. Fornecimento e exportações continuam normais, sendo o Brasil um dos maiores produtores mundiais de couro. Cancelamento de pedidos de couro do Brasil, ou qualquer determinação neste sentido, não estão ocorrendo, dado um trabalho de sensibilização intenso que as empresas têm feito junto a seus clientes, mostrando que têm à disposição e com facilidade uma ampla gama de dados, certificados e registros. Os curtumes brasileiros têm total segurança sobre a origem de sua matéria-prima, manejo e processos”, afirmou Bello.
“O Brasil é um exemplo em rastreabilidade bovina e controles sobre todas as etapas da produção de couros, seguindo um modelo amplamente reconhecido no mundo por meio da Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro (CSCB). Ademais, os curtumes do país compõem a maior parcela em todo o mundo das empresas reconhecidas pelo Leather Working Group (LWG, protocolo internacional que avalia a conformidade ambiental de fabricantes de couro). É importante que todos os públicos tenham conhecimento sobre o potencial de prejuízo que uma imagem errônea sobre a realidade do bioma amazônico pode causar a toda a cadeia do agronegócio”, finalizou.
De acordo com dados do CICB, o Brasil fatura mais de 2 bilhões de dólares com a exportação do couro ao mercado. Para se ter ideia 80% da produção é comercializada internacionalmente.
Em julho deste ano as exportações tiveram um aumento de 8,4% em comparativo ao mesmo período do ano passado e geraram 350 milhões de reais à União.
Nos meses de janeiro e julho a China foi o principal comprador de couro brasileiro, correspondendo a 23,7% das exportações. Na sequência aparecem Itália (17,3%), Estados Unidos (16,6%), Vietnã e Alemanha.
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