Quem nunca contou nenhuma mentirinha? Muitas vezes, mentir é a única opção, especialmente para não magoar alguém. Afinal, quem quer contar para a mãe que aquele bolo não ficou igual a todos os outros e não está gostoso? Assim, dá para contar a tal mentirinha inofensiva. Infelizmente, nem sempre ela é tão inocente e pode gerar problemas, alguns até graves.
“De uma forma geral, a pessoa mente para poder atingir algum objetivo ou fugir de frustrações. Na infância, as crianças podem mentir por terem dificuldade de enfrentar decepções ou críticas”, analisa a psicóloga do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, Marina Arnoni Balieiro. Para ela, na infância, a menitra está relacionada à imaturidade e medos, mas, na fase adulta, o ato é intencional e deliberado. Assim, pode gerar sérios problemas para quem a utiliza rotineiramente. Especialmente porque pode virar doença.
Isso mesmo: a Síndrome do Pinóquio – a Mitomania (vício em mentir) – é muito difícil de ser diagnosticada, principalmente por um especialista que não convive com o paciente. Por isso, a ajuda dos familiares e amigos é fundamental neste caso. “Afinal, quem mente dificilmente reconhece esse hábito”, complementa a psicóloga.
Diferente dos fraudadores, estelionatários ou sociopatas, que usam a mentira para burlar a confiança do outro e obter vantagens, a especialista faz questão de destacar que o mitomaníaco não mente para tirar proveito e, sim, por problemas relacionados à sua confiança.
Podendo ser patológica, a mitomania ainda não é considerada uma doença pela Medicina, mas pode estar relacionada a uma causa psicológica, em que a mentira decorre de conflitos internos e acaba colocando as relações sociais dos envolvidos em risco. “Há casos em que o mitomaníaco acaba sendo excluído da sociedade, podendo prejudicar ainda mais o tratamento da doença.”
Marina Arnoni Balieiro destaca que, durante o tratamento, é importante a colaboração de amigos e familiares para levantar a autoestima do paciente, oferecendo compreensão, apoio e amor para que a doença seja superada. Em alguns casos, a psicóloga afirma que pode haver a necessidade de intervenções, como a psicoterapia e medicamentos.