O novo termo do momento são os Retail Labs, ou Laboratórios de Varejo em uma tradução livre para o português, expressão usada para designar iniciativas e espaços que buscam a inovação nas operações do varejo, como uma unidade pensante e idealizadoras de ações “fora da caixa”. Apesar do termo querer trazer um ar de novidade e modernidade, essa prática não é tão nova assim no setor varejista: quem está por dentro dos negócios do varejo sabe que esse setor tem as palavras transformação e inovação como seus principais pilares, sempre buscando saídas novas para melhorar a experiência dos clientes e criar níveis de excelência operacional. Porém, o que muda com essa “nova” abordagem materializada nessa proposta de criação de novos centros de inovação?
O laboratório é onde se aprende errando
A operação dentro do varejo não permite erros: com um cenário tão competitivo, onde o lucro e as oportunidades estão nos pequenos detalhes, qualquer erro pode custar muito caro. Porém, inovar e achar novas alternativas para uma operação não é tão simples assim. Muitas vezes uma novidade precisa de ajustes, não sendo um sucesso logo de cara, mas com alguns reparos aqui e ali, podem gerar novas opções para o varejista. Essa é a principal semelhança de um Retail Lab com um centro de Pesquisa & Desenvolvimento: orientação para geração de experimentos controlados dentro desse ambiente, permitindo erros e acertos que aumentem o nível de conhecimento do varejista, sempre com resultados sendo analisados na prática. Além dessa liberdade de tentativa e erro, o laboratório busca aproximar os “profissionais-cientistas” do dia-dia do varejo, mas mantendo uma blindagem que evite que essas pessoas sejam sugadas pela problemática e desafios operacionais comuns do dia a dia. Trata-se de ser pragmático: direcionar e aproveitar as competências e energia desses profissionais para novas descobertas e insights que realmente trarão benefícios quantificáveis.
A tecnologia como um meio, e não fim
As ferramentas de análise de dados e de Big Data, sejam hardware, software, serviços ou uma conjunção de todas essas coisas, nunca estiveram tão ao alcance de todos como agora – seja por questões de ordem financeira (custo), seja por questões de disponibilidade do conhecimento. Porém, como agregar valor real ao fazer este tipo de investimento? A resposta é entender a tecnologia como caminho, ou seja, uma viabilizadora do resultado final, uma aliada importante na busca pelas respostas para suas perguntas de negócio. Hoje eu afirmo (e tenho a disposição uma ampla gama de casos de uso implementados que reforçam a tese) que a análise avançada dos dados (que provavelmente já estão sendo geradas e armazenadas pelos varejistas) é fundamental na obtenção de sucessos nas duas tarefas mais importantes do varejo: melhorar a experiência do consumidor e estabelecer a excelência operacional – seja através da otimização de processos internos, da criação de promoções mais direcionadas, da conquista e fidelização dos clientes, da redução de custos – promovendo maior lucro para o varejista. Cabe lembrar que as descobertas aqui não representam coisas ligadas a tecnologia, mas sim detalhes do comportamento do consumidor, da operação das lojas, resultados das iniciativas promocionais, etc. que demandarão um “ouvir ativo” para que os insights encontrados sejam rapidamente transformados em ações práticas que gerem novas informações para novas análises e novos ajustes de rota – é um ciclo contínuo. Acredite naquilo que seus dados revelarem e transforme essas respostas em missões críticas para o sucesso.
Diversificar para inovar
Outra característica inerente aos Retail Labs é o intercâmbio de profissionais inovadores. Não entendeu? Em alguns casos implementados ao redor do mundo, os laboratórios de varejo podem selecionar pessoas de diversos setores (marketing, operações, logística, comercial, etc.), que já fazem parte do quadro de colaboradores da empresa, e que tem em comum uma capacidade intra-empreendedora aguçada para atuar como temporários em algum experimento no qual seus conhecimentos, habilidades e atitude farão a diferença. Combinar estes especialistas com cientistas de dados, por exemplo, permitirá a criação de uma ampla gama de soluções inteligentes e eficazes, muito mais próximas dos contextos cultural e operacional da empresa, o que aumenta muito as chances de sucesso. Após o objetivo alcançado, os especialistas voltam para suas posições de origem com um novo papel: de embaixadores da mudança e líderes da implantação dessas novas formas de fazer negócios.
É possível fazer a terceirização de um Retail Lab?
Sim. Hoje o varejista brasileiro já tem a opção de “terceirizar” grande parte de seu laboratório, contando com empresas aqui no Brasil que possuem especialistas da indústria, arquitetos de solução tecnológica e cientistas de dados que ajudarão nessa busca pela inovação. O processo é praticamente o mesmo do feito “em casa”, porém com um parceiro que irá fornecer acesso ao estado da arte em tecnologia, a especialidade em lidar com os dados e o conhecimento de mercado, cabendo ao varejista fornecer os dados e mobilizar alguns de seus especialistas intra-empreendedores em tempo parcial durante a realização do experimento. A principal vantagem dessa prática é a flexibilidade: Um laboratório não irá fabricar inovações diariamente, já que depende de todo um processo de pesquisa, análise e testes. Por isso, contar com um parceiro que permita ao varejista buscar inovações em momentos e pontos específicos certamente irá baratear e facilitar a busca por melhores práticas. Em alguns varejistas onde esse processo já está em andamento, uma “corrida pela inovação” – que representa um experimento com escopo definido – tem sido realizada em um período de 6 a 10 semanas, o que é muito rápido quando comparado as abordagens tradicionais. Além da diminuição do custo, a terceirização do seu Retail Lab pode ser ainda mais positiva quando somada a experiência do parceiro, que pode usar casos de uso e benchmarks internacionais para direcionar e acelerar os resultados dentro de um novo projeto.
Por Mauricio Andrade de Paula, especialista de Varejo e Big Data da Teradata para América Latina