Um dos reflexos da pandemia do novo coronavírus é a disseminação de notícias falsas, boatos e curas milagrosas que não têm base científica. As chamadas “fake news” se espalham tão rápido quanto o vírus pelas plataformas de comunicação digital. Desde que as primeiras informações sobre o coronavírus surgiram na China, no fim de 2019, uma série de notícias falsas a respeito da doença já foram espalhadas por aí.
Aqui no Brasil, o serviços de checagem do G1, portal de notícias da Globo, já identificou mais de 45 notícias falsas que circularam em grande escala por redes sociais e mensagens de WhatsApp.
Os boatos que são espalhados são variados. Podem ser inofensivos, como as clássicas previsões de Nostradamus, ou podem causar pânico, como as mensagens de que lojas e mercados estariam sido saqueados. As fake news também podem colocar em risco a população, ao receitar remédios caseiros e tratamentos sem comprovação científica para a doença.
Por isso, Facebook, Twitter, TikTok e WhatsApp estão adotando medidas para evitar que informações falsas espalhadas por suas redes possam colocar a vida das pessoas em risco. Veja abaixo como as principais plataformas estão buscando evitar a propagação de conteúdo falso sobre o novo coronavírus.
Twitter muda termos de uso
O Twitter anunciou em 18 de março uma série de mudanças em suas regras de moderação para remover as mensagens falsas e que colocam as pessoas em risco de contrair o novo coronavírus. Dentre os critérios para remoção automática das mensagens estão a negação de recomendações de autoridades de saúde, negação de fatos científicos estabelecidos, manipulação de dados e descrição de tratamentos prejudiciais ou medidas de proteção ineficazes.
No último fim de semana, por exemplo, duas mensagens no perfil oficial do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, foram removidas por estarem em desacordo com as novas regras aplicadas pelo Twitter.
Facebook investe em jornalismo
O Facebook anunciou um investimento de US$ 1 milhão para ajudar a Rede Internacional de Verificação de Fatos a aumentar sua capacidade de checagem de informações durante a crise. A maior rede social do mundo também implantou algoritmos para procurar promessas falsas ou sensacionalistas feitas em seus anúncios, como pessoas oferecendo tratamentos sem comprovação científica como prevenção ou cura para o vírus.
Além disso, nesta semana o Facebook anunciou que irá doar US$ 100 milhões para apoiar organizações de notícias que sofrem globalmente com a pandemia de coronavírus, citando a necessidade de informações confiáveis sobre a crise. De acordo com o anúncio da empresa, US$ 25 milhões serão concedidos em financiamento para notícias locais por meio da iniciativa já existente Facebook Journalism Project. Os outros US$ 75 milhões serão disponibilizados na forma de anúncios para organizações de notícias em todo o mundo.
Instagram direciona usuário para informações oficiais
O Instagram, que é controlado pelo Facebook, também adotou medidas para combater a desinformação. Quem procura por “coronavírus” no Instagram recebe a opção de buscar informações atualizadas em sites oficiais ou autoridades no assunto.
Aqui no Brasil, por exemplo, o Instagram indica o site do Ministério da Saúde. Isso foi feito para tentar reduzir o número de pessoas que compartilham informações não verificadas na plataforma. O app também está usando algoritmos para identificar e rastrear hashtags que são usadas com frequência em posts e stories que contêm informações enganosas.
WhatsApp educa usuários
Com mais dificuldade de monitoramento por conter mensagens privadas, o WhatsApp é um meio de transmissão de notícias falsas muito potente. Para balancear o volume de fake news que circula pelo mensageiro, o WhatsApp está testando uma nova funcionalidade em alguns mercados que permite que os usuários, ao clicar apenas um botão, façam uma pesquisa na internet para checar se o que foi recebido é verdadeiro ou falso.
Além disso, o mensageiro instantâneo também lançou, em parceria com a OMS, a Unicef e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, um hub com informações verificadas sobre o assunto. O hub tem áreas específicas com informações úteis para profissionais de saúde, educadores, líderes comunitários, organizações sem fins lucrativos, governos locais e empresas locais.
TikTok aposta na educação
O TikTok, rede social que é febre entre os mais jovens e os nem tão jovens assim, anunciou uma parceria de conteúdo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), incluindo transmissões ao vivo com especialistas que respondem a dúvidas dos usuários. Da parceria com a OMS surgiu uma página dentro do TikTok que oferece informações confiáveis, dicas sobre como permanecer seguro e impedir a propagação do vírus e dissipa mitos sobre o COVID-19.
A nova página que concentra as informações sobre a pandemia pode ser acessada através do guia Descobrir no aplicativo. O conteúdo também aparece entre os principais resultados quando os usuários pesquisam tópicos relacionados ao coronavírus. O TikTok também está adicionando um link à página em vídeos que podem estar relacionados ao coronavírus para lembrar os usuários que consultam fontes confiáveis sobre a pandemia.
O lado bom das redes sociais
Apesar de as redes sociais serem usadas para disseminação de fake news, nem todo conteúdo que é consumido por lá é nocivo. As plataformas também são usadas por fontes confiáveis, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), para a divulgação de informações oficiais e métodos eficazes de prevenção da doença.
Além disso, em tempos de distanciamento social e quarentena, as redes sociais também oferecem um canal importante para as pessoas se conectarem e manterem relacionamentos, o que é muito positivo para a saúde mental e o bem-estar psicológico.
Outra faceta positiva das redes em momentos de crise é o fato de as plataformas serem usadas para conectar pessoas em busca de um bem maior, seja fazendo “vaquinhas” para ajudar quem necessita, seja reunindo informações sobre como se envolver em iniciativas de voluntariado. Um exemplo é o perfil do Instagram “Como Ajudar”, que cataloga as maneiras de como ajudar a quem precisa em meio à quarentena.
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