O Strava trouxe para o Wired Festival 2018 uma amostra de como a tecnologia pode ser usada para ajudar no planejamento das cidades. A plataforma foi criada em 2009, com a intenção de motivar e inspirar as pessoas a se movimentarem e praticarem esportes. “The Home of your Athletic Life”, sempre foi o lema da empresa. Mas, hoje em dia a plataforma, através de sua base de dados, tem contribuído para resinificar a mobilidade urbana pelo mundo: de uma forma mais sustentável e saudável.
O aplicativo está em 195 países, com 136 milhões de atletas cadastrados e mais de 15 mil uploads por semana. Esses usuários introduzem diariamente na plataforma dados sobre o seu deslocamento e desempenho. A partir dessas informações os fundadores da empresa perceberam que poderiam informar às cidades por onde as pessoas costumam andar a pé, de bicicleta, a rota que elas escolhem para ir para o trabalho e com isso, poderiam ajudar a construir cidades mais inteligentes.
O Strava Metro foi criado exatamente com essa função. “Não tínhamos esse plano, mas vimos que disponibilizar para os governos um mapeamento da forma com que as pessoas se movem, ajudaria as cidades a escolherem melhor como investir no transporte sem carros”, contou Michael Horvath, co-fundador do Strava.
Como incentivar o uso de um transporte sem ter a infraestrutura necessária para dar segurança para os usuários? Com os dados oferecidos pelo Strava, somados a informações das próprias secretárias , os governos conseguem saber onde estão acontecendo mais acidentes com ciclistas, onde os sinais de trânsito são mais demorados e atrapalham o fluxo e quais as vias alternativas para direcionar bicicletas ou automóveis para reduzir congestionamentos.
Atualmente, para Horvath, a melhor cidade para ciclistas é Copenhague, na Dinamarca, onde existem ruas e estradas construídas exclusivamente para o tráfego de bicicletas. “Lá quem anda de bicicleta se sente muito seguro”, comenta. O Strava Metro já concretizou algumas ações em Copenhague. Uma delas foi a construção de uma ponte para ciclistas, que ajudaria a desobstruir uma rotatória que acabava sendo o caminho mais escolhido por aqueles que se deslocavam na cidade. Com um mês da construção, 78% dos ciclistas da cidade passaram a utilizar a ponte, reduzindo 94% o tráfego na rotatória.
O aplicativo consegue ainda segmentar o perfil dos ciclistas e corredores. Saber idade, onde moram, para onde costumam ir. Sabem também se estão usando a bicicleta para ir ao trabalho, para o campo ou se é um ciclista casual. Com todas essas informações o Strava consegue fazer um censo para a cidade entender qual segmento da população está mais engajada em atividades físicas, como o turista tem se comportado na cidade e com isso, estimular mudanças de comportamento.
No Brasil hoje, o Strava tem cinco milhões de usuários e a cada semestre mais um milhão de atletas se cadastram na plataforma. “Queremos fazer do Brasil a capital do Strava na América Latina”, afirma o co-fundador do aplicativo.