Estar nesse lugar de “pioneira” na minha área e difundir a Antropologia aplicada às empresas no Brasil é uma árdua tarefa. Imagino que para muitos novos profissionais artistas, designers ou modernos empreendedores e freelancers de modo geral seja assim também.
No dia a dia nos vemos em maus lençóis quando o assunto é cobrar por um serviço intelectual.
Qual a medida do nosso repertório teórico-analítico desenvolvido há anos? Como mensurar lucros e entregas? Como fazer entender que para ser o que somos hoje vivemos uma caminhada longa de muita dedicação e resiliência? Igual a propaganda do cartão de crédito, não tem preço, porque somos motivados pelo tema, pelo desafio, pela descoberta. O dinheiro é para pagar boletos, mas nosso envolvimento vai muito além da moeda, acredite.
Fala-se muito em inovação, mas quando trazemos algo novo sempre é percebido como um risco. Se sempre há ameaças no mundo dos negócios, por que a contratação de algo inovador seria diferente?
De fato, confesso que sou paciente e eu estou a postos para provar que a Antropologia do Consumo é sim um canal de inovação de repertório contínua e imensurável, o conhecimento é a maior estratégia dos últimos tempos.
No entanto, ainda encontramos tomadores de decisão que ainda buscam o mágico, o explosivo, a estonteante solução terceirizada, aquela que irá de forma prática resolver todos os problemas dele, as pessoas ainda buscam ATALHOS.
Não é de hoje que venho escrevendo e relatando o que tem acontecido no mundo do trabalho onde o serviço consultivo é colocado em xeque. Dia desses recebi feedback de um possível cliente com a seguinte mensagem “se sobrar budget te chamo”, fiquei pensando sobre ser um profissional “se sobrar”.
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Se sobrar eu te contrato, se sobrar eu te pago, se sobrar eu chamo, se sobrar você palestra, se sobrar eu pago o seu transporte, se sobrar eu arco com os custos. Enfim, um mar de possibilidades com a prerrogativa “se sobrar”.
Fiz um exercício de uma simples inversão de papéis. Como seria se as empresas recebessem esse tipo de resposta? “Se sobrar tempo eu te atendo”, “se sobrar interesse eu faço o job”, “se sobrar espaço eu consigo abrilhantar o seu evento”, “se sobrar oportunidade eu te auxilio”, “se sobrar prazo eu te ajudo”.
Nada gentil certo?
É preciso pensar em possibilidades contemporâneas de relação contratante e fornecedor. Respeitar nossa formação é dar um passo a frente para o que estamos construindo, se aproximar dos contratados e de suas metodologias com mais afinco e menos relação passiva de compra e venda. Acredito que o processo intelectual deve ser compartilhado.
Minha dica é: encontrou um profissional brilhante? Cole nele e aprenda! Negocie de forma justa e se surpreenda com uma mente genial que lhe trará muito mais que atalhos. Invista nas ideias e não em soluções rasas.