Seu auge foi entre 2005 e 2008, quando a presença do hoje hegemônico Facebook começou a incomodar. Mas o que fez o Orkut perder público? Uma das hipóteses é que a rede social era um terreno complicado para as empresas e, consequentemente, não conseguiu se manter sem a ajuda de anunciantes. O Adnews resolveu relembrar um pouco da presença das marcas por lá.
Geralmente, uma marca ganhava “rosto” seguindo dois caminhos: criando uma comunidade oficial e/ou um perfil. Os dois caminhos se fundiam, já que para gerir uma comunidade era necessário ter um perfil. Não era possível responder usuários como empresa, como acontece no caso do Facebook quando uma fanpage “fala” com o internauta. A marca seria obrigada a criar dois campos de trabalho, um para responder consumidores e outro para ouvi-los.
E já que as marcas, como de praxe, demoraram certo tempo para perceber a importância do site do Google, quando elas resolveram entrar na rede as comunidades de marcas já estavam criadas pelos próprios consumidores. “Queremos Coca Cola 20 litros”, por exemplo, foi criada em 2005. Já a comunidade oficial da marca nasceu em 2011.
Apesar da aparente demora em criar uma comunidade oficial, a Coca-Cola se notabilizou nos últimos anos de Orkut com sua campanha “Os bons são maioria”, ação que comemorava os 125 anos da marca. Os internautas podiam baixar um skin exclusivo da marca e colocá-lo em seu perfil.
Aliás, falando em comunidades oficiais, Casas Bahia e Nike, entre outras, também fizeram parcerias com o Google para a criação de páginas oficiais.
Outro que se destacava no Orkut era o parque Hopi Hari. A empresa dava certas exclusividades para os membros da comunidade, como quando o brinquedo Evolution voltou à ativa e os primeiros visitantes a encarar a atração foram os membros da maior comunidade do parque na rede social.
Vale citar também o case de Nescau. Os internautas não curtiram o sabor do produto em sua versão 2.0. O resultado? O próprio presidente da Nestlé à época enviou um e-mail para cada membro da comunidade avisando que o produto tradicional estaria de volta ao mercado.
Outra que teve de relançar um produto por causa da força do Orkut foi a Estrela. A marca trouxe de volta ao mercado o Ferrorama numa ação que envolveu o dono da comunidade do brinquedo no Orkut e fez o rapaz percorrer o Caminho de Santiago com o trenzinho.
A compra de comunidades também era algo que acontecia com certa frequência, mas que nunca era divulgado de forma clara. Notícias da época, por exemplo, relatam que o Grupo RBS (Rede Brasil Sul) teria comprado a comunidade “Eu amo Floripa!”, uma das primeiras aquisições divulgadas pela mídia.
Mas um dos cases de maior sucesso – e o mais emblemático – foi a promoção do lançamento do Mini Bis, da Lacta, disponível para ser “plantado” no jogo mais aclamado da era Orkut: o Colheira Feliz.
Isso porque o segredo para o sucesso de marcas no Orkut – e em qualquer rede social – era relacionamento. Mas nem sempre o relacionamento era real. Muitas agências e empresas apostavam nos fakes para criar discussões, divulgar projetos e campanhas. Outras entravam em contato com os donos de comunidades gigantes. Um dos internautas que se destacava na criação de comunidades era Mauricio Cid Fernandez Morais, o Cid do Não Salvo.
Quem trabalhou com social media na época áurea do Orkut lembra de mandar scrap para donos de comunidades em busca de parcerias. Entre scraps e blocks, o certo é que o Orkut vai deixar saudades no coração de muita gente.
* Com informações do Adnews, por Leonardo Araújo
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