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Saúde e estética: o mercado de desejos polêmicos e o caso Mary Magdalene

Saúde e estética: o mercado de desejos polêmicos e o caso Mary Magdalene

Procedimentos estéticos agressivos, cirurgia de hímen, culto ao visual “perfeito” nas redes e uma indústria conivente com os riscos

Intervenções estéticas muitas vezes podem gerar debates acalorados sobre aquilo que pode ser considerado correto ou não para a saúde, sem falar nos riscos envolvidos. A busca por um visual “perfeito” e condizente com desejos estéticos ou modismo também pode trazer sérios problemas à saúde. Em contrapartida, existe um mercado pujante para tudo isso.

O caso da artista influencer digital Mary Magdalene é um exemplo. Mary tem 25 anos e já gastou mais de R$ 515 mil em procedimentos estéticos. Mas foi em 2018 quea influenciadora levou um dos maiores sustos da sua vida. Ela quase morreu ao tentar entrar para o Guinness Book (Livro dos Recordes) com o “órgão sexual mais gordo do mundo”. Na ocasião, ela concedeu uma entrevista para o The Sun relatando que perdeu muito sangue durante o procedimento e correu risco de vida.

A jovem já fez várias operações no nariz e seios, rosto, lipos, aplicações de silicone etc. Em sua principal rede social (Instagram) Mary relata suas cirurgias, e diz que não vai parar. Especialistas em medicina, dizem que o caso da influenciadora é um exemplo de Transtorno Dismórfico Corporal. A dismorfia corporal é um transtorno psicológico em que existe preocupação excessiva pelo corpo. A origem, segundo médicos, é basicamente genética e neuroquímica, porém, o ambiente também pode influenciar, principalmente na infância e adolescência.

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Reconstrução de hímen e um mercado gigantesco

Outro procedimento estético que chama atenção e move uma grande indústria por trás é a cirurgia de reconstrução hímen. Nos EUA este tipo de cirurgia e o teste de virgindade estão disponíveis há anos. Testes de virgindade chegaram às manchetes internacionais em 2019, quando o rapper americano TI alegou que levava sua filha a um ginecologista anualmente para examinar seu hímen. Produtos de virgindade não cirúrgicos, como himens artificiais e cremes de virgindade também já estão no mercado.

Há pouco tempo, Neda Taghinejadi, médica e pesquisadora especializada em saúde sexual, abordou o tema da reconstrução de hímen em um robusto artigo publicado na Wired. Para a médica, a obsessão da sociedade por esse “pequeno pedaço de tecido” decorre de alegações generalizadas e falsas sobre sua capacidade de revelar se alguém é virgem. “A virgindade em si não tem nenhum significado médico ou científico real. É um mero reflexo do maior valor dado ao sexo do que todos os outros encontros e experiências sexuais”, ela explica.

A ideia do hímen virginal é tão convincente que todo um mercado surgiu para monitorá-lo, repará-lo e replicá-lo. Anunciantes nos EUA promovem esses produtos por uma variedade surpreendente de motivos, desde “um último recurso” a “presentes para parceiros”. Há também os himens artificiais. Esses produtos prometem “devolver a virgindade em cinco minutos”, dizem os anunciantes, e “sem a necessidade de cirurgia”. Himens artificiais podem custar até 135 mil dólares. Eles são frequentemente vendidos junto com “cremes de aperto vaginal” como parte de um “kit de virgindade”.

Especialistas em saúde e médicos afirmam que alguns produtos contidos em “cremes de virgindade” poderem irritar a pele genital e predispor as mulheres a infecções, alterando o equilíbrio normal do pH da vagina. “No entanto, continuam a vender produtos com alegações desonestas que podem representar riscos não revelados para a sua saúde”, alerta Neda Taghinejadi.

Em 2019, o The Guardian informou que uma empresa alemã vendia milhares de “kits de hímen artificial” nos EUA todos os anos. Outra empresa afirmou que vendeu a maioria de seus himens artificiais na Carolina do Norte e na Califórnia. E a publicidade em torno é grosseira: “Faça todas as noites a noite dos namorados”, sugere uma empresa.

Informação e conscientização aos riscos

Por outro lado, em alguns países surgem iniciativas que começam a questionar e tentar jogar luzes sobre alguns temas. No caso da reconstrução de hímen e o “culto a virgindade”, em agosto do ano passado, o Royal College of Obstetricians and Gynecologists, do Reino Unido, divulgou um comunicado se opondo à prática de himenoplastia e teste de virgindade, enfatizando que eles não devem ser considerados um substituto para salvaguardar a segurança das mulheres e podem colocá-las em maior risco de violência. O governo do Reino Unido respondeu comprometendo-se a criminalizar ambas as práticas.

Leia mais: Saúde mental: as marcas precisam lidar com o conceito no pós-pandemia 

Estes casos, exemplificam como questões culturais, tabus e distúrbios emocionais podem acarretar riscos à saúde. A liberdade de escolha de cada indivíduo sobre o que deve ser feito ou não com seu corpo não deve ser questionada. Mas, o fato de haver uma indústria e profissionais de saúde coniventes com os riscos envolvidos é o que preocupa. Evidente que por trás disso há empresas e profissionais fazendo fortuna. No entanto, uma postura profissional e comunicação sobre os riscos devem ser cobrados por governos e sociedade. Mesmo que haja uma pressão enorme dessa mesma sociedade pela “perfeição” é importante lembrar que há também uma ideação quase suicida sobre o que seria essa “perfeição”.

Voltando ao caso, Magdalene, a jovem declarou em várias entrevistas a veículos americanos, que cresceu em uma família conservadora e que encontrou nas cirurgias plásticas “uma maneira de ser rebelde”. Julgamentos à parte, fico com a esperança de que outros jovens encontrem numa guitarra, por exemplo, uma maneira de se rebelar.

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