Quais são as tendências que vão mudar seu setor ou transformar sua carreira em 2019 e 2020? E quais tendências são as mais. Quentes que você vai descobrir no SXSW? Rohit Bhargawa, Chief Trend Curator da The Non-Obvious Company, fez uma sessão exclusiva no SXSW, repleta de destaques da novíssima nona edição do seu livro best-seller do WSJ, Non-Obvious. Um olhar bem-humorado sobre algumas das últimas tendências de seu relatório anual. Com base nos insights que ele compartilhou no ano passado no próprio SXSW em 2018, a apresentação de Bhargawa trouxe insights úteis que você poderá começar a usar imediatamente.
Mas antes, um contexto: Bhargawa tem 6 best-sellers e é um provocador nato. Ao trabalhar em agências de publicidade, ele não era o tipo descolado que criava as ideias maravilhosas, mas se desafiava a ser o cara que fazia as coisas acontecerem. “Eu desde criança me considerava uma pessoa que queria ser escritora. Queria escrever, e então, após anos de prática, eu entendi o que Issac Asimov falava: não era bom em ler, era bom em capturar as coisas no ar, em perceber o que os outros não percebem”. Foi dessa forma que Bhargawa tornou-se um profissional que enxerga o que não é óbvio.
Ele afirma que há 3 barreiras que impedem as pessoas comuns de perceber o que é relevante. A primeira são as suposições que não questionamos. Suposições erradas nos levam a fazer perguntas erradas. A segunda é desenvolver soluções desnecessárias. O que você acharia de um whisky envelhecido por 20 dias? Afinal por que esperar 12 anos para beber um whisky? A velocidade da mundo faz todos quererem e esperarem o impossível. Vivemos uma crise de credibilidade, de cinismo e de ceticismo absolutos. “No que podemos acreditar? Como se pode afirmar que corn flakes são totalmente naturais?”, questiona o provocador? Para Bhargawa, as empresas não percebem o quanto contribuíram para criar esse ceticismo e o cinismo dos consumidores, particularmente millennials.
O executivo gosta de olhar atentamente para o panorama da produção de informação, livros, matérias, vídeos, documentários, séries. Toda a indústria cultural dá um tiro no pé enfatizando que não se pode acreditar em nada. E isso faz com que as pessoas sintam-se cada vez mais decepcionadas, frustradas, raivosas. Justamente nesse ponto que as lideranças corporativas precisam atuar: como recuperar a confiança das pessoas?
Uma metodologia para “taguear” tendências
Durante a apresentação, Bhargawa ressaltou a importância de adotar uma metodologia que fuja do óbvio, a partir de uma curadoria de suas ideias, de seus pensamentos e reflexões. E acrescentou: como capturar e coletar ideias das pessoas para que possam se combinar com as suas para gerar inovação e caminhos que realmente engajem as pessoas e transmitam confiança a elas? O executivo também gosta de viajar pelo mundo para falar com as pessoas e captar ideias novas. É também um leitor voraz. Com isso, aumenta seu repertório para obter uma curadoria mais qualificada de sua produção de tendências.
Bhargawa costuma “taguear” o conteúdo que lê, vê, observa e ouve. Os conteúdos são reunidos e compilados pelas tags e o número de ocorrências indica que há alguma coisa importante. É dessa forma que ele cruza as informações percebe o que ninguém vê. São ideias para serrem roubadas que certamente sermão trazidas à vida, em sua definição. Seu livro sobre tendências “não-óbvias” é então reescrito todos os anos e por isso mesmo, está há 9 anos na lista dos mais lidos nos EUA.
Definição de tendência
Para Bhargawa, tendência é um fenômeno que acelera a realidade. Entre as tendências que veremos acontecer exponencialmente ao longos dos próximos meses, estão:
Retro trust (retro-nostalgia) – objetos e serviços que evoquem um passado conhecido enterrado pela tecnologia de hoje. Por exemplo, celulares básicos, que ligam e enviam mensagens. O próprio blockbuster da Capitã Marvel tem enredo baseado nos anos 90. A retro-nostalgia recupera a confiança, um resgate da credibilidade
A masculinidade confusa – com a ascensão de movimentos como o #metoo, qual é a função dos homens atualmente? Os homens são os violentos, aqueles que assediam, que não podem mais conversar livremente com as mulheres, e então passam a se questionar sobre como devem conduzir suas vidas. Até que ponto o empoderamento feminino não está levando os homens a ver seu espaço de expressão ser crescentemente reduzido?
Encoraje a não-conformidade – crie e insira objetos estranhos para desequilibrar ambientes, negócios, lojas e conteúdos. Uma mesa de pingue-pongue no escritório, para tirar o sossego das pessoas? Vale. Um hackaton no meio do desfile da moda. Vale. É o ideal para atacar a indiferença. E nada é mais ofensivo que a indiferença.
Artificial Life – assuma o que você e sua empresa tem de postiço, calculado, irreal. Essa autenticidade tem mais credibilidade do que assumir uma falsa propensão ao natural e ao politicamente correto. Veja as redes de fast food enfatizando o gigantismo calórico de. seus novos sanduíches e entenderá que a autenticidade mesmo sobre algo supostamente negativo é melhor que a falsa honestidade.
Empatia corporativa – vivemos em um mundo veloz. Mas a Tesco criou um caixa lento, para idosos e pessoas que não têm pressa!! Isso é ter empatia, buscar se comunicar e realizar aspirações das pessoas comuns. Outro exemplo: a Join Papa oferece “netos” para idosos solitários. O que é perfeito quando sabemos que 1/3 da população global sente-se solitária.
A renascença dos robôs – veremos muitas experiências que tragam os robôs para a vida real. O Henn Hotel no Japão já tem concierges robóticos. Pepper já é uma robô cuidadora para idosos e também governanta para tomar conta das crianças. E como a humanidade irá se relacionar com as personalidades robóticas? Abraçando-as com curiosidade do que de modo conformado, como se fossem um fato da vida.
Back storytelling – o branded content vai ganhar mais relevo e profundidade, Weber girls agora publicam livros com suas receitas e dicas sobre alimentação e nutrição. Empresas assumem suas competências e sabem que podem resolver problemas reais dos clientes. Como a Amazon que lançou a Hutzler Banana Slicer (sim, um fatiador de bananas!) e estimulou reviews e comentários do tipo: “esse fatiador funciona melhor em bananas brasileiras do que italianas??”. Ou seja, encontraram um sentido para contar uma história válida que mobilizou as pessoas. Sim, o Hutzler vendeu muito.
A tendência é a busca da fagulha, aquela que realmente pode acelerar a realidade e fazer com que aqueles que a vejam primeiro, vendam mais, engajem mais e inovem mais. Rahit Bhargawa mostrou que a tendência emerge das próprias idiossincrasias do ser humano.