Você sabe quantas horas já são consideradas excessivas para se manter diante da tela do computador? Pois saiba que a partir de duas hora seguidas olhando para esses objetos brilhantes (vale incluir tablets e smartphones nessa), você já pode estar comprometendo o funcionamento dos seus olhos. Essa sensação de cansaço por ficar tantas horas diante de telas tem um nome – fadiga ocular. E tem se intensificado com o trabalho remoto e os períodos curtos (ou inexistentes) de intervalo no ritmo de mirada para o computador.
Se antes havia uma quebra nesse exposição quando se ia tomar um café, na lanchonete do escritório, ou era preciso sair e encarar o trânsito, hoje, com a mobilidade reduzida para ir e vir, as pessoas saem do computador e caem nas telas do celular, da televisão… E assim por diante. Esse é mais uma questão comportamental e de saúde que a hiperconexão vinha causando nos últimos tempos, mas que se acentuou com a pandemia de Covid-19 e todas as suas mudanças. Vale a pena ficar de olho para saber mais sobre o assunto e tentar controlar a exposição dos olhos às telas. Para isso, conversamos com Dra. Lísia Aoki, oftalmologista do Hospital das Clínicas de São Paulo. Acompanhe o tira-dúvidas.
Primeiros sinais
É preciso ficar atento ou atenta, pois o indicativo de que há algo errado pode passar despercebido, explica a médica. “A fadiga ocular se manifesta com sinais inespecíficos de sensação de cansaço, uma dificuldade de manter a atividade que se está realizando por muito tempo. Se você estiver lendo, trabalhando, estudando algo, sente necessidade de fazer um intervalo porque está sentindo um ‘peso’ nos olhos. A pessoa pode sentir também uma sensação de ardor, de olho seco”, diz ela.
Por que isso acontece?
Nem todo mundo sabe, mas nas telas, as imagens são fragmentadas: “Elas são formadas por pixels e isso exige um maior esforço para visualizar melhor o que está sendo projetado. É muito diferente do que olhar um livro, um papel. A gente não percebe essa fragmentação. Além disso, quando estamos prestando muita atenção, há uma diminuição na frequência do piscar – que pode ser até três vezes menor. Isso pode levar ao aparecimento do que chamamos de “olho seco”, pode fazer o olho ficar vermelho, arder, etc, conta a especialista.
Quantas horas é “excesso”?
Essa informação é importante: “O tempo considerado excessivo para o uso de telas é acima de 6 horas”, diz a Dra. Lísia Aoki. “Mas ficar diante de uma tela por cerca de duas horas sem interrupção já é considerado um período grande”, informa ela. Ou seja, nossa resistência visual a esses equipamentos é bem menor do que se imagina. Também existem evidências de que a luz emitida pelas elas – principalmente espectros de luz azul – pode levar a uma alteração no ciclo da melatonina, que é o hormônio que regula o sono. Isso é mais uma questão para ficar de olho quando se fala de exposição às telas”. Deixar lembretes para se piscar com mais frequência podem ajudar a combater esse excesso, bem como o uso de lubrificantes oculares.
Como evitar
“Uma medida simples que pode ser tomada é fazer intervalos programados enquanto se estiver trabalhando ou estudando, se possível. Existem algumas regras – como parar por 10 a 15 minutos a cada duas horas – ou ainda fazer um intervalo de 20 segundos a cada 20 minutos”. Essa última, como explica a especialista, é a chamada regra do 20-20-20: “Significa a cada 20 minutos fazer uma pausa de 20 segundos e olhar a 20 pés, o que seria equivalente a mais ou menos 6 metros, ou seja, olhar em direção ao infinito, a uma distância longa”, diz a médica. Essas pausas periódicas ajudam a melhorar a fadiga. Regular os parâmetros das telas, respeitando padrão noturno, quantidade de brilho ou luminosidade é importante, pois costuma dar mais conforto. A altura também influencia nessa fadiga ocular: “A tela precisa estar na altura dos olhos para a pessoa não ter que olhar nem para cima e nem para baixo durante o uso”.
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