Embora o crédito deva continuar crescendo em 2025, o ritmo desse crescimento será mais lento do que o registrado em 2024 (previsto para fechar em 10,5%). É o que aponta o primeiro levantamento da Febraban, feito com 19 bancos, entre eles BTG Pactual, JP Morgan e Bradesco. De acordo com a estimativa, o crédito deverá crescer 9% em 2025. Já em carteira de recursos livres (produtos como crédito pessoal, cheque especial, e financiamentos para empresas), espera-se expansão de 8,3%, e a direcionada (que conta com regras do governo e é voltado para áreas específicas, como por exemplo, agricultura e habitação), 9,7%.
Os dados de 2024 (até novembro) seguem em linha com o avanço na faixa de dois dígitos do crédito no ano, refletindo a queda dos juros no 1º semestre, os índices de inadimplência mais contidos, elevação da renda das famílias, recuperação do crédito para as empresas e novos programas públicos.
A projeção para o crescimento da carteira de recursos livres entre janeiro e dezembro de 2024 foi ajustada para 10,1%. Ocorreram revisões positivas tanto para a carteira destinada às famílias quanto para as empresas. No caso das empresas, a expectativa de alta foi ajustada de 8,5% para 8,7%, enquanto, para as famílias, passou de 11,1% para 11,3%.
Cenário macroeconômico e impactos no crédito
As projeções para 2025 mostram um cenário econômico mais desafiador, com condições financeiras apertadas e uma política monetária mais rigorosa para conter a inflação. Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban, explica: “Ainda que a reacomodação seja natural e esperada, os números podem continuar sendo considerados positivos, com crescimento projetado de um dígito alto, próximo ao verificado em 2024. As previsões são sensíveis à evolução dos números e aos resultados da economia, e conforme o cenário fiscal ficar mais claro e os indicadores sinalizarem resultados positivos, o crédito poderá voltar à faixa de dois dígitos”.
Inadimplência no crédito
Ainda de acordo com a pesquisa, a expectativa para a taxa de inadimplência da carteira livre aponta ligeira piora. O indicador deve fechar 2024 em 4,5%, pouco acima do nível atual, 4,3% em novembro, segundo dados do Banco Central. Para 2025, a projeção da inadimplência da carteira livre também se elevou um pouco e atingiu 4,7%, ante 4,5% na pesquisa anterior.
“Esses dados indicam que as instituições financeiras começam a ver um cenário mais negativo para a inadimplência do próximo ano e, por isso, precisamos analisar com atenção a performance das famílias e das micro, pequenas e médias empresas, diante do novo ciclo de alta dos juros”, complementa Sardenberg.
Selic
A pesquisa mostra que a grande maioria dos entrevistados (84,2%) espera que o Copom eleve a taxa Selic para além de 14,25% ao ano no atual ciclo de aperto monetário. Porém, a maioria (52,6%) espera que um novo de ciclo de flexibilização monetária se inicie ainda em 2025.
Sobre a trajetória da Selic, a expectativa para os juros se elevou novamente ante as pesquisas anteriores. Agora, a mediana para a Selic prevê alta até 15,0% ao ano em junho de 2025.
A expectativa para a taxa de câmbio também seguiu em alta em relação às pesquisas anteriores. No curto prazo, a expectativa é que o câmbio siga próximo do nível de R$ 6,00, mostrando apreciação ao longo do período avaliado, quando atingiria R$ 5,90 em julho de 2025.
Inflação
A maioria dos participantes (57,9%) espera que o IPCA encerre 2025 acima de 4,5%, ou seja, além do teto da meta, em função de inúmeros fatores, como a atividade aquecida, o mercado de trabalho apertado e o câmbio depreciado.
PIB
Com relação à atividade, metade dos participantes espera que o PIB cresça em torno de 2% em 2025, que é o consenso atual de mercado. Contudo, 27,8% dos participantes esperam um crescimento menor, diante do nível restritivo da política monetária/condições financeiras e redução dos estímulos fiscais.
Pacote de corte de gastos
No campo fiscal, a maior parte dos entrevistados (66,7%) estima que o pacote aprovado no Congresso gere uma economia entre R$ 40 bi e R$ 55 bi nos próximos dois anos.