Tanta gente chocada, chocada. Facebook encara uma crescente crise, especialmente nos EUA e Europa, com as revelações de que falhou e careceu de transparência para lidar com o acesso impróprio dos dados dos seus usuários, ou seja, nós, habitantes do planeta Terra (ok, muitos, excessivamente muitos). Para quem não sabe, Facebook é o maior País do planeta, com de 2 bilhões de habitantes. Confira a edição online da revista Consumidor Moderno! O estopim da nova crise de confiança (algo devastador numa relação de amizade) foram as revelações sobre uso sem permissão pela firma de pesquisa política Cambridge Analytica dos dados de mais de até 87 milhões de usuários do Facebook. Entre outros clientes da firma, a campanha eleitoral de Donald Trump em 2016. Cambridge Analytica usou os dados para arquitetar uma sofisticada estratégia para influenciar os eleitores antes da votação. Esta nova controvérsia acontece na esteira do escrutínio sobre a manipulação das plataformas Facebook pelos russos, em particular naquela malfadada eleição presidencial americana de 2016.
Tecnoutopismo
O tecnoutopismo pregado pelo Vale do Silício sofre um ataque como nunca sofreu. Existem dúvidas sobre o iluminismo da comunidade virtual global. E o império contra-ataca quando acossado por governos, investidores e dúvidas dos habitantes da Facebook Nation e outros deste universo digital. No Vale do Silício, existe uma campanha de relações pública para que sejam desfeitas as redes do desencanto popular e institucional. Na sede do Facebook, há cartazes citando Martin Luther King de que “só na escuridão, você consegue ver estrelas”. E continua a arenga de que os usuários podem contar com o Facebook, o melhor dos amigos. Puxa, obrigado.
Menino-maravilha
Existem as promessas para aumentar a privacidade dos usuários, neutralizar a desinformação e atuar com mais transparência. Existe até um tom de humildade nas palavras do menino-maravilha (e ultrabilionário) Mark Zuckerberg. Claro que falta transparência no Facebook. A empresa de Zuckerberg abusa do laissez-faire e sempre foi generosa com a exploração de suas plataformas por terceiros. Afinal, quantos mais parceiros (e amigos), melhor. Então, existe este paradoxo que ameaça o business model altamente lucrativo da tecnoutopia. Zuckberger promete restringir a quantidade de dados que os aplicativos externos que usam o Facebook podem acessar. Como de hábito, reguladores europeus são mais duros que os americanos. A comissária da União Europeia encarregada de dados, Vera Jourová, não está muito comovida com as boas intenções e promessas de transparência. Ela lembra que a Internet não é “um espaço livre da lei”. O ponto que eu gostaria de destacar é a cumplicidade dos usuários. O que a turma acha? Tudo na base da amizade? Facebook não é um serviço de utilidade pública, mas um negócio que prosperou graças à invasão de privacidade. Este é o preço para nós. Para o Facebook e afins, o preço será mais regulamentação. Amizade não vive só de farra. Precisa de regras. Não gostou? Cada de um de nós é supostamente livre para ficar de mal com o amigo Facebook.