“A tecnologia está no meu bolso, uso o celular para praticamente tudo”, conta Fabrício Luz, jornalista de 31 anos e geek de carteirinha, como ele mesmo define. “Quanto mais usamos, mais dependente ficamos. Ela é facilitadora. O ideal, na verdade, é ter um autocontrole. É saber quando não usar, inclusive”, pontua o profissional. E não à toa.
Os avanços em termos de tecnologia da robotização da vida são enormes e não param. E Fabrício é apenas uma mostra de uma sociedade que segue cada vez mais dependente deste universo hi-tech. Hoje, já falamos em robôs cada vez mais capazes de captar emoções humanas, interpretá-las e traduzi-las em funcionalidades inteligentes. E não só isso: máquinas que gradativamente serão capazes de conversar e nos entender com fluidez. Estamos falando de assistentes pessoais que conversam na nossa língua, entendem nossas gírias locais e fazem brincadeiras. Máquinas com interações reais.
Mas, em meio a tantas projeções para o futuro, você parou para pensar o quanto sua vida já se tornou robotizada? Quais os limites entre o real e o digital? E o que podemos esperar das tecnologias que virão?
Responder a primeira questão é mais fácil do que imaginamos. Fabricio é um exemplo disso.
“Não me lembro mais a última vez que pisei em um banco de verdade. Faço tudo pelo celular. O Google drive pra mim é vida! Toda minha vida está armazenada lá de alguma forma: planilhas de gastos, de atividades, jogos comprados, não acabados, que gostaria de comprar. Uso o Slack no trabalho o tempo todo para me comunicar e organizar tarefas”, lista.
“Quando quero entregar algo, aciono o Loggi. Quando não preciso provar nada, faço compras online. Assino Spotify, Netflix, Amazon Prime. Navego na rua pelo GPS. Parando assim para pensar, vem tantas coisas que já se tornaram naturais à minha cabeça, que eu nem percebo mais”, reflete.
Rebeca de Moraes, sócia diretora do Trop.Soledade, explica que hoje as pessoas buscam uma relação com a tecnologia que traga praticidade.
“A tendência da robotização nos próximos anos é que a gente consiga, gradualmente, realizar coisas do dia a dia com mais facilidade. O consumidor quer deixar de perder tempo com algumas coisas para gastar com outras”, explica.
“Exemplo disso é a evolução que os comandos de voz têm tido no mercado. Estão em desenvolvimento tecnologias que são como um aprimoramento do atual Google Home, capazes de ouvir seu tom de voz e, a partir disso, mudar o grau de iluminação do ambiente, por exemplo, para que você se sinta melhor, mais tranquilo ou relaxado”, relata.
Na mesma linha, a pesquisadora em consumo e tendências explica que há protótipos de robôs que identificam os membros da casa, suas emoções através do tom de voz para sugerir atividades que ajudem a melhorar as relações entre as pessoas. Assim como alguns carros mais desenvolvidos que detectam as emoções do motorista e com isso calibram, música, volume e temperatura do automóvel.
“O futuro se concentra nisso. Estamos entrando na era da voz. A futurista americana Amy Webb prevê que até o final deste ano cerca de metade das interações que nós temos com computadores serão feitas por voz”.
O que não é à toa. Dados da Trop.Soledad mostram que 37% dos consumidores da América Latina já estão variando entre toque e voz para ativar comandos do celular. Entre as pessoas que usam comando de voz, 86% delas acreditam que sua utilização agiliza a interação com o aparelho.
“Sem sombra de dúvidas, a robotização é um avanço significativo para a vida humana. Mas, tem um questionamento interessante que sempre coloco nessa tendência que é: se nós somos o conjunto de interações aos quais nos submetemos na vida com família, amigos, no trabalho e a cada dia mais essas relações estão sendo intermediadas por robôs. Como será isso no futuro?”, indaga Rebeca.
“Temos muitas questões éticas para falar quando o assunto é robotização da vida, as empresas têm que levantar questões e trazer respostas para muitas pontas soltas dessas tecnologias. Se os robôs começam a nos dizer que estamos tristes, será que provavelmente vamos achar que estamos tristes ou deprimidos, mesmo se não estivermos? Será que vamos passar a terceirizar nossas próprias emoções? Como vai se dar essa relação?” questiona.
O anseio por um futuro promissor vindo das tecnologias, as incertezas, as questões éticas e as preocupações com o equilíbrio das relações humanas e digitais são pontos que Fabricio e Rebeca concordam, mesmo em ocupações diferentes: ela pesquisadora do mercado de tendências de consumo e ele jornalista, geek de carteirinha e aficionado por assuntos tecnológicos.
“Tudo na vida precisa ter um equilíbrio, se você não tiver autocontrole, acaba sendo levado a viver em função das tecnologias. Hoje em dia é praticamente impossível viver sem elas, mas autocontrole é fundamental”, afirma Fabricio.
“Minha identidade é tecnológica. Eu sou uma pessoa extremamente curiosa em diferentes assuntos, falo cinco línguas e sempre estou estudando um tema novo, mas é na tecnologia que eu encontro meu lugar seguro. Posso dizer que sou uma pessoa extremamente privilegiada, primeiro por ser negro e ter ensino superior completo, depois por estar morando fora da periferia, ter comida e finalmente por ter a tecnologia ao alcance das minhas mãos”.
Juntamos 7 pessoas do cotidiano que representam o futuro e tendências do aqui e agora que moldarão o amanhã. Ieda, por exemplo, é uma chefe de cozinha da Chapada Diamantina e espalha sua culinária por onde passa. Hoje encanta os paulistas com uma comida tradicional e nordestina em um restaurante que leva seu nome. Por isso impossível não falar de LOBAL, quando o local é muito maior do que o que vem de fora.
Também descobrimos Leandro, preparador de atletas, que muda a vida das pessoas através da AUTO-OTIMIZAÇÃO. Já Urick é púpilo dessa geração de pessoas preocupadas com PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS. E tem o Fabrício, tão ligado em tecnologia que já fala em uma ROBOTIZAÇÃO DA VIDA.
Sem falar da Renata, que acredita em um mundo em que é possível (e necessário) VIVER MELHOR, assim como a Ana Lúcia, que sabe que número não define nada, que IDADE é EMOCIONAL. E a Júlia? Uma NATIVA ECOLÓGICA que quer transformar o mundo através do ativismo ambiental e na sua crença de um planeta melhor.
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