O título desta chamada poderia ser outro: “A batalha entre os grandes conglomerados de mídia e entretenimento reaquece no Brasil no final de junho”. Enquanto Disney+ chegou ao País em novembro para competir com a Netflix – a plataforma inclusive está despontando na Índia e, por isso, fazendo frente para a briga pela liderança mundial -, a Warner dá a largada apenas agora no mercado de streaming internacional com um produto que realmente corresponda à toda sua força. Seu streaming HBO Max chega finalmente ao Brasil e América Latina no final de junho.
Depois de ter o acordo de fusão com a AT&T emperrado no Departamento de Justiça dos Estados Unidos de 2018 a 2019, entre alegações de antitruste, a Warner finalmente se viu apta a tocar seu plano de expansão internacional do streaming. À época, a visão da potência midiática era de que distribuição e conteúdo andam juntas, e que a AT&T teria um papel crucial de telecom no broadband e interatividade dos produtos.
Apesar de a AT&T ter juntado divisões que permaneciam separadas dentro da Warner (HBO, Turner e Warner Bros) e fundido as ações com a Warner na NYSE, a crescente dívida bilionária da AT&T com a Warner resultou em um spin off da produtora de conteúdo, que então foi unida à Discovery para a criação do que pode ser o mais rico streaming em termos de conteúdo do mundo.
Trata-se de uma nova era para o streaming e a Warner. E foi justamente com o termo ‘nova era’ que o CEO global da WarnerMedia, Jason Kilar, abriu o streaming de anúncio do lançamento nesta terça-feira (26).
“O futuro é empolgante na HBO Max e estamos entusiasmados que os consumidores de todo o mundo logo serão capazes de explorar e experimentar esta nova era do entretenimento. Para América Latina e Caribe, estou muito contente em anunciar que a HBO Max chegará em 29 de junho.”
Para toda a família e a partir de R$ 19,97, um vasto catálogo de títulos da Warner chegará aos latinos nesta data, de Harry Potter a Batman e Game of Thrones, apenas para citar alguns, e tudo que há entre HBO, DC e Warner Bros.
Esportes ao vivo terão transmissão ainda a partir deste ano.
“Esta aspiração de levar o melhor entretenimento a todos se reflete na grande variedade de filmes e séries, a experiência intuitiva e bela do produto e às formas específicas que operamos a HBO Max para nossos fãs na América Latina, com nossos planos, preços e características que irão agradar a todos”, disse Johannes Larcher, chefe da HBO Max Internacional.
Os planos de assinatura
Bem como Jason Kilar citou no anúncio da HBO Max, a Warner busca democratizar o acesso ao entretenimento. O streaming chega com produtos voltados a uma variedade de consumidores e preços. São dois planos mensais: o Multitelas, com acesso a três usuários simultâneos em até cinco perfis e possibilidade de download de conteúdo, alta definição e até 4K para todos os dispositivos (R$ 28/mês); e o Mobile, que traz o mesmo catálogo do Multitelas, mas com qualidade de imagem otimizada para dispositivos móveis menores (R$ 19,97/mês).
É possível fazer assinaturas pré-pagas por três ou 12 meses com possibilidade de descontos de até 30% e teste grátis de sete dias.
Com o lançamento da nova plataforma, tanto os clientes com assinaturas diretas da HBO GO quanto aqueles que acessam o GO por meio de um provedor de serviço participante terão acesso ao HBO Max. A HBO diz em seu site que trará mais detalhes sobre este processo em breve. Contudo, a previsão é de que o HBO GO acabe quando o HBO Max chegar.
Muito diferentes?
Por mais que a concorrência dos grandes conglomerados mundiais de mídia e entretenimento cheguem ao mercado de streaming do Brasil com estes Golias — e ainda tendo a Amazon Prime no retrovisor —, cabe observar o quão diferentes elas realmente são.
Obviamente, estes serviços representam e são o acesso a diferentes séries de sucesso, milhares de coleções de filmes e histórias e heróis inesquecíveis. Mas vale lembrar o “bê-a-bá” do pensamento crítico e ressaltar que todas estas grandes empresas internacionais de streaming estão em uma política econômica de mídia razoavelmente parecida. Se for verdade o jargão de que toda mídia tem seus interesses, então, podem estes grupos de marcas de conteúdo e produtos — quase todos norte-americanos — serem menos contrastantes em suas visões de mundo? Podem elas trazerem concepções gerais de heróis e inimigos praticamente iguais, e representações parecidas sobre imigrantes, etnias e gêneros?
Se sim, podemos estar em um contrassenso histórico, em uma época globalizada e plural que concorre em ofertas de ideias tendencialmente unívocas. Se não, estamos em um mundo descentralizado e personalizado, em que o poder de comunicação na mão das audiências é que definirá a real diferenciação entre estes produtores de conteúdo.
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